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Família do Ipê muda para o Três Marias

Irmão reclama que, além de ter ficado sem casa, Prefeitura levou seus pertences sem avisá-lo

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
06/08/2012 | 07:00
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Casa nova pede limpeza. Foi de vassoura na mão e sorriso no rosto que a desempregada Maria José de Souza, 28 anos, e sua filha Maria Eduarda, 8, receberam a equipe do Diário no apartamento 2, bloco 29, do Conjunto Habitacional Três Marias, em São Bernardo. Desde maio, a família esperava a mudança do Jardim Ipê para a moradia definitiva em situação precária, em meio a entulhos dos imóveis já removidos.

Problemas para resolver questões de desmembramento familiar foram a causa da demora. Maria José morava desde os 6 anos no Jardim Ipê, ocupação irregular em área de manancial. Ela, a filha e o irmão, o ajudante de departamento José Roberto de Souza, 25, se mudaram para uma casa separada da mãe, mas no mesmo terreno. A mãe foi cadastrada em programa habitacional e deixou o apartamento para outros dois filhos antes de voltar à Paraíba, onde nasceu. A outra parte da família acabou entrando com processo administrativo que garantiu o desmembramento.

No entanto, na hora da mudança, Maria José não quis levar o irmão, o que, segundo a Prefeitura, atrasou o processo. O problema é que a residência no Ipê precisava ser entregue vazia para que fosse demolida. "Eu e meu irmão temos problemas de relacionamento. Não dava para ele vir morar aqui. A Prefeitura diz que sair da casa dependia de mim, mas tenho documento que autorizava a mudança sem o meu irmão desde o dia 20 de junho. Mesmo assim só consegui vir para cá agora." A mudança definitiva ocorreu após reportagem do Diário, publicada na edição de 30 de julho.

No dia 1º, Maria José pagou R$ 85 para levar seus pertences ao apartamento no Três Marias. O irmão, porém, não estava em casa. A Prefeitura afirma que a mudança só foi possível porque o imóvel foi entregue para demolição, como é exigido na desocupação. Segundo a administração, Maria José deixou para trás um guarda-roupa, uma cama e colchão de solteiro e roupas, que foram recolhidas ao Depósito da Brigada, procedimento padrão nesses casos. O material permanecerá ali por 60 dias, disponível para retirada.

No entanto, o irmão garante não ter sido informado sobre onde estão seus pertences. "As assistentes sociais me ligaram às 16h na quarta-feira para avisar que tinham desocupado o imóvel. Estava no trabalho e não pude sair. Nem sei para onde levaram minhas coisas."

Souza agora dorme na casa de amigos. Ele garante que não quer outro apartamento, mas sim morar com a irmã. "Temos nossas desavenças, mas também tenho direito à moradia."

A Prefeitura garantiu que não cabe a ela julgar como as famílias resolvem seus problemas. Maria José, diferentemente do irmão, está feliz da vida na casa nova. "Aos poucos vou organizar tudo, deixar o lugar com a minha cara. Me sinto no meu lar."




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