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Cusco, a terra dos incas

Incas construíram história singular e uma espetacular cidade perdida no coração dos Andes

Por Eliane de Souza
Do Diário do Grande ABC
03/10/2013 | 07:00
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A capacidade inata dos incas de construir em harmonia com o meio ambiente é bastante evidente nesta pitoresca província andina. O Vale Sagrado, que eles tinham como uma representação do céu na Terra, é rico em natureza e em história, com muitos templos e fortalezas. Nada, porém, é mais espetacular do que Machu Picchu, um patrimônio da humanidade. 


Por dois séculos, Cusco e seus arredores foram a terra dos incas. Mitos cercam a sua fundação como a capital da dinastia. Dizem que Manco Cápac e Mama Ocllo, os filhos do sol e da lua, iniciaram uma busca por lugar para estabelecer seu reino. Ao chegarem ao vale do Rio Huantanay, Manco Cápac conseguiu enterrar totalmente seu cajado no solo, sinal divino de que este era o local certo para a capital inca.


Embora a área fosse ocupada por outras culturas, incluindo os wari nos séculos oitavo e nono, foi sob o domínio inca que Cusco atingiu seu apogeu como polo administrativo, religioso e militar.


Treze imperadores incas governaram o vale do século 12 ao 15, construindo o Império em menos de um século. PaChacútec, o nono inca, que reinou de 1438-71, foi quem determinou que Cusco tivesse a forma de um puma sagrado.


Em 1533, Francisco Pizarro e os espanhóis chegaram a Cusco e logo após derrotas, os incas fundaram sua própria cidade, transformando estruturas pré-hispânicas em mansões coloniais. Gradualmente, Cusco e seus arredores se tornaram um símbolo de mestiçagem, com a arquitetura e a cultura apresentando uma mistura do espanhol colonial com elementos andinos.


Com a saída de Pizarro, a província voltou ao domínio andino. A redescoberta de Macchu Picchu (1911) alavancou a transformação deste remoto posto em atração turística. A majestosa capital dos incas é hoje a base ideal para visitar vários sítios arqueológicos do Vale Sagrado, como Pisac, Ollantaytambo, Tipón e Rumicolca. Tais sítios e Machu Pichu surpreendem em termos de arquitetura e hidráulica. Os terraços circulares em Moray atestam sua aptidão para agricultura, ao passo que o encaixe meticuloso de gigantescos blocos de granito em Sacsayhuamán exemplifica o refinado trabalho em pedra. A influência espanhola é visível especialmente na Igreja de San Pedro de Andahuaylillas, patrimônio da humanidade.


O terremoto de 1650 danificou a maioria das estruturas espanholas de Cusco, mas os alicerces incas resistiram e, sob o patrocínio do bispo Manuel de Mollinedo y Angulo, a cidade foi reconstruída. Ele também desenvolveu o estilo artístico cusquenho, visível nas igrejas e nos museus locais. Artesãos do bairro de San Blas fazem artefatos tradicionais, e as igrejas e museus exibem pinturas centenárias da Escola de Cusco. A Plaza de Armas é o coração da cidade e todas as atrações locais podem ser percorridas a pé.



SACSAYHUAMÁN
Localizada a dois quilômetros a Noroeste de Cusco, Sacsayhuamán é um exemplo da arquitetura militar inca. O monumento tem três grandes terraços dispostos em zigue-zague. As enormes muralhas de granito se estendem por cerca de 300 metros, com pedras de até cinco metros de altura, algumas pesando 350 toneladas. O alinhamento é tão perfeito que cronistas espanhóis escreveram que nem uma faca fina podia penetrar nas juntas. Nenhum tipo de argamassa era usado para prender as pedras.


As muralhas têm 22 ângulos salientes e reentrantes em cada nível. Seu desenho fazia com que invasores tentando escalá-la expusessem seu flanco aos defensores. Milhares de homens foram recrutados para colocar as pedras no lugar. Diz a lenda que 20 mil indígenas arrastaram a pedra maior e milhares morreram esmagados quando ela despencou.


Ao projetar Cusco, os incas a imaginaram com a forma de um puma, com Sacsayhuamán representando a cabeça e seus muros dentados, as presas. Cusco era o corpo do animal e o templo de Koricancha sua cauda.

