Política Titulo Relação
Empresário de Diadema fez obra de igreja que desabou

Firma de Jerri de Souza foi admitida sem concorrência para reformar ginásios municipais

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
14/03/2017 | 07:47
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Contratado pela Prefeitura de Diadema, sem licitação, para reformar telhados de ginásios municipais, Jerri de Souza (PSDB), dono da Azyal Construções Civis, era um dos responsáveis pela obra da Igreja Assembleia de Deus, no Eldorado, que desabou em junho do ano passado e que fez sete vítimas. Uma delas morreu.

O Diário mostrou ontem que a firma do tucano, assessor de políticos próximos ao prefeito Lauro Michels (PV), foi admitida por meio de carta-convite em 2014, por R$ 148 mil, mas funcionários dos equipamentos esportivos relataram que não houve troca das coberturas.

Jerri foi flagrado por câmeras de monitoramento de casas vizinhas à igreja removendo terra da obra do templo no momento do acidente. As intervenções foram feitas na igreja de forma irregular e amadora, pois a reforma não tinha alvará da Prefeitura e sequer possuía engenheiro responsável.

De acordo com o delegado assistente do 4º DP de Diadema (Eldorado), onde o caso foi registrado, Ricardo Eduardo Guilherme, a obra era feita por leigos. Às autoridades, Jerri e outros operários relataram que faziam a reforma de maneira voluntária. Não há informações de que a Azyal Construções, também conhecida como Contex, foi contratada de forma oficial para tocar a obra da igreja.

Pastor responsável pelo templo, Nelson Batista da Cunha alegou que a obra tratava-se de intervenção pontual – justificou que consistia em reforma de muro de arrimo – e que, por isso, não possuía autorização do Paço. Segundo ele, Jerri também era pastor da igreja. As intervenções resultaram no desabamento da laje da igreja no momento em que ocorria um culto, mas a maioria dos fiéis estava do lado de fora quando a estrutura do teto desmoronou. Ainda assim, seis pessoas ficaram feridas, sendo três delas crianças. Vanda Maria Martins Domiciano, 54 anos, foi atingida por uma pilastra e não resistiu aos ferimentos. Os trabalhos de resgate duraram 22 horas.

Passados nove meses do ocorrido, ninguém foi responsabilizado pelo acidente. Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), as investigações ainda não terminaram porque a polícia aguarda a conclusão de laudos sobre a reforma.

CONTRATOS
O contrato do Paço com a Azyal é o segundo caso de firma contratada pelo governo por meio de carta-convite, método de certame permitido pela Lei de Licitações (8.666/93), mas que não configura concorrência plena entre empresas, em que a firma não possui sede própria. No lugar da construtora, no endereço cadastrado na Junta Comercial (Rua da Saúde, no Eldorado), está a casa de Jerri e outras várias residências de aluguel, sendo todas de propriedade do tucano.

No dia 1º, o Diário mostrou que a gestão do verde fracionou contratos com a Mendonça e Silva, firma instalada nos fundos de um cortiço na periferia de Diadema, e os pagamentos à empresa somam quase R$ 1 milhão. A denúncia motivou abertura de CPI na Câmara.

A Prefeitura de Diadema não se manifestou. Jerri não foi encontrado para comentar o assunto.  




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