Setecidades Titulo Júri
Justiça condena PMs por chacina de jovens

Soldados são sentenciados a 48 anos de prisão por mortes no Jardim Santo André

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
23/08/2013 | 07:00
Compartilhar notícia


A Justiça de Santo André condenou ontem os soldados da PM (Polícia Militar) Ronaldo dos Santos Ferreira e Ricardo Bernardo da Silva a 48 anos de prisão cada pelo homicídio duplamente qualificado de quatro jovens, entre 16 e 25 anos, em 22 de abril de 2011, no Jardim Santo André.

Os dois devem ter o processo de expulsão da corporação concluído até o fim do mês. Eles continuarão cumprindo pena em regime fechado no Presídio Romão Gomes, na Capital, exclusivo para policiais militares, segundo a sentença da juíza Milena Dias.

Um terceiro acusado, Caio César de Lima, que não integra a PM e teve o seu julgamento desmembrado, deve ir a júri até o fim do ano.

A decisão dos sete jurados foi unânime. A expectativa pelo resultado foi tanta que Bernardo desmaiou antes de Milena proferir a sentença, gerando comoção e desespero entre seus familiares.

A emoção também foi grande para as famílias das vítimas, que agradeceram o fato de a justiça ter sido feita. “Sempre acreditamos no trabalho de todos, das polícias até do Judiciário. Podemos seguir em frente”, disse o motorista Rogério Fiorio, 49 anos, pai de um dos jovens assassinados.

Os familiares agora estudam se entrarão com processo contra o Estado pedindo indenização. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) disse que só se manifestará sobre o caso quando for feito o pedido na Justiça.

“O mínimo que se espera é que o governador peça desculpas à família”, disse Ariel de Castro Alves, integrante do Movimento Nacional de Direitos Humanos e do grupo Tortura Nunca Mais.

“Que isso sirva de lição para a própria corporação, que deveria usar seus cursos de formação para mostrar que ninguém está acima da lei. E que não usem o nome da PM para finalidades criminosas”, completou Alves.

Para o comandante da corporação no Grande ABC, coronel Mauro Cezar Ricciarelli, a decisão do júri tem de ser respeitada. “Infelizmente o que ocorreu não rege a posição da PM sobre os direitos humanos. Só lamentamos o ocorrido e sabemos que isso não representa a posição dos quase 100 mil integrantes da corporação.”

Desde 1996 policiais militares acusados de homicídios enfrentam júri popular na região. O primeiro PM a ser condenado foi Otávio Gambra, conhecido como Rambo, por matar o conferente Mário José Josino com um tiro pelas costas na favela Naval, em Diadema, em março do ano seguinte. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;