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Universo das mensagens anônimas
Tauana Marin
Diário do Grande ABC
06/08/2017 | 07:00
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Imagine você falar o que pensa de uma pessoa anoninamente. O objetivo é escrever coisas construtivas sobre ela, mas nem sempre isso acontece. É exatamente essa a proposta do aplicativo da ‘moda’, o Sarahah. Disponível no app para Android e iOS, essa ferramenta simples de ser utilizada também foi desenvolvida para quem preferir acessar a página pela web.

Esta não é a primeira vez que um aplicativo ‘brinca’ com o anonimato. Eduardo Zamborlini, coordenador de mídias digitais do Colégio Singular, lembra do Secret, que funcionou por 16 meses e conseguiu público de 15 milhões de usuários. Ele foi encerrado em abril de 2015. Na ocasião, as pessoas publicavam ‘segredos’ sem se identificar. “Assim como o novo Sarahah, o Secret virou uma febre, mas por poucos meses. Talvez essa novidade siga os mesmos passos. No começo é legal, mas depois as pessoas querem saber quem é o dono dos comentários. Além disso, é preciso estar preparado para ler coisas boas e ruins.”

O docente também lembra dos cuidados que se deve ter ao entrar na brincadeira. “Aplicativos ou redes sociais seguem a mesma regra, mas as pessoas esquecem. Essas ferramentas precisam ser meios de comunicação, não de exposição. Cuidado com fotos e divulgação de hábitos e atividades. Não se sabe quem está do outro lado.”

André Correia, psicólogo clínico de São Bernardo, também compartilha que o anonimato na web não é novidade. “Desde seus tempos mais remotos, as pessoas se escondem em nicknames, avatares, fakes e afins. Estar atrás de um personagem nos permite viver ‘realidades paralelas’, inventar histórias que gostaríamos de viver e experimentar personalidades. O anonimato é uma porta para a fantasia e para dar vazão de forma velada a características da nossa própria personalidade.”

Ainda segundo o especialista, é normal que ferramentas como essa despertem o interesse de jovens, principalmente, já que estão em fase de descobertas, ‘buscando conhecer novas sensações’, além de ter curiosidade de saber o que os outros acham deles.

Mesmo tendo conhecimento de que nem todas as mensagem possam ser positivas, para o estudante Matheus Morgado Mantovan, 15, de Santo André, participar da rede vale a pena. “Muitas vezes as pessoas sentem vergonha de dizer certas coisas para nós, e gostaria de ter esse retorno. Já entrei pela internet, fiz comentários e agora já estou me cadastrando para fazer parte da rede. Quando eu enjoar é simples, vou sair.”

Correia explica que quando se oferece o anonimato, os aspectos sombrios podem vir à tona sem o medo de ser responsabilizado. “Assim como um grupo que comete ataque, o indivíduo perde a sua identidade pessoal e essa se funde ao anonimato de um grupo ou, neste caso, à obscuridade da dúvida.” Quando não há identificação, não há culpados ou responsáveis para isso. “Tudo precisa ser usado com moderação, de forma consciente”, reintera o coordenador de mídias digitais.

(Colaborou Luis Felipe Soares)  




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