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São Caetano não desistiu

Passados os momentos da primeira tentativa de São Caetano de lutar pela sua autonomia, em 1928 – tentativa inicial infrutífera – a chama emancipacionista sobreviveu, com uma nova geração, a que seria vitoriosa, em 1948

Por Ademir Médici
21/10/2017 | 07:17
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“São Caetano estava abandonado. Era só produzir, produzir, produzir... E vamos lembrar: como diretor da Cerâmica São Caetano, o Dr. Pellegrino calçou muitas ruas da velha São Caetano. Sem ser prefeito. Sozinho ele fez mais por São Caetano do que a Prefeitura de Santo André.”

Cf. Geraldo Plates, durante mesa-redonda com os autonomistas de São Caetano realizada no Diário em 1977 – e já lá se vão quatro décadas, meus amigos.

Passados os momentos da primeira tentativa de São Caetano de lutar pela sua autonomia, em 1928 – tentativa inicial infrutífera – a chama emancipacionista sobreviveu, com uma nova geração, a que seria vitoriosa, em 1948. Mas não foi fácil. E alguns aspectos jurídicos e políticos ficaram registrados na mesa-redonda que o Diário realizou em 1977.

E se não houvesse o plebiscito?
Depoimento: Antonio Sylvio da Cunha Bueno

A figura jurídica do plebiscito nasceu em 1947, quando São Paulo elaborou sua carta constitucional.

O Brasil saia de um período de longa ditadura. Em 1946 foram realizadas eleições no plano federal, que deram vitória ao presidente Dutra. E em 19 de janeiro de 1947 foram realizadas eleições nos Estados para a formação das Assembleias Legislativas.

A Assembleia Legislativa de São Paulo se transformou em Constituinte, já que havia necessidade de uma nova Constituição para o Estado, Constituição esta que foi promulgada em 9 de julho, uma data-reminiscência da Revolução de 1932.

A partir de 9 de julho desaparece a Assembleia Constituinte e ficamos com uma Assembleia Legislativa normal.

A emenda do plebiscito foi de um deputado eleito pelo Partido Comunista – naquela época o PC estava legalizado, elegendo 11 deputados estaduais em São Paulo.

O plebiscito tinha uma grande repercussão internacional. Tudo passava a se resolver por plebiscito. Com ele nascia as chapas branca e preta, influência também dos comunistas, que defendiam o princípio de que o analfabeto deveria ter uma participação maior nas decisões das vidas dos municípios, estados e da Nação.

Se não tivéssemos o mecanismo do plebiscito, muito provavelmente São Caetano e outros distritos e subdistritos não teriam alcançado a emancipação em 1948.

Em 1947, São Caetano, subordinado a Santo André, tinha dez representantes numa Câmara de 31 vereadores. E desses dez, seis se mantiveram fiéis à sede, com apenas quatro se manifestando abertamente a favor da criação do município de São Caetano.

Sem o plebiscito, a maioria parlamentar da Câmara de Santo André teria vetado, no nascedouro, a pretensão de São Caetano e de muitos outros municípios.

NOTAS DA MEMÓRIA
Entre os deputados estaduais paulistas eleitos em 1947 estava um único representante da região, Armando Mazzo.

Mazzo nos legou uma cópia da primeira página da Carta Constitucional do Estado de São Paulo, em 1947, com autógrafos de vários parlamentares.

O mesmo Mazzo, já com o Partido Comunista posto na clandestinidade, liderou a chapa ‘Os Candidatos de Prestes’, que venceu as eleições municipais de Santo André em 1947. Os comunistas elegeram a maioria dos vereadores, pelo PST, mas foram impedidos de assumir em 1º-1-1948.

Na plataforma dos ‘Candidatos de Prestes’ era defendida a emancipação de São Caetano.

SUGESTÃO
Que em 2018, por ocasião do 70º aniversário da autonomia de São Caetano, uma medalha seja entregue, simbolicamente, aos antigos comunistas, todos falecidos, pelo apoio que deram aos autonomistas de São Caetano e, em especial, pela luta em defesa do plebiscito, algo hoje totalmente incorporado à política brasileira.

Lembramos que o autonomista Mário Porfírio Rodrigues já se manifestou, publicamente, sobre a importância que os comunistas tiveram na vida política local no tempo da campanha autonomista de São Caetano em 1947 e 1948.

Semana da Autonomia de São Caetano
Hoje: entrega das Medalhas dos Autonomistas
Local: Câmara Municipal, Palácio dos Autonomistas
Endereço: Avenida Goiás, 600
Horário: a partir das 10h
Realização: a Semana da Autonomia de São Caetano é uma iniciativa do Gama (Grupo de Amigos do Movimento Autonomista), com o apoio da Prefeitura e Câmara Municipal.

