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Setor de caminhões tem o pior trimestre desde 2002
Gabriel Russini
Especial para o Diário
28/04/2017 | 07:12
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Não está fácil para ninguém. E neste cenário de crises política e econômica, as fabricantes de caminhões (e de outros veículos pesados) não são um oásis no meio do deserto quente e escasso de recursos. De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), as vendas de caminhões atingiram o pior resultado para o primeiro trimestre desde o início da realização do levantamento mensal – a partir de 2002. É a sexta queda consecutiva verificada neste período.

Nos primeiros 90 dias deste ano, 9.675 unidades saíram dos pátios, desempenho 25,5% menor do que o registrado na mesma época do ano passado, quando 12.990 unidades foram comercializadas. Houve queda, ainda, de 15,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Por outro lado, as transações encerradas em março (mês com 4.124 vendas) representaram aumento de 57% frente aos 2.621 emplacamentos de fevereiro.

De acordo com especialistas, o panorama pode mudar. “Os níveis de investimento foram muito baixos nos últimos dois anos, o resultado negativo não é surpreendente”, afirmou a sócia-diretora da Prada Assessoria, Letícia Costa. Mas nada é da noite para o dia. Ainda segundo ela, o setor de caminhões só vai retornar ao patamar de 2014 – que registrou o emplacamento de 137.052 veículos – apenas em 2021 ou 2022.

Para Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive, o País precisa de incentivos para voltar aos trilhos, afinal, “o caminhão é comprado para gerar lucro, não porque é bonito”. Em relação ao desempenho do primeiro trimestre de 2017, Garbossa foi duro. “É muito pouco para o Brasil, né?”

POSSÍVEL RETOMADA
Apesar dos resultados ruins, a economia parece já indicar possível retomada para o futuro. Em março, a inflação oficial do País, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), alcançou 0,25% – o mais baixo para o mês desde 2012, quando a variação tinha sido de 0,21%. No começo do mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) promoveu a quinta queda seguida da taxa Selic, que rege a economia nacional, ao reduzir o percentual de 12,25% para 11,25%. Trata-se de patamar similar ao de setembro de 2014, quando a alíquota estava em 11%.

Na avaliação de Carlos Eduardo Rocca de Almeida, gerente de vendas especiais da Volkswagen, 2017 será marcado por recuperação lenta, mas gradativa. “Diante da necessidade da renovação da frota de alguns clientes, cujo custo de manutenção está apresentando expressividade muito alta, a tendência é que haja renovação (da frota) ainda neste ano”. Segundo Rocca, se 2017 apresentar o mesmo número de vendas de 2016, já será uma vitória. “Em um volume de 50 mil unidades produzidas, o nosso objetivo é atender aproximadamente 30% do mercado, o que corresponde a 14 mil ou 15 mil caminhões”, projeta o executivo.

EXPORTAÇÕES
Aproximadamente 2.700 caminhões foram negociados com países do Exterior em março, enquanto fevereiro enviou 2.100 unidades. Na análise contra as 1.600 de março de 2016, o balanço é superior em 67,4%. No acumulado dos três primeiros meses deste ano, a elevação foi de 42,4% com 5.800 veículos exportados diante dos 4.100 registros do ano passado.

Questionada sobre o perigo do Brasil ser prejudicado em razão da ascensão de políticas protecionistas, como, por exemplo, a eleição do republicano Donald Trump, nos Estados Unidos, e o Brexit (saída da Inglaterra do bloco europeu), Letícia Costa não vê tanta preocupação. “Exportamos muito mais para países da América do Sul. Pelo menos em curto prazo nós não seremos prejudicados por conta disso.”




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