Amor à Vida explora cenário andino

A cidade de Cusco foi a primeira parada para a equipe de Amor à Vida, escrita por Walcyr Carrasco, para começar sua jornada pelo Peru. Mais de 40 profissionais foram para o país gravar as cenas dos primeiros capítulos. Foi lá onde a mocinha Paloma (Paolla Oliveira) conheceu seu primeiro par romântico, o Ninho (Juliano Cazarré), fato determinante para o desenrolar do folhetim. E nem os 3.400 metros de altitude tiraram o fôlego do elenco.


As ruas da cidade e a Praça das Armas, um dos cartões- postais de Cusco, serviram de cenário para contar a história da viagem da família Khoury. O casal César (Antonio Fagundes) e Pilar (Susana Vieira) com os filhos Paloma e Félix (Mateus Solano), este último acompanhado por sua mulher, Edith (Bárbara Paz), partem para o Peru para comemorar uma grande conquista da filha caçula. Paloma está prestes a entrar para a faculdade de medicina e seguir os passos dos pais.


Como a vida não respeita roteiros, a viagem segue por rumos tortuosos e o relacionamento entre mãe e filha sofre uma ruptura com consequências irreparáveis. Envenenadas por Félix, Paloma e Pilar se desentendem e, desta vez, aparentemente sem margem para reconciliação.


TRAMA
Fragilizada, Paloma encontra em seu caminho o misterioso Ninho. A paixão entre os dois é inevitável. O sentimento é tão arrebatador que ela decide abrir mão da medicina, da família e de um futuro planejado. Paloma ganha o mundo com Ninho, mas essa é só a primeira linha de uma longa história.


Céu azul, campos verdes e montanhas ao fundo cobertas com neve emolduraram as cenas entre Paloma e Ninho, em Maras, região a cerca de uma hora e meia de Cusco. O vento e o frio não comprometeram o clima descontraído entre elenco e direção. Para Juliano, aqueles momentos foram inesquecíveis. “As cenas em Maras foram uns dos melhores dias de gravação da minha vida. Fiz um pouco de tudo, plantei batatas, toquei ovelhas, em um cenário maravilhoso”, conta o ator.


Sacsayhuaman é uma fortaleza inca localizada a dois quilômetros de Cusco e é nesse cenário, em uma noite chuvosa e muito fria, que Paloma e Ninho se apaixonam. Como a região é uma reserva arqueológica, a produção de arte preparou uma fogueira com proteção no solo e mais 16 barracas. Para a gravação, foram necessários 25 figurantes, entre eles um todo vestido de índio fazendo ritual shamã e servindo comidas típicas. Ollantaytambo também foi usada como locação para as gravações e é a única cidade da era inca, no Peru, ainda habitada. Lá, foram gravadas cenas com Juliano Cazarré, Paolla Oliveira, Maria Maya e Marcelo Schmidt.


De trem, a equipe seguiu para Machu Picchu, também conhecida como a “cidade perdida dos incas”, no vale do Rio Urubamba. Os últimos destinos da viagem foram a cidade de Arequipa e o Colca Canyon, onde é possível ver condores voando a poucos metros do chão.


Para os dias de trabalho no Peru, foram transportados, no total, 700 quilos de equipamentos e 26 malas de figurino, e a equipe ainda contou com o apoio de uma produtora local. “Fomos muito bem recebidos e acolhidos pelo povo local. O Peru é um país lindíssimo para se contar uma história de amor. E mesmo com tanto frio, toda a equipe se manteve animada e empenhada. Estou muito feliz com o resultado”, diz Mauro, que dirigiu praticamente todas as cenas no Exterior, acompanhado do diretor André Felipe Binder.


A escolha do Peru como locação para começar Amor à Vida tem uma explicação. “Fiz uma viagem, aos 20 anos, como mochileiro para lá e me encantei. Relembrei muitas aventuras para criar as histórias”, conta Walcyr Carrasco. Sete meses antes de começar a gravação, ele, Mauro e Wolf viajaram juntos para decidir quais seriam os cenários.
Protagonista da novela, Paolla gravou suas sequências com os atores que vivem a família de Paloma e com Cazarré sempre com alto-astral. “Esta energia do Peru vai existir durante toda a novela. Tudo parte daqui, as histórias se quebram aqui e se unem ao mesmo tempo. A viagem foi muito importante para se construir o que vem pela frente”, analisa.


O Peru voltou a encantar os espectadores da novela nas cenas em que os personagens Ninho e Alejandra sequestram Paulinha (Klara Castanho). Paloma e Bruno (Malvino Salvador) também voltaram ao país para gravar as cenas de resgate da menina. Entre a fuga do pai biológico até o retorno ao aeroporto, a menina desfrutou até de dia de compras de souvenires. 




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