Política Titulo Fora do Paço
Marinho pede voto para
Padilha durante expediente

Sem preocupação, prefeito de S.Bernardo não
vê problema em fazer campanha durante o dia

Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
06/08/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT) cumpriu apenas o expediente da manhã e dedicou a tarde de ontem para pedir votos ao candidato a governador pelo PT, Alexandre Padilha, na porta da montadora Ford, no Parque Santo Antonio. O petista chegou ao local às 14h45 e não retornou mais ao Paço. A conduta é considerada irregular e passível de punição.

O ato político em prol de Padilha teve apoio da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se encerrou às 17h30.

No local, Marinho dialogou com militantes, posou para fotos, discursou em prol de Padilha no carro de som, fez corpo a corpo com os operários. O prefeito também se irritou e tentou organizar a passagem de Lula pelo local. Muito desorganizada e eufórica, a militância bateu cabeça e extrapolou no assédio ao principal cabo eleitoral do PT. Houve confusão com profissionais de imprensa. O impasse quebrou o planejamento do ex-presidente em conceder entrevista logo que chegasse ao local.

Após a atividade, Marinho, que coordena a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) em São Paulo, seguiu para a sede do Sindicato dos Metalúrgicos, onde se reuniu a portas fechadas com Lula e prefeitos correligionários paulistas para discutir estratégias eleitorais.

Marinho argumentou que tem um horário de expediente flexível, em que trabalha “de manhã, à noite, de tarde e de dia” e que, por isso, não estaria desrespeitando legislação. “Campanha é um período excepcional em que o gestor tem de se desdobrar se quiser fazer (ato político). Se ele quiser se esconder atrás do (discurso de) ‘sou gestor e não posso fazer campanha’, vai fazer de conta. Se quer atuar, vai cuidar bem da sua cidade e fazer campanha. Graças a Deus minha saúde permite (que trabalhe e faça campanha)”, declarou o prefeito.

Essa é a segunda vez que o chefe do Executivo de São Bernardo pede votos para a campanha de Padilha durante o expediente. No dia 21, o petista participou de caminhada e comício na Praça da Matriz, no Centro, argumentando estar em horário de almoço, entretanto permaneceu no local por duas horas e 32 minutos.

Especialista em Direito Eleitoral, Anderson Pomini alegou ao Diário que a conduta é vedada, mesmo que o prefeito tenha flexibilidade de horário e pode render processo de improbidade administrativa. A recomendação é de que gestores públicos participem de atos políticos após o término do expediente para não confundir o cidadão.

Lula usa velhos jargões e ‘sofisticação’

Escalado para alavancar a empreitada de Alexandre Padilha (PT) ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) misturou velhos jargões das primeiras campanhas petistas com “sofisticação” na porta da Ford ontem para atrair apoio de metalúrgicos e alfinetar adversários. Os cerca de 4.000 operários que deixaram a montadora, contudo, já haviam embarcado em ônibus fretados.

“Primeiro que esse povo aqui não vota em nenhum candidato que tenha qualquer vínculo com os empresários. Em 2003 e em 1982 a gente dizia nas portas de fábricas que peão não vota em patrão. Vote no 13 que o resto é burguês, isso era 1982. Obviamente que nós aprendemos muito, ficamos sofisticados, evoluímos. Aprendemos a fazer política com muito mais competência do que já fizemos na vida”, discursou o ex-presidente.

Padilha atingiu 4,9% das intenções de voto da região em levantamento do DGABC Pequisas, divulgado domingo pelo Diário. Em sondagem do Datafolha, divulgada dia 17, o petista tem 4% de intenções de voto no Estado. “Você vai sair daqui, Padilha, e perceber que as pesquisas não significam absolutamente nada, porque o jogo está começando. A pesquisa vai hoje como uma casa de apostas. Daqui você leva o oxigênio da peãozada. Tenho consciência que nesse momento político de muita dificuldade, dúvidas e muitas descrenças, você aguarda, que agora começou o jogo”, declarou Lula.

Padilha seguiu a mesma linha e garantiu que se for eleito governador dará respaldo para a manutenção de empregos no Grande ABC. “Podem saber que terão lá no Palácio do governo estadual um companheiro para chamar quando tiver qualquer ameaça de uma indústria sair daqui para outro Estado. O emprego tem que estar aqui, a indústria tem que estar aqui. O trabalhador tem que estar aqui”, citou. 




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