Economia Titulo Previdência
Vitalidade na 3ª idade
tem patrocínio de bancos

Corridas, arte e dança estão entre as ações para
os idosos que recebem apoio das instituições

Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
28/09/2013 | 07:24
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Claudinei Plaza/DGABC


Se dependesse de Antônio Lopes dos Santos, 85 anos, as farmácias de São Bernardo, onde mora, já estariam de portas fechadas. “Raramente tomo remédios. Não uso nenhum de uso contínuo. Acredito que devo essa saúde toda ao hábito de correr e ao incentivo que participar de corridas dá”, conta o metalúrgico aposentado, que já participou de mais de 500 corridas e coleciona medalhas.

Ele trabalhou na construção da fábrica da Volkswagen e em 1958, já metalúrgico, foi admitido para a linha de produção da Kombi. Dos seus contemporâneos, ele está entre os mais ativos ainda hoje. “Da turma antiga, muitos já se foram, e os que ainda estão neste mundo estão uns cacarecos”, diz Santos, que explicou a razão para a decadência física de muitos dos que têm – ou teriam – a sua idade. “Eles vinham com a história de que já tinham trabalhado muito nesta vida e passavam o tempo todo no bar jogando dominó, comendo petiscos e bebendo.”

Ao contrário da turma do boteco, Santos usou seu tempo livre para se fortalecer por meio dos exercícios. Logo que se aposentou, em 1983, com 55 anos, começou com caminhadas. Depois, foi ficando ambicioso e começou a treinar corrida, de olho na São Silvestre. Treinava sem técnico nem orientação, mas foi ficando mais seletivo com a alimentação. Em 1991, aos 63 anos, começou a competir e não parou mais. Nos próximos dois fins de semana, ele vai participar de quatro corridas, dentre as quais a etapa paulistana do Circuito da Longevidade Bradesco Seguros. Em quase todas ele vai com o mesmo grupo de amigos, que são todos mais novos que ele, com 77, 72, 52 e 46 anos de idade.

O interessante é que, segundo o corredor octagenário, até nos eventos direcionados para a terceira idade a competitividade não diminui. “Ninguém vai só pela festa. A gente quer é completar a prova num tempo bom.”

Os participantes do Circuito Popular de Corrida de Rua, série de eventos promovida pelo Diário, também não diminuem o gás por causa da idade. “Na verdade, o número de maiores de 60 anos que participam é cada vez maior”, diz o gerente de novos negócios, Carlos Serrão, um dos coordenadores do projeto. Para incentivar ainda mais os veteranos a participar das corridas que ocorrem nas sete cidades, as inscrições para os maiores de 60 anos têm desconto de 50%.

ATIVIDADE - Tirar os idosos do pijama e colocá-los no centro das atenções é um desafio que mobiliza grandes marcas. Um dos exemplos pioneiros de investimento no relacionamento com a terceira idade é o Prêmio Talentos da Maturidade, criado nos anos 1990 pelo antigo Banco Real e que foi mantido depois da aquisição pelo Santander. “É com muita satisfação que chegamos à 14ª edição do Talentos da Maturidade. Realizamos algumas mudanças para deixar o concurso ainda melhor e com mais qualidade. Estamos certos de que as etapas regionais serão muito importantes para os participantes. Também é uma forma de valorizarmos localmente a produção artística”, diz Marcos Madureira, diretor executivo de comunicação, relações institucionais e sustentabilidade do Santander.

As inscrições para o Talentos da Maturidade estão abertas até amanhã, dia 29. Em 2013, o concurso inaugura seu formato bienal e traz, como novidades, etapas e premiações regionais. Além disso, mais uma categoria foi criada. Além de artes plásticas, fotografia, literatura, e música vocal, partir de agora, os participantes poderão mostrar seu talento também na dança. Ao todo, serão distribuídos R$ 170 mil em prêmios. Desde que foi criado, o Talentos da Maturidade já recebeu 120 mil inscrições e premiou mais de 300 trabalhos.

O interesse de bancos como o Bradesco e o Santander em se aproximar dos seus clientes com data de nascimento mais antiga se justifica. Além de já terem patrimônio e de receberem aposentadoria ou pensão mensais, os mais velhos são bons clientes para empréstimos consignados, seguros e, no caso dos mais endinheirados, investimentos. Além disso, segundo os especialistas em marketing, os idosos tendem a ser clientes mais fiéis.

“Acho que os bancos querem a gente mais ativo porque quem tem saúde consome mais”, diz Santos, que tem uma coleção de tênis de corrida de que ele trata pessoalmente. Dona Terezinha, sua mulher, agradece. 




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