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Atenção aos sons
Aprendizado especial com ajuda da música

Projeto leva mundo dos sons para vida de alunos do Parque Oratório, em Santo André

Tauana Marin
10/06/2018 | 07:30
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Nario Barbosa/DGABC


Som e silêncio dependem um do outro para existir. Mas nem sempre percebemos as duas frequências no dia a dia. Tudo emite som, basta a gente acionar a percepção a partir do nosso corpo. Podemos utilizar as mãos para compor ritmos apenas batendo palmas, fazendo barulho com a boca, estalando os dedos ou batendo as mãos na barriga. 

É dessa forma que, ao longo desta temporada, os alunos da Emeif Darcy Ribeiro, do Parque Oratório, em Santo André, trabalham com a música. Os estudantes de 8 a 12 anos contam com aulas semanais, com duas horas de duração, por meio do projeto Construindo Música, que contempla escolas municipais locais. 

“Fazer música com o próprio corpo lembra o beatbox (arte de reproduzir sons com boca e nariz), mas utilizando mãos, tronco e barriga. Aprendo muito sobre ritmo”, diz Nicolas Loureiro, 9 anos. No início, os participantes perceberam o que são sons graves (baixa frequência) e agudos (alta frequência) apenas com brincadeiras. “Prestar atenção nos sons da cidade exige dos nossos ouvidos. Tem muitas coisas que têm ruídos finos e outros grossos, como o som da bateria nas músicas de rock. São minhas preferidas”, conta Alice Casartelli Gonçalves, 9, que aproveita para fazer coreografias de acordo com o que ouve.

As aulas de informática também servem para a criançada pesquisar sobre o tema. Há vídeos que mostram como ressignificar objetos que temos em casa (veja mais acima) – assunto que será trabalhado na segunda etapa do projeto, durante o segundo semestre. Exemplo disso é o balde que vira tambor, a mesa transformada em pandeiro e a taça que, ao passarmos os dedos, parece assoviar. “Podemos fazer uma canção em qualquer lugar, com o que temos em mãos. Para quem gosta de música é mais fácil enxergar esses instrumentos”, explica Daniel Luis dos Santos, 9. Ele, que já tocou violão, piano e bateria, fala com orgulho da criação de banda com os amigos de sala na escola andreense. “Tocamos com o que temos na sala. É muito legal.” Em outubro, apresentação especial dos alunos irá encerrar o projeto. 

BENEFÍCIOS DA MELODIA

Beatriz Rodriguez Baptista, 9, também aluna da Emeif Darcy Ribeiro, já teve oportunidade de fazer aulas de violino por meio de projetos escolares. O aprendizado fez com que ela se apaixonasse pela música e aumentasse sua curiosidade sobre esse universo. “Fiz aulas por um ano. Agora tenho vontade de aprender flauta e piano. Conseguir fazer um som ou reproduzir algo é muito bom”, revela. “Os instrumentos de corda, por exemplo, são gostosos de ouvir. É preciso coordenação param tocá-los e fazer o som que desejamos.”

Os benefícios gerados pelo ensino e prática da música são muitos. Estudos têm mostrado que a musicalização e/ou aprender a tocar instrumento ajudam a criança a entender melhor outras disciplinas. Detalhe que torna capaz a criação de conexões cerebrais que não ocorreriam sem a presença das melodias, principalmente na infância. Além disso, a música também tem efeito terapêutico, ao acionar as memórias afetivas, ou seja, quando lembramos de algum momento que passamos ou de pessoas especiais. “Fico feliz quando ouço música. Me sinto calma”, diz Beatriz. 

Lixo pode dar origem a instrumentos

Nem todo lixo só tem o objetivo final de ser descartado. Tudo pode ser reaproveitado e reutilizado para outras utilidades, inclusive no mundo da música. Garrafas PET dão vida a chocalhos, rolos de papel viram instrumentos de sopro, latas e bexigas podem ser tambores, copos com água fazem sons como xilofones e caixas de papelão com elásticos se unem para dar forma a guitarras caseiras.

Dar ‘vida’ a instrumentos será a tarefa dos alunos da Emeif Darcy Ribeiro, de Santo André, durante o segundo semestre deste ano com o seguimento do projeto Construindo Música. As aulas ampliam o conhecimento dos alunos explicando também os danos que itens como vidros, plásticos, borrachas e latas causam na natureza se jogados fora de maneira inapropriada.

“Tudo que temos e produzimos em casa como lixo ganha outra função”, explica Julia Toshima Oliveira, 9 anos. “Além de ajudarmos o meio ambiente, nos divertimos com a produção de instrumentos e com as músicas que fazemos a partir deles. E se bem tocados, podemos extrair sons lindos.” Apesar das aulas começarem somente em agosto, alguns exemplos já foram mostrados.

A menina conta que sua família sempre adorou ouvir rádio e é bastante musical. “A casa fica alegre”, brinca Julia. Com os instrumentos, os alunos também incorporam a música em outras disciplinas, como Literatura, Matemática e História. “Sinto que fica mais fácil aprender. Consigo me concentrar melhor. Além disso, a gente se diverte muito. A aula passa rápido”, conta Julia.

Consultoria de Irene Silva, coordenadora de projetos da Evoluir (empresa de projetos educacionais responsável pelo Construindo Música); Karen Ramos, professora da Emeif Darcy Ribeiro, e Leo Nascimento, educador musical. 




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