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Perdemos feio
Do Diário do Grande ABC
12/02/2016 | 08:39
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Artigo

Ao falar que o Brasil está ‘perdendo feio’ a guerra contra a dengue, o ministro Marcelo Castro prestou serviço, embora incompleto, porque essa não é nossa única ‘derrota feia’. Perdemos a guerra contra a violência: o clima de guerra já se apossou tanto da sociedade, que nos acostumamos a fugir das ruas, trancafiarmo-nos em nossas casas, condomínios fechados, carros e shoppings. A tal ponto que já não nos perguntamos como viver em paz, apenas como conseguir segurança prendendo menores e liberando porte de armas aos cidadãos. Perdemos a guerra da Educação. Com mais de 50 milhões de brasileiros adultos sem o Ensino Fundamental, ainda que governo sério decida fazer a revolução na Educação de base, as crianças já nascidas chegarão à idade adulta despreparadas para enfrentar o desafio da era do conhecimento; não serão capazes de levar o Brasil ao desenvolvimento que precisamos.

Perdemos feio a guerra contra a desigualdade social. Mesmo depois de 15 anos de Bolsa Escola/Família, continuamos campeões de desigualdade, e os resultados na luta contra a fome estão regredindo por causa da inflação. Perdemos feio a guerra do desenvolvimento científico e tecnológico, da inovação e da competitividade. Em muitos setores estamos atrás até mesmo de países pequenos e sem tradição. E nossa Educação, nossas empresas, nossas universidades não estão preparadas para enfrentar este desafio. Perdemos a guerra da Saúde. Não a tratamos como questão sistêmica que cuide da água potável, do saneamento, do trânsito, da Saúde primária e de hospitais eficientes servindo ao interesse do doente, e não aos de empresários, sindicatos ou políticos.

Perdemos momentaneamente a guerra contra a inflação, e há sério risco de que não seremos capazes de vencer e por não querermos tomar as decisões necessárias. Perdemos feio a guerra contra a dívida pública; além de perdemos também a guerra do endividamento das famílias e empresas. Perdemos a guerra das cidades, transformadas em ‘monstrópoles’; violentas, feias, com trânsito atravancado, ruas inundadas e casas sem água. Perdemos também a batalha do transporte público. Perdemos feio a batalha da gestão pública, com Estado ineficiente, dependente dos vícios dos partidos por aparelhamento, dos empresários por subsídios e desonerações fiscais; entregue à voracidade corporativa dos sindicatos, desprezando-se eficiência e mérito. Perdemos a guerra contra a corrupção. Apesar da Lava Jato, a prática continua generalizada e o crime, impune. Perdemos feio a guerra da credibilidade na política e nos políticos, e nada será feito se esta guerra não for vencida.

Estamos próximos de perder a batalha da democracia. Felizmente, ainda não perdemos a guerra da esperança.

Cristovam Buarque é professor emérito da UnB e senador pelo PDT-DF.

Palavra do leitor

Apoio do Netuno
A reportagem neste Diário intitulada ‘Aliados em 2012, Água Santa e Lauro se estranham e clube pode apoiar outro nome em outubro’ (Política, dia 3), parece-me estranha. O clube não pode apoiar ninguém. Essa agremiação foi criada para, por meio do futebol profissional, proporcionar momentos de lazer para sua torcida, formada por pessoas de diversas correntes ideológicas da política partidária, e não servir apenas a um só senhor (Lauro Michels Sobrinho). Outro fato estranho é que o título afirma que o clube pode apoiar outro nome. Só que no seu conteúdo, em momento algum é citado outro nome. Se as informações partiram do presidente Sirqueira, do Água Santa, isso caracteriza mais coação ou pressão psicológica, já que estamos em ano de eleições. Se em 2012 o clube ou sua diretoria aliou-se à candidatura de Lauro Michels, penso que não agiu corretamente. Imaginem se o apoio persiste, como deixa transparecer o prefeito, e nas eleições de 3 de outubro vence outro candidato. O que a diretoria do Água Santa vai justificar para a sua torcida, que comparece fielmente em todos os jogos para incentivar o time?
Arlindo Ligeirinho Ribeiro
Diadema

Plano Cruzado
Voltamos à era do Plano Cruzado. Estive dia 10, pela manhã, no Carrefour Oratório para as compras da semana. Dando voltas pela loja para ver se encontrava algo que não constava na lista, deparei-me com cartaz com a informação de que a cerveja Skol de 300 ml (garrafa retornável) custava R$ 1,39 por unidade. Como não dispunha no momento dos vasilhames, e teria compromisso próximo ao mercado, deixei para comprar à tarde. Aí, troquei os vasilhames e dirigi-me ao local. Quando passei no caixa, para meu espanto, teve acréscimo de 21,38% em algumas horas. Não me conformei e pedi para chamar o responsável, que me disse que foi ‘erro de logística’ e, portanto, não poderia mais manter o valor. Agora tenho de observar muito bem esse hipermercado, pois anuncia preço de manhã e, à tarde, cobra outro. Lembrando que ele já está se preparando novamente para a hiperinflação, pois a cada hora há um preço diferente.
Carlos Frabetti
Santo André

Sentença
Até hoje, a Caixa, mesmo sendo condenada em seu último recurso – por unanimidade dos votos dos desembargadores do Tribunal de Justiça sobre o processo que movi contra ela para receber meus direitos de correção do FGTS dos planos Cruzado e Collor –, não me pagou e não encontrei apoio, caminho livre na Justiça que fizesse a Caixa cumprir a sentença proferida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região de São Paulo. É interessante! A Justiça condena a Caixa, mas não exige o cumprimento da sentença? Eu fico sem receber? E se o condenado tivesse sido eu?
Benone Augusto de Paiva
Capital

Estímulo
O Carnaval coloca o Brasil em destaque no mundo pelos seus aspectos culturais e servindo como divertimento para as mais diferentes classes sociais. E um detalhe precisa ser destacado: a região que investe no Carnaval recebe a contrapartida em sua economia, como pode ser constatado pelas avaliações de especialistas. Esta é questão que precisa servir de estímulo para que se dê o devido destaque ao turismo carnavalesco.
Uriel Villas Boas
Santos (SP)

Contra o Aedes
Parece que grande parte da população brasileira busca atenuar os problemas referentes ao mosquito Aedes aegypti e suas nefastas consequências. Até o governo federal busca se redimir do que deixou de fazer no passado. Onde resido, a associação dos moradores está convocando todos para mutirão amanhã. Exemplo de cidadania. Por outro lado, informa-se que estudantes universitários estão dando trote nos calouros de maneira semelhante àquela que era realizada nos anos 1950-1960: tinta e lama! Não poderiam, veteranos e calouros, se reunirem e fazer trabalho consciente no próprio campus e comunidades próximas? Não dá vontade de chorar?
Marco Antonio Esteves Balbi
Rio de Janeiro

Descansem em paz
Depois das férias de quase dois meses, recebendo salário muito aquém da necessidade e da enorme responsabilidade com todos nós brasileiros, como prova do nosso apreço e consideração, ainda damos aos nossos digníssimos parlamentares dez dias de folga para que pulem Carnaval. Saiam em suas lanchas para pescar, desanuviar suas cabeças de tanto trabalho, porque neste ano terão muita coisa a aprovar. Fora o desgaste. Vale lembrar que no julgamento do impeachment o nome de todos eles será lembrado pela população. A aprovação da ‘presidenta gerenta incompetenta’ Dillma já está em 5%! Realmente nossos parlamentares merecem muitas férias!
Beatriz Campos
Capital 




Comentários

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