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Campanha incentiva transplantes de córnea
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
06/01/2004 | 23:33
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A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo lançou nesta terça um programa que pretende treinar funcionários de 15 hospitais administrados por organizações de saúde para aumentar a retirada de córneas de pacientes mortos – desde que as famílias dos doadores concordem. A expectiva é de que os transplantes aumentem até 63% neste ano no Estado.

No Grande ABC, onde 100 pessoas esperam atualmente por esse tipo de transplante, segundo o Banco de Olhos ligado à Faculdade de Medicina do ABC, o programa poderia ser adotado no Hospital Mário Covas, de Santo André, e no Hospital Estadual de Diadema.

Pelo projeto, que será coordenado pela Central de Transplantes do Estado, quatro funcionários de cada hospital receberão, a partir de março, treinamento para convencer as famílias a fazer a doação do órgão, e também extrair as córneas.

Com isso, o número de transplantes poderia passar de 3,1 mil – total registrado em 2003, no Estado – para até 5,1 mil.

O médico Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central, afirmou que existe hoje no Estado uma fila de espera de 5,1 mil pessoas para esse tipo de transplante. “Nos 15 hospitais, há uma média de 500 pacientes mortos a cada mês. Temos a meta de conseguir atingir, até o final do ano, a doação mensal de córneas de pelo menos 100 deles”, informou Pereira. Isso seria suficiente, por exemplo, para suprir a demanda atual no Grande ABC.

Porém, apesar da possibilidade de voltar a enxergar com maior rapidez, os pacientes que estão na lista de espera na região não conseguiriam ser operados gratuitamente. Até 2000, as cirurgias sem custos podiam ser feitas em São Bernardo, no Hospital Anchieta e no Pronto-Socorro do Rudge Ramos, e no Centro Hospitalar de Santo André. “Há dois anos, no entanto, o Ministério da Saúde elaborou novas normas para a realização de transplantes e não fomos recredenciados. No ano passado, foi entregue pessoalmente ao secretário Estadual de Saúde a documentação necessária para que os transplantes voltem a acontecer, mas, até agora, não houve resposta”, contou José Ricardo Rehder, professor titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC e coordenador do Banco de Olhos ligado à instituição,

Em casos de urgência, pacientes que precisam de novas córneas são encaminhados ao Hospital das Clínicas e ao Hospital São Paulo, ambos na capital. “Quando podem esperar, são encaminhados ao Hospital de Olhos que funciona em Sorocaba (SP)”, disse o professor. “Fazíamos uma média de quatro transplantes por semana. A situação que enfrentamos de dois anos para cá é muito ruim para a região”, afirmou Rehder.

Segundo a coordenação da Central de Transplantes, alguns hospitais do Estado – entre os quais os administrados pela Faculdade de Medicina do ABC – estão se readequando a novas normas do Ministério da Saúde. “Mas não tenho informação quanto aos prazos para que isso aconteça”, disse Luiz Augusto Pereira.

Lesões – O transplante de córnea é necessário em casos de lesões, como queimaduras e cortes, e doenças como herpes ocular e ceratocone. De acordo com a Central de Transplantes do Estado, a maior parte das pessoas que morrem em hospitais poderia ser doadora. “Todo paciente que morre no hospital é um doador em potencial, salvo, é claro, aqueles que tenham lesões ou infecções nos olhos, em casos de pessoas que tenham hepatite C ou o vírus HIV”, frisou o coordenador da Central de Transplantes.




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