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Aleitamento desenvolve a fala

Conforme especialistas, bebês que mamam no peito tem musculatura fortalecida, o que auxilia na mastigação e no aprendizado das palavras

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
01/08/2014 | 01:00
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Celso Luiz/DGABC


Que o leite materno é o alimento mais completo para o bebê, todo mundo sabe. Mas hoje, quando se comemora o Dia do Mundial da Amamentação, vale lembrar que o ato vai muito além de ser fonte de nutrientes e substâncias que garantem a imunização do organismo. Ele também estimula o desenvolvimento da fala e mastigação da criança.

“A amamentação promove o fortalecimento dos músculos que, futuramente, irão ajudar a criança tanto a mastigar quanto a falar. O ato mexe com a língua, os lábios, a bochecha e o céu da boca, além dos ossos da face”, explica a fonoaudióloga do Hospital e Maternidade Brasil, em Santo André, Renata Lacerda.

A tonificação da musculatura se dá em razão dos movimentos de sucção e deglutição realizados pelo bebê durante o ato de mamar, coisa que bicos artificiais, como os das mamadeiras, não são capazes de proporcionar. “A forma como o bebê toma a mamadeira é diferente de como suga o peito, que é onde ele consegue desenvolver, de uma maneira mais adequada e harmônica, todos os músculos do rosto”, ressalta a fonoaudióloga do Hospital da Mulher de Santo André Daniela Marcia Gouveia Marcorin.

Durante a mamada, todo movimento da mandíbula favorece a fortificação da arcada, o que estimula a descida dos dentes. Já a língua, com o esforço feito para a extração do leite, tonifica-se para facilitar a pronúncia das palavras”, explica a pediatra Maria José Guardia Mattar, do Departamento de Aleitamento Materno, da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

A má formação desses órgãos pode resultar em musculatura facial flácida, problemas ortodônticos e fala tardia. “Muitas crianças entre 3 e 5 anos que têm distúrbios fonoaudiológicos, como atraso ou troca de letras na pronúncia, não foram amamentadas no peito, ou a mamadeira foi introduzida muito precocemente, o que interferiu no desenvolvimento e atrapalhou a função”, garante Daniela.

“Dependendo da alteração, iniciamos o acompanhamento de fonoaudiologia com 3 anos”, salienta Renata.

O modo artificial de amamentação interfere, também, na respiração dos pequeninos. “Quando se usa o bico artificial, há uma compressão da narina e do palato (céu da boca), fazendo com que o espaço para a entrada de ar diminua. Respirando pela boca, o bebê pode ter mais infecções respiratórias”, destaca a especialista da SBP.

Mães amamentam filhos por tempo indeterminado

A OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses. Mas algumas mães preferem manter a amamentação por período ilimitado. Grávida de 3 meses do segundo filho, a estudante de Gestão Ambiental Aline Shirazi Conte, 25 anos, moradora de Santo André, continua oferecendo o peito à primogênita Laura, 2 anos e 4 meses. “Não foi algo que foi decidido. Estava bom para ela e bom para mim, então, continuamos.”

Por conta da gravidez, ela perguntou aos dois médicos com quem faz acompanhamento – um particular e outro do SUS (Sistema Único de Saúde) – sobre a manutenção da lactação. “O particular disse que não prejudica em nada o feto em formação e que posso dar continuidade sem problemas. No SUS, a médica recomendou não amamentar, até porque minha filha já era mais velha. Pretendo amamentá-la até quando nós duas quisermos e continuarmos bem com isso. Com a vinda de um irmão ou irmã, é provável que o aleitamento da Laura ainda esteja apenas na metade.”

Já a nutricionista Aline Fernanda Silva da Paz, 33, de Ribeirão Pires, decidiu continuar amamentando o filho Gustavo, 3, pela importância do alimento. “Meu filho raramente fica doente e, quando pega um resfriado, recupera-se rapidamente. Além disso, amamentar representa momento de cumplicidade. Me sinto muito feliz em proporcionar um alimento tão rico e muito amor ao mesmo tempo. Continuarei dando de mamar até quando o meu filho quiser, sem regras e sem pressa.”

Aliado a outros alimentos, não há problema na continuidade do aleitamento materno, explica a pediatra Maria José Guardia Mattar, do Departamento de Aleitamento Materno da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). “Após os 6 meses, a criança precisa de outros nutrientes e são introduzidas as papas, mas ela ainda precisa de cerca de 500 ml de leite diariamente a fim de garantir o fortalecimento dos ossos. Portanto, é ótimo que o leite seja da mãe. Essa quantidade do alimento, do primeiro para o segundo ano de vida, supre um terço da necessidade diária de energia que o bebê precisa, além de conter proteínas e muitas vitaminas, como A e C.”

Cidades têm programação especial

Diversos pontos do Grande ABC terão programação especial para reforçar a importância do aleitamento materno, hoje. Em Mauá, entre os dias 4 e 7, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) receberão palestras e exposição de fotos e banners. Também estão programadas oficinas de shantala (massagem oriental) e exercícios físicos para gestantes. O encerramento da programação será no dia 8, às 14h, na Praça 22 de Novembro, Centro.

A cidade desenvolve ainda o projeto Amamenteiras, que consiste em reuniões em associações e entidades nas quais, por meio do Ciama (Centro de Incentivo ao Aleitamento Materno), mulheres recebem diversas orientações. O Ciama atende das 8h às 17h na Rua Luiz Lacava, 229, Centro.

Em Ribeirão Pires, na próxima semana, a Secretaria de Saúde e Higiene reforçará as orientações prestadas às pacientes da Atenção Básica sobre a importância do aleitamento materno.

Na Casa de Gestante, em São Caetano (Avenida Vital Brasil, 55, bairro Santa Paula), palestras serão ministradas entre os dias 4 e 8. Já nos dias 7 e 8 haverá curso para gestantes no auditório do Hospital Municipal Maria Braido (Rua São Paulo, 1.840, 4º andar, bairro Santa Paula). As inscrições podem ser feitas pelo telefone 4221-5981.

Em Diadema, será promovida roda de conversa com as pacientes da maternidade do Hospital Municipal, entre os dias 4 e 8.

A Prefeitura de São Bernardo fará atividades que incentivam a amamentação e doações ao Banco de Leite Humano do município. A abertura acontecerá na segunda-feira, às 8h, no Hospital Municipal Universitário, e a programação se estende até o dia 6.

O Hospital da Mulher de Santo André promoverá, na terça-feira, o 2º Minifórum sobre Aleitamento Materno. Informações sobre a programação podem ser obtidas no 4478-5000.

A Casita – Espaço de Convivência, também de Santo André, realizará, amanhã, a Hora do Mamaço, das 14h às 15h, no Jardim do Teatro Elis Regina, no bairro Assunção. Para saber mais sobre esse e outros eventos do local, o contato é 2834-5303. 




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