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Candinho, verdadeiro
Ademir Medici
15/03/2018 | 07:00
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Brasil campeão na Rússia? Não estou com essa certeza. Não temos centroavante (fixo ou específico). Firmino? Menino Jesus? Eles jogam pelos lados. Sem um centroavante legítimo, como ganhar a Copa do Mundo? Vou torcer muito, mas tenho muitas dúvidas do sucesso brasileiro.

O futebol do Interior está morto. Você não vê garotos. Só veteranos. E a renovação?

A TV não dá nada ($) para o Interior, só para os grandes.

É preciso limitar o número de jogadores estrangeiros. Na minha época, eram dois estrangeiros por clube. E jogadores com nível de seleção. Hoje é uma vergonha o número de estrangeiros contratados que são jogadorzinhos.

O mais importante: é preciso investir no infantil e no juvenil. Nossos clubes faziam isso. Revelavam valores, que eram emprestados para ganhar cancha e depois voltavam prontos.

Penso que nas Séries B e C deveria ser obrigatório ter quatro jogadores por equipe com idades até 21 anos. Jogando e no banco. Se um saia, devia entrar outro no limite de idade. Nada contra os veteranos. Haveria espaço para outros sete. Poderiam pôr até jogador com 60 anos. Mas a molecada teria espaço.

Hoje você não vê moleques nos times. Só caras de 34, 35 anos.

Hoje os bancos de reservas são formados por 11, 12 jogadores. O Palmeiras chega a colocar dois goleiros na reserva. Para quê? Na Europa os reservas são sempre sete. Aqui não. Não são apenas três substituições permitidas por jogo? Hoje os ônibus levam 23. Os times estão ricos? E as despesas com hospedagem?


Assinado: José Cândido Maior, o Candinho, o convidado da 96ª reunião do Memofut (Grupo Literatura e Memória do Futebol), realizada sábado, no Museu do Futebol do Pacaembu.

LEMBRANÇAS

Foi uma manhã saborosa. Candinho, jogador, técnico e gerente de futebol, tem e sabe contar histórias. 

Sentado entre o preparador físico Helio Maffia e o coordenador do Memofut, Alexandre Andolpho, Candinho reviveu a carreira. Lembrou nomes. E não se furtou a falar do presente do futebol brasileiro e internacional, ele que teve uma carreira vitoriosa no Exterior, classificando a Seleção da Arábia Saudita pela primeira vez para um Mundial, no caso o realizado nos Estados Unidos em 1994.

Candinho jogou futebol. Zagueiro do Palmeiras, Paulista de Jundiaí e Exterior, no Canadá e na Venezuela. Uma contusão o afastou dos gramados.

Na palestra de sábado definiu-se como jogador mediano. Não era craque. Parou aos 26, 27 anos. Foi auxiliar do Julinho Botelho no Palmeiras. E depois dirigiu times do Interior. Quase subiu com o Catanduvense, da Segunda Divisão. Dirigiu o XV de Jaú, o XV de Piracicaba, o São Bento, o Juventus, a Portuguesa, o América de Rio Preto. E seguiu para o mundo árabe.

No retorno ao Brasil, foi técnico do Juventus. Da inesquecível conquista da Taça de Prata de 1983.

Dá saudades. Na Mooca, Brás, Belém, em todos esses bairros em torno do Juventus, são-paulinos, palmeirenses, corintianos são também juventinos.

Lamento que o Juventus esteja em baixa. E não só o Juventus. Se não tiver o pequeno, o grande não sobrevive.

Veja o Palmeiras: o Leão e o Eurico vieram de Ribeirão Preto; Luiz Pereira, formado em São Caetano, veio de Sorocaba; Dudu, de Araraquara; Ademir da Guia, do Bangu. Aí está a origem do nosso futebol. 

O nosso jogador é feito na várzea. Zé Maria veio de Botucatu; Marinho Peres, de Sorocaba; Marinho Chagas (o Marinho ‘loiro’), do Nordeste. E estes são apenas alguns casos.

Convidado pela CBF, ao lado de vários outros técnicos, falei tudo isso. Só o Falcão me apoiou. Depois, não me convidaram mais.

ASSIM...

Candinho dirigiu grandes equipes brasileiras, entre as quais o Corinthians, Palmeiras, Portuguesa, Grêmio, Santos, Flamengo. O quase da Portuguesa, em 1996, tinha Candinho no comando. 

Chegou à Seleção, como auxiliar de Vanderlei Luxemburgo – e na saída do amigo, foi convidado a permanecer. Não aceitou. Fez apenas um jogo, os 6 a 0 frente à Venezuela, em 2000, não sem antes conversar com Luxemburgo, explicar a situação.

Uma questão de ética, hoje produto em falta no futebol em geral nesses tempos de fair play.

BASTIDORES

Foram muitas as histórias que o Candinho contou. Bastidores do futebol. Numa das passagens pelo Corinthians, Candinho dirigiu o time nos últimos três jogos do Brasileirão, 1997. 

O Timão estava para cair. Perdeu o primeiro. Ganhou o segundo. Restava o último, em Goiânia frente ao Goiás. Ou ganhava, ou caia. Ganhou: 2 a 0, numa das muitas invasões corintianas.

Os jogadores, de bandidos, viraram heróis. Foram cercados. Pedidos de autógrafos. Um dos ‘craques’, todo prosa, perguntava o nome do torcedor e lascava a sua assinatura: João, José, Mário... Tudo bem. De repente:

- Qual o seu nome, amigo?

– Washington.

– Ah...

– Washington.

– Como é mesmo?

– Washington.

Candinho ao lado, a tudo presenciando, divertido: 

“Nem eu sei escrever Washington”.

O jogador não deu vexame. Saiu-se bem.

“Ao amigo Tom, um grande abraço”.

E todos voltaram felizes para o Parque São Jorge.

Diário há 30 anos

Terça-feira, 15 de março de 1988 – ano 30, edição 6701.

Manchete – Presidente Sarney já admite negociar regime de governo e recebe Ulysses Guimarães, presidente da Câmara Constituinte

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Clemente Maria Hoffbauer

Hermenegildo Fattori, para sempre...

DGABC TV vai destacar, a partir desta quinta-feira, a entrevista concedida pelo Sr. Hermenegildo Fattori no Natal de 2017.

O esportista de Santo André que conduziu a tocha olímpica; o cidadão que divulgou do seu jeito a história da cidade; o jornaleiro que transformou a sua banca, na Avenida Perimetral, num espaço cultural ao ar livre; o andreense que trouxe para o bairro Santa Terezinha uma das primeiras atrações do Salão da Criança que ele assistiu no Parque do Ibirapuera.

A gravação, vista três meses depois, tem outro significado. Sr. Fattori deixa um registro histórico, um legado, uma lição de vida que deve servir de exemplo para todos.




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