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Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

IED e remessa de lucros de 2006 a 2018
Por Gisele Yamauchi
Gustavo Kaique de Araújo Monea*
12/07/2019 | 07:19
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Em maio de 2019, a consultoria norte-americana A. T. Kearney publicou o mapa dos países que mais atraem IEDs (Investimentos Externos Diretos) no mundo. O Brasil, que há anos seguidos constou na lista dos 25 países que mais atraem IED, deixou de fazer parte. Isso motivou nosso trabalho, publicado no Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano), no qual resgatamos o comportamento dos IEDs recebidos e dos lucros e dividendos remetidos ao Exterior no caso brasileiro, no total e por setores (agricultura, pecuária e extrativa mineral; indústria e serviços) entre 2006 e 2018.

Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (2019), o IED é a movimentação de capitais internacionais com objetivos de investimento de empresas ou indivíduos no Exterior que criam ou adquirem operações em outro país. O IED envolve fusões e aquisições, construção de novas instalações, reinvestimento de lucros auferidos em operações em outros países e empréstimos intercompany (entre empresas do mesmo grupo econômico). Entre os benefícios do IED estão: a transferência de competências e desenvolvimento; a transferência de tecnologia; o acesso a redes de marketing internacionais e à fonte de financiamento externo; o efeito de transbordamento na economia doméstica; o desenvolvimento da infraestrutura; a maior produtividade e rentabilidade; e a geração de riquezas e empregos.

Observam-se oscilações no IED entre os anos de 2006 a 2018, há quatro momentos que se destacam: a) o volume de IED dobrou entre os anos de 2006 e 2008; b) a queda no valor do IED no ano de 2009, como um reflexo da crise do subprime nos países centrais; c) a recuperação no valor do IED em 2011, momento em que os países emergentes passaram a se destacar no cenário internacional e a economia brasileira estava aquecida; d) uma queda brusca de 23,5% do IED entre os anos de 2017 e 2018, período em que a economia do já estava em recessão e no qual o País também passou por eleições presidenciais em 2018.

Em termos de participação de cada setor no total do IED recebido pelo País houve, entre 2006 e 2018, aumento da participação do IED na agricultura, pecuária e extrativa mineral (de 6,8% para 18,5% no total) e a queda dos setores indústria (de 37,2% para 36,3%) e serviços (de 56% para 45,2%). O IED no setor agrícola, pecuária e extrativa mineral passou de US$ 1,5 bilhão em 2006 para US$ 8,5 bilhões em 2018; na indústria, de US$ 8,4 bilhões para US$ 16,7 bilhões; e nos serviços, de US$ 12,7 bilhões para US$ 20,8 bilhões.

No que se refere às RLD (Remessas de Lucros e Dividendos) remetidos ao Exterior, entre os anos de 2006 e 2018, há quatro momentos que se destacam: a) o volume de RLD remetido a outros países aumentou em 116,5% entre 2006 e 2008; b) houve uma queda de 29,5% no valor de RLD remetido ao exterior em 2009 (levantando-se aqui a hipótese de que uma parte do lucro das empresas ficou retida no Brasil para ser reinvestida, pois a economia brasileira estava aquecida; c) a retomada no envio de lucros e dividendos ao Exterior (aumento de 78,1%) em 2010, como reflexo do socorro das subsidiárias brasileiras às matrizes dos países centrais; d) redução de 17,5% nas RLDs de 2016 a 2018, período em que a economia do país já estava em recessão e que também passou por eleições presidenciais em 2018.

No caso específico do subsetor de veículos automotores, reboques e carrocerias – subsetor este no qual as empresas do Grande ABC, destaca-se o IED de 2009 (US$ 2,1 bilhões). Ao comparar o IED de 2006 (US$ 0,3 bilhão) e 2018 (US$ 4,5 bilhões), verificou-se aumento de 1.459,7%. Já os envios desse subsetor, ao se comparar os anos de 2006 (US$ 1,4 bilhão) e de 2018 (US$ 500 milhões), verifica-se uma queda de 63,2%. Por outro lado, as elevadas remessas de lucros dos anos de 2008 (US$ 5,8 bilhões), 2010 (US$ 5,7 bilhões) e 2011 (US$ 4,8 bilhões) podem também ser um reflexo da crise mundial do subprime de 2008. Neste caso, os lucros remetidos pelas subsidiárias brasileiras teriam ajudado a socorrer as empresas matrizes que se encontravam em grande ‘sufoco’ financeiro.


* Mestrandos e pesquisadores do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano)




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