Economia Titulo Indústria
Falta mão de obra
em ferramentaria

Setor deverá demandar 15 mil profissionais
com o Inovar-Auto, o triplo do número atual

Por Leone Farias
do Diário do Grande ABC
17/08/2013 | 07:12
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Tiago Silva/DGABC


As indústrias de ferramentaria da região veem perspectivas de aquecimento na demanda por seus serviços, que deve ser gerada com o programa Inovar-Auto, do governo federal, o qual estabelece a necessidade de investimentos no setor nacional por parte das montadoras em contrapartida a incentivos tributários para a produção de carros no País. 

No entanto, há desafios para o futuro do segmento, entre os quais a falta de mão de obra qualificada. Hoje a atividade – de fabricação de moldes e ferramental destinados, por exemplo, à produção de autopeças – gera 5.500 empregos no País. “Vamos precisar do triplo com o Inovar-Auto só de empregos diretos”, disse Paulo Braga, que é presidente da Abinfer (Associação Brasileira das Indústrias de Ferramentaria) e um dos coordenadores do APL (Arranjo Produtivo Local) do segmento no Grande ABC, que reúne indústrias da região.

O dirigente, que participou nesta semana de evento promovido pela ABM (Associação Brasileira de Metalurgia), considera que a questão já é premente, pois muitos profissionais hoje estão próximos de se aposentar ou já se aposentaram e continuam na ativa. “Não há renovação”, afirmou.

Isso, de acordo com ele, por causa da falta de interesse dos jovens em atuar na área, que exige conhecimento técnico e se destaca em relação a outras atividades. “O ferramenteiro é um artista e precisa conhecer geometria espacial, trigonometria e ter noções de software de usinagem, entre outras coisas”, diz outro coordenador do APL, o empresário Carlos Manoel de Carvalho. Hoje, um profissional do ramo com experiência ganha em torno de R$ 4.500, cerca de 30% mais que outras funções de fábrica, segundo o dirigente.

O problema não passa só pela quantidade, mas também pela qualidade do trabalhador que as empresas gostariam de ter. Na busca de aprimorar a formação das pessoas e melhorar a integração das companhias fornecedoras nas etapas de desenvolvimento de novos modelos, a General Motors conversa com o Senai-SP para a implantação de um programa chamado Ferramentaria do Futuro. “A ideia é mudar o processo todo”, afirma o gerente de tecnologia e inovação da engenharia de manufatura da GM, Carlos Sakuramoto. Segundo ele, a ideia é encurtar as etapas entre o desenho do carro e a confecção do ferramental.

OUTROS DESAFIOS - Além de encontrar profissionais, o segmento enfrenta outros desafios, como a dificuldade de acesso a crédito, assinala Braga. A questão é importante para o setor, em especial para a região, que conta com grande número de indústrias. O Grande ABC reúne cerca de 500 empresas da área, grande parte delas pequenas, que empregam juntas por volta de 1.000 pessoas.

O APL de Ferramentaria, em conjunto com outras entidades, discute com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) os detalhes finais de criação de uma linha chamada Proferramentaria.

Além disso, os empresários do ramo, com o apoio da Prefeitura de São Bernardo e da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, entre outras instituições, estão conversando com o Instituto Mauá de Tecnologia, para a montagem de um birô de engenharia. A iniciativa poderá reduzir pela metade o tempo dos projetos de moldes e em 20% a 25% o custo dessa etapa.




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