Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

O Brasil que o Brasil largou
Carlos Brickmann
10/01/2018 | 07:00
Compartilhar notícia


Há territórios, no Rio, em que a polícia só entra com apoio das Forças Armadas. Há áreas, em São Paulo, em que o governo garante que a polícia entra, mas onde não entra, não. Em todo o País, há glebas ocupadas pelos movimentos dos ‘sem-alguma-coisa’, com reintegração de posse concedida pela Justiça, em que a polícia não entra. E há o caso mais escandaloso, que agora ocorreu em Goiás: a presidente do Supremo Tribunal Federal, um dos três poderes da República, tinha decidido visitar o presídio dos motins. Mas desistiu: segundo sua assessoria, “por questões de segurança”.

A ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça, tem segurança, pode convocar a Polícia Federal, estava com o governador Marconi Perillo, que tem sob seu comando a Polícia Militar de Goiás. Há a guarda do presídio. E a ministra não pôde entrar. A 200 quilômetros da Capital Federal, onde fica o comando das Forças Armadas, o presídio não obedece às autoridades: é exercido por facções do crime organizado, que decidem entre si, pelas armas, quem manda naquela área que, como nos foi ensinado, e até agora acreditávamos, pertencia ao Brasil.

O governador Perillo garantiu que a ministra não conversou com ele a respeito da visita ao presídio; e, se quisesse ir, “teria absoluta segurança para fazer a visita”. Sua excelência só esqueceu de combinar com a equipe da ministra, cuja versão é outra. Em quem o caro leitor prefere acreditar?

Quem pode, pode
Os poderes Executivo e Judiciário não conseguiram garantir o acesso da presidente do Supremo Tribunal Federal a uma prisão goiana onde quem manda é o crime organizado (qual facção? Isso está sendo decidido com muito sangue). E o Poder Executivo acaba de descobrir que não tem poder nem para nomear ministros sem receber ordens de fora: o juiz federal Costa Couceiro, da 4ª Vara de Niterói, suspendeu a nomeação da ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, obrigando o governo a adiar a posse. Adiar ou desistir: o recurso foi rejeitado pela segunda instância. Mas Temer garantiu que vai até o Supremo para manter a nomeação. Tudo, menos largar o osso.

A causa do bem
Por que insistir tanto em Cristiane Brasil, que não tem grande presença como deputada nem se notabilizou por vastos conhecimentos na área do trabalho? Simples: Cristiana é filha do deputado Roberto Jefferson, chefão do PTB, que tem 20 votos na Câmara – votos que podem ser essenciais na votação da reforma da Previdência. Como comentou um assíduo leitor desta coluna, Alex Solomon, a negociação sobre a reforma da Previdência segue conforme a rotina: “É pagar ou largar”.

Dia D – ou quase D
Com manifestações ou sem elas, sejam favoráveis ou contrárias, e seja qual for o resultado do julgamento, o ex-presidente Lula não será preso no dia 24 de janeiro. De acordo com a assessoria de imprensa do TRF-4, onde deverá ser julgado o recurso de Lula contra a condenação em primeira instância, um condenado só pode ser preso depois de esgotados todos os recursos no segundo grau. Mesmo que nenhum juiz peça vista do processo, o que adiará a decisão até seu voto ser proferido, e Lula seja condenado por unanimidade, há a possibilidade de embargos de declaração, em que a defesa pede esclarecimentos sobre a sentença. Se houver prisão, só depois.

Válvula de escape
A notícia é excelente para o PT, que inicialmente ameaçava promover manifestações em todo o País (alguns dirigentes do partido, incluindo José Dirceu, falavam até em revolta). Depois reduziu as manifestações a duas, uma em São Paulo, outra em Porto Alegre, e estava em dificuldades para assegurar que as duas tivessem público ao mesmo tempo. Transporte, comida e hospedagem, mais o cachezinho dos voluntários, exigem quantias que hoje as centrais sindicais têm dificuldades de levantar, sem o imposto sindical e com a dramática redução das bancadas e cargos públicos do PT.

O incrível Huck
Luciano Huck, da Globo, apareceu no programa do Fausto Silva, como tantos astros da Globo. Se Huck será candidato, não se sabe. Ainda não é.

Hora H
O deputado Jair Bolsonaro, que até agora navegou tranquilo no mar sem candidatos das eleições presidenciais, está prestes a fazer uma descoberta: a de que não tem tempo de televisão, seja qual for o partido pelo qual decida sair. Nos blocos de 30 segundos, terá direito a algo como meio segundo. E nos blocos de 12 minutos e 30 segundos, terá pouco mais de 12 segundos. Dá para repetir, sincopadamente, por cinco vezes, a frase “Militar é bom, civil é ruim”.

Desembarque
Não dá tempo nem para responder à reportagem sobre o crescimento de seu patrimônio. O parco horário de que disporá não é tão mau assim. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.