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Expansão global aumenta força de jornais locais
Wilson Marini
15/10/2018 | 07:00
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Canção de Nelson Motta e Lulu Santos nos anos 1990 dizia aos quatro cantos do planeta: “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia”. Era a década de uma nova percepção. O mundo tomou consciência da globalização e passou a discutir as vantagens e desvantagens das novas tendências para as pessoas, as cidades e os países. Os efeitos da globalização sobre a vida das pessoas, com seus pró e contra, foram debatidos. E a conclusão é a de que, por mais que o processo se acelere mundialmente, e as relações entre as pessoas, empresas e instituições sejam interdependentes, os valores regionais são cada vez mais importantes como referência das pessoas e até mesmo para as soluções globais, pois é nas cidades que ocorre a ação concreta. Nesse contexto, aumenta cada vez mais a importância da imprensa local, graças ao seu papel de integração e mediação desse novo mundo.

Aventura humana

A maior aventura humana pela descoberta do mundo global se deu no século 15 com a descoberta da América por Colombo. No fim da Idade Média, e ainda na metade do século 20, a grande maioria da população vivia no campo, trabalhando a terra e criando os animais. A telefonia celular, a internet e as constantes viagens mudaram os paradigmas. Materialmente, as pessoas evoluíram e ampliaram-se o conforto, as possibilidades de lazer e a expectativa de vida. A globalização transformou a face das cidades e de todo o planeta “numa coisa nunca vista antes”, segundo a definição do economista japonês Keinichi Ohame, autor do livro O Fim do Estado Nação.

Laços afetivos

É uma mera abstração a figura caricata de um ser humano universal padronizado e sujeito à mesma lógica, aos valores e aos gostos. O filósofo Alberto Oliva diz: “Somos preferencialmente definidos como cidadãos de um país, membros de uma família, funcionários de uma empresa etc. Temos laços afetivos com a terra onde nascemos e criamos vínculos emocionais com os grupos a que pertencemos”.

Poder local

O sociólogo e urbanista espanhol Manuel Castells defende que pensar em termos globais torna as questões muito abstratas. “É preciso pensar localmente, começando por discutir quem você é, onde você vive, o que é que você quer fazer, qual a sua identidade e qual a sua história”, diz ele. “Só depois de bem claras e enraizadas, essas respostas podem começar a agir para ter mudanças globais, a partir dos interesses e valores individuais, com a consciência de que o resultado último dessas ações vai afetar o global, mesmo que muitas vezes isso seja um processo de passo a passo e de vitórias em batalhas locais.”

Desafio na Saúde pública

Com as dificuldades na gestão da Saúde pública no País, vem crescendo diariamente o número de ações na Justiça por falta de fornecimento de medicamentos. O último relatório a respeito, emitido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), identificou que as ações foram mais de 312 mil apenas em 2016. De lá para cá, a demanda aumentou ainda mais. Os municípios, por meio de suas prefeituras, por serem os entes mais próximos do cidadão, são os mais notificados pelos órgãos controladores. Na linha final, a responsabilidade é do prefeito e os gestores da área.

Demanda crescente

Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), os gastos cresceram 1.300% devido às demandas judiciais por fornecimento de medicamentos entre 2008 a 2015. Segundo o Ministério da Saúde, no período de 2010 a 2016, as despesas com o cumprimento de decisões judiciais para a aquisição de medicamentos saltaram de R$ 70 milhões para R$ 4,5 bilhões. O sinal amarelo já foi dado; as ações judiciais podem inviabilizar a gestão municipal em alguns casos.

Na berlinda

Além do desafio financeiro, existe a preocupação em relação à crescente criminalização dos gestores municipais de Saúde. Estes estão sujeitos a sanções como a decretação de prisão e bloqueio de bens pelo descumprimento de determinações judiciais que obrigam o fornecimento de procedimentos e medicamentos.




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