Em 21 de outubro de...
1812 – O governo português estabelecido no Brasil, pelo seu príncipe-regente, Dom Pedro, oficializa a criação da Freguesia e da Paróquia de São Bernardo.
Paróquia e Freguesia não celebraram o seu cinquentenário (em 1862) nem o centenário (em 1912) nem o sesquicentenário (em 1962). Mas a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem (a pioneira Matriz de São Bernardo), com toda dignidade, celebrou o bicentenário em 2012.
1917 – Padre Francisco Navarro toma posse como vigário de São Bernardo. Veio transferido de Ribeirão Pires.
A guerra. Do noticiário do Estadão: quatro dirigíveis alemães abatidos na França.

Diário há 30 anos
Quarta-feira, 21 de outubro de 1987 – ano 30, edição 6578
Primeira Página – Operários da Autolatina decidem por paralisação. Holding controlava as fábricas Ford e Volkswagen no Brasil e na Argentina. Por ocasião do dissídio coletivo, a Autolatina oferecia reajuste salarial de 20,65%, contra os 65,9% pedidos pelos metalúrgicos.
Memória – Azulejos de Jayme Patrão. A coluna focalizava uma das paredes externas do grupo escolar Bartolomeu Bueno da Silva, decorada com 4.858 azulejos coloridos que formavam um desenho do patrono, obra do saudoso Patrão inaugurada em 28 de julho de 1954.

Municípios brasileiros
Celebram seus aniversários em 21 de outubro:
Na Paraíba, Alagoa Grande
No Maranhão, Amarante do Maranhão e São Benedito do Rio Preto
Em Goiás, Caldas Novas e São Luís de Montes Belos
No Ceará, Cedro e Tarrafas
No Rio Grande do Norte, Rafael Fernandes
Em Sergipe, São Domingos
No Paraná, São José da Boa Vista
Fonte: IBGE

Santos do dia
Ursula
Celina
Dásio

Nas ondas do rádio
Rádio ABC AM (1570) – Causas Nobres. Ao vivo, uma entrevista com representantes da Associação Aliança Luz, Enric Toledo e Marcelo Dantas. Produção: Luiz Carlos Gimenes; apresentação: Antonio Dalto. Hoje, às 10h.

Rádio Bandeirantes AM (840) e FM (90,9) – Memória. Um programa que será um deleite para todas as pessoas que se sensibilizam com facilidade com a boa música, especialmente as românticas, não importa em que idioma. Com vocês, Cauby Peixoto, como explica Milton Parron, produtor e apresentador:

Cauby contará muitas histórias de seus tempos de menino, de adolescente e de jovem sonhador com o estrelato no campo da música.

Recordará antigas canções que sua mãe cantarolava até que ele adormecesse, assim como se emocionará ao interpretar a Ave Maria de Gounot, que ele cantava no coral do Colégio Salesiano em Niterói, onde, em verdade, sua fulgurante carreira começou.

Gravou seu primeiro disco em 1951 a duras penas, afinal pertencia a uma família muito humilde. Nada aconteceu, como também ele não desistiu. Voltou a gravar, e a se decepcionar. Novamente gravou, outra vez o disco encalhou e assim foi até 1956, quando finalmente o Brasil começou a conhecer um dos cantores mais afinados, mais versáteis e de vozeirão inconfundível tudo porque uma das músicas bateu em cheio no gosto e na sensibilidade do público.

A música chama-se Blue Gardênia.

Nono Mandamento, Blue Gardênia, Lencinho Branco, My Way, Ne Me Quite Pas, Cuesta Abajo, Besame Mucho são algumas das canções que ilustrarão trechos de vários de seus depoimentos em muitos programas de rádio e televisão ao longo de sua brilhante carreira.

Cauby Peixoto nasceu em 1931 e faleceu em maio de 2016 aos 85 anos de idade.

Produção e apresentação: Milton Parron. Hoje, às 23h, com reprise amanhã, às 5h.

Rádio Trianon AM (740); Universal AM de Santos (810) – Quinta Avenida. Gravações com a big band do pianista Stan Kenton e com os cantores Johnnie Ray e Eydie Gormé. Produção e apresentação: Ronaldo Benvenga. Amanhã, às 9h. Pela internet, sites: www.radiotrianon.com.br , www.quintaavenida.mus.br e grandeabcwebradio.com

Rádio ABC AM (1570) – Portugal Trilha Nova. 51 anos no ar, completados em 25 de setembro último. As mais belas canções portuguesas, por intérpretes de Portugal e do Brasil. E mais: notícias, futebol, histórias, memória.
Produção e apresentação: Varela Leal, com Mimi Varela. Amanhã, do meio-dia às 14h. 




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