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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Turismo
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Olímpia
Aeroporto encurta distância ao paraíso

A cidade pretende receber grandes voos comerciais até 2026 e expandir atrações turísticas

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
21/11/2019 | 07:00
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Divulgação


Se você ainda não conhece Olímpia porque não tem coragem de encarar os 460 quilômetros que separam a cidade e o Grande ABC, seus problemas estão perto do fim. Como parte de plano para solidificar o município como o principal destino turístico do Estado, a cidade planeja construir em até seis anos aeroporto de grande porte para facilitar o acesso às águas termais e às várias outras atrações previstas para serem inauguradas em breve na Orlando brasileira.

O local onde será construído o aeroporto está definido, fica a 20 quilômetros do Centro de Olímpia e a 30 quilômetros de São José do Rio Preto. Agora é preciso definir o modelo da obra, se será construída pelo poder público ou pela iniciativa privada. “Contratamos o estudo, especialista fez análise regional da construção de um aeroporto e das nossas necessidades. O custo será de R$ 200 milhões”, comentou o prefeito Fernando Cunha (PR).

Hoje, o aeroporto mais perto de Olímpia fica na vizinha São José do Rio Preto, mas é pequeno e só consegue receber aviões de porte médio. Além disso, fica a quase 70 quilômetros do Centro de Olímpia. Por conta disso, apenas 3% dos visitantes da cidade utilizam esse meio de transporte. A expectativa é que, em funcionamento até 2026, Olímpia receba cerca de 800 mil operações aeroviárias já no primeiro ano. “Precisamos de aeroporto que atenda nossa demanda. Já temos local sem influência na zona urbana, que não causa impactos ambientais em área de preservação e que pode receber voos internacionais”, argumentou Cunha.

NOVIDADES
Além do aeroporto, Olímpia vai ganhar novas atrações para segurar o turista cada vez mais na cidade. O plano de expansão do turismo é compartilhado pelos três principais grupos que operam na cidade: o Thermas dos Laranjais, o Ferrasa, dono do Hot Beach e dos complexos hoteleiros Thermas Park e Celebration, além do Grupo Natos, responsável por levar atrações de Gramado (Rio Grande do Sul) para a cidade, como o recém-inaugurado Vale dos Dinossauros, além dos resorts Solar das Águas e Olímpia Park, ambos em construção, o Museu de Cera e o Bar de Gelo, os dois últimos com previsão de entrar em funcionamento já no primeiro semestre de 2020.

Outra aposta que está sendo bancada pelos empresários locais é a construção de um centro de convenções de grande porte para atrair novos investidores. “Todos os grupos estão em volta do projeto. Difícil encontrar isso em outra cidade. Isso é um dos diferenciais de Olímpia. Claro que cada grupo tem suas peculiaridades, mas andam juntos em prol do fomento do turismo do município”, elogiou o CEO do Grupo Natos, Rafael Almeida, que também está por trás da ida do Museu do Corpo de Bombeiros para a cidade.

NÚMEROS DO TURISMO
Com 54.772 habitantes, Olímpia conta com 22 hotéis e 55 pousadas, que oferecem exatos 22.794 leitos. Para se ter ideia, em 2016 eram apenas 9.776 camas, ou seja, crescimento de incríveis 133% em três anos. Tendo em vista os resorts em construção na cidade, esse número vai saltar para 58 mil leitos em 2025, ou seja, o município terá mais leitos do que moradores.

Atualmente, Olímpia recebe mais de 2,1 milhões de visitantes todos os anos, o que representa 11% dos turistas que visitam o Estado de São Paulo. A previsão da prefeitura é que esse número chegue a 3,5 milhões já em 2022 e alcance 6 milhões até 2024. Curioso é que nos dados oficiais, entre as cidades que mais visitam o local estão três do Grande ABC: Santo André, São Bernardo e Mauá, além de São Paulo, Guarulhos e Campinas. Os turistas ficam, em média, quatro dias no destino, outro dado bastante significativo para o setor.

Município espera por centro de compras

Ao andar por Olímpia, a impressão é a de que se trata de município em construção. Não é para menos. Resorts gigantescos estão sendo erguidos ao lado dos parques aquáticos e a cidade, fundada em março de 1903, vai melhorando sua infraestrutura para receber cada vez melhor os visitantes. Superada a construção do aeroporto, um dos grandes desafios, segundo o CEO do Grupo Natos, Rafael Almeida, é atrair para o local algum shopping ou outlet.

“Não tenho dúvida nenhuma de que o empreendimento que chegar primeiro vai faturar muito em Olímpia. Precisa de um shopping ou de um outlet. Temos de criar atrativos para que o turista permaneça ainda mais na cidade (em média, as famílias ficam quatro dias no município)”, destacou o empresário.

Rafael foi o responsável por trazer para Olímpia o Vale dos Dinossauros, que inaugurou em agosto. Instalado em área de 10 mil metros quadrados, o local tem 38 animais animatrônicos, com destaque para o famoso tiranossauro rex, um dos mais cultuados e temidos que já passaram pela Terra. Importadas dos Estados Unidos e Ásia, todas as réplicas se movimentam, emitem sons e até respiram, criando uma experiência mais realística. O próximo passo do empresário é inaugurar no primeiro semestre de 2020 o Bar de Gelo e o Museu de Cera, que são atrações em parceria com o Grupo Dreams, de Gramado (Rio Grande do Sul). “Ainda temos outras novidades que não podemos falar por força de contrato”, despistou.

OUTRAS ATRAÇÕES
Pouca gente sabe que Olímpia é também a Capital do Folclore. A cidade conta com o Museu de História e Folclore Maria Olímpia, homenagem à afilhada do engenheiro Robert John Reid, um dos fundadores do município. Idealizado pelo professor José Sant’Anna, o local tem um dos acervos sobre folclore mais completos do País, com mais de 3.000 peças, além de locomotiva maria-fumaça, que de 1940 a 1950 ligava Olímpia e o resto do Brasil, promovendo o desenvolvimento econômico da região.

Como quase toda cidade do Interior, as igrejas também atraem atenção dos visitantes. São pelo menos duas em Olímpia. A São João Batista, que foi reconstruída há mais de 40 anos e tem um dos maiores vãos livres do Brasil, e a Matriz de Nossa Senhora Aparecida, que se caracteriza pelas pinturas internas na parede feitas em tinta a óleo. Vista de cima, é possível perceber que a igreja foi construída em formato de cruz.

Valiosa água quente vem do disputado Aquífero Guarani

Olímpia sobreviveu por décadas da agricultura, principalmente das plantações de cana e laranja. Até que perfurações da Petrobras em busca de petróleo na região mudaram para sempre o destino da cidade. Quando foi criada, em 1953, a estatal passou a fazer perfurações no solo em várias cidades brasileiras. Lá encontraram algo tão valioso quanto a matéria-prima: água quente. Em um primeiro momento, o furo foi ignorado e só a partir de 1980 a preciosidade passou a ser explorada.

Mistério para muitos, a água quente que brota do chão na verdade vem do Aquífero Guarani, segundo maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta – atrás apenas do Aquífero Alter do Chão, recentemente descoberto e que passa por Amazonas, Pará e Amapá. Com extensão de 1,2 milhão de quilômetros, atravessa Uruguai, Argentina e Paraguai, mas 70% estão sob território brasileiro.
<EM>O volume de água que tem ali é imensurável, mas estima-se que seria suficiente para abastecer a população brasileira por 2.500 anos, principalmente porque tem a capacidade de recarregar até 160 quilômetros quadrados por ano de acordo com as chuvas.

Com toda essa riqueza embaixo do solo, grupos de fazendeiros e empresários resolveram aproveitar a perfuração da Petrobras e criaram, em 1987, clube para moradores de Olímpia desfrutarem das águas quentes. A fama do local foi crescendo até que, em 2000, o local passou a ser chamado Thermas dos Laranjais, que se transformou no maior parque aquático do Brasil – quarto mais procurado do mundo –, com mais de 2 milhões de visitantes por ano.

Passeio é bem prazeroso mesmo de carro

Apesar da distância, a ida até Olímpia pode ser prazerosa mesmo de carro. Da região até lá são quase seis horas direto pela Rodovia dos Bandeirantes, mas é recomendada pelo menos uma parada, principalmente para quem viaja com criança. A sugestão é esticar a perna no Porco Caipira, que fica em Ibaté, pouco mais da metade do caminho. Lá é servido pão com linguiça caseiro e a preço justo, além de oferecer variedade de doces de leite. Na volta, o Shopping Serra Azul, em Itupeva, é ótima alternativa pelas opções de locais de alimentação.

Além do combustível, é preciso colocar na ponta do lápis na hora de calcular o custo da viagem o valor do pedágio. São R$ 157,80 – ida e volta. Será preciso também reabastecer em Olímpia e, por lá, o preço dos combustíveis é similar ao do Grande ABC.

Olímpia é conhecida por ter duas temperaturas: quente e muito quente. Mesmo no inverno, dificilmente o turista enfrenta menos de 20ºC. Esse é um dos diferenciais da cidade, que oferece turismo o ano todo. Como a água termal dos parques e dos resorts é naturalmente quente, o clima, mesmo mais fresquinho, não é problema.

Quem pretende visitar os parques aquáticos é bom se preparar com o kit básico, composto por protetor solar e muita água. Outra dica é chegar cedo para evitar filas e conseguir se posicionar no melhor lugar.

O Thermas dos Laranjais é gigantesco, o que exige preparo físico para ir em todas as 50 atrações. O ideal é reservar dois dias de visita. Chamam atenção as piscinas inusitadas, como a primeira de surfe do mundo. Outra muito procurada é a de ressurgência, que é a junção das águas termais com sais minerais, que proporciona intenso relaxamento e impede que a pessoa afunde. Tem ainda a conhecida como Mar de Israel, que simula as mesmas condições do Mar Morto, com alta concentração de sal na água. Neste caso, o problema é entrar com ferimento, que provoca ardência instantânea, mas ajuda na cicatrização. O valor do ingresso é R$ 100 de segunda a sexta e R$ 120 aos sábados e domingos. Crianças de 1 a 6 anos pagam R$ 10.

Já o Hot Beach é menor, com projeto paisagístico inspirado nos grandes resorts. Ideal para quem busca relaxar em ambiente agradável. Um dos diferenciais é o mar com ondas artificiais e areia de verdade, além do rio lento, no qual os visitantes percorrem com boia e passam por paisagens deslumbrantes. O ingresso custa R$ 110, enquanto que para criança de até 6 anos é gratuito.

A disputa pela água do aquífero, no entanto, foi parar na Justiça. A prefeitura de Olímpia diz que o Thermas dos Laranjais tem autorização desde a década de 1980 para explorar o furo da Petrobras. Na sequência, os resorts e o outro parque aquático da cidade, o Hot Beach, também tiveram permissão para perfurar o aquífero. Para regularizar o uso da água, tramita na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) do Senado a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 43, que pretende transferir a titularidade à União. 




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