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Inclusão digital chega a Rio Grande da Serra
Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
07/12/2002 | 18:02
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A inclusão digital chegou a Rio Grande da Serra. A ONG Associação Cidadania e Vida (ACV), em parceria com a Agência Adventista de Desenvolvimento de Recursos Assistenciais (adra), criou na cidade o primeiro curso básico gratuito de informática para jovens e adolescentes carentes ou desempregados, entre 14 e 20 anos.

Freqüentemente, eles estão nas duas categorias. O programa começa atendendo o bairro Pedreira e região, um dos mais pobres do município e localizado a 7 km do Centro. Na primeira fase, são 80 alunos que, desde a última terça-feira, estão se familiarizando, a maioria deles pela primeira vez, com um computador.

O Programa de Inclusão Digital prevê no período de um ano atender 160 jovens, 80 por semestre. As aulas acontecem no núcleo da Adra segundas-feiras e quartas-feiras, e terças-feiras e quintas-feiras, em dois períodos: das 10h30 às 12h, e das 13h às 17h. A primeira turma deve se formar em junho de 2003 pelo cronograma da ACV, entidade sem fins lucrativos fundada em 10 de maio deste ano e com sede na Centro do município. Por turma, em cada turno, são dez alunos. Dois por microcomputador, já que a ONG possui cinco equipamentos no total.

De olho na geração de renda e em busca da auto-estima perdida, em torno de 200 jovens dos bairros Pedreira, Vila Suzuki, Vila Niwa e Sete Pontes preencheram a ficha de inscrição. Até mesmo pessoas com mais de 20 anos se interessaram pelo curso, segundo a presidente da ACV, Maria Rita Serrano. Ela também é vice-prefeita da cidade e ex-secretária de Cidadania e Ação Social, mas o trabalho voluntário é feito em caráter particular. “A demanda realmente foi grande, principalmente entre maiores de 20 anos. Para 2003, pretendemos criar um projeto específico para adultos”, afirmou.

Para as 80 vagas disponíveis nessa primeira etapa, os voluntários fizeram uma triagem entre os 200 candidatos. Os critérios variaram da faixa etária à renda familiar (de até dois salários mínimos). Ainda de acordo com Maria Rita, a escolha por Rio Grande da Serra deve-se ao fato de a cidade ser a mais carente do Grande ABC, além de seu território estar centrado totalmente em área de manancial e a população ser predominantemente formada de jovens e de famílias de migrantes. O desemprego e a falta de qualificação profissional são apenas dois dos problemas do município.

Concluído o curso básico de informática, os jovens e adolescentes serão cadastrados em um banco de vagas. “Alguns deles poderão ser aproveitados como monitores para os próximos núcleos que iremos formar no município”, explicou Maria Rita. Porém, antes de tudo, os monitores têm de ser “adotados”, ou seja, alguma empresa precisa bancar o salário.

A idéia, ainda de acordo com Maria Rita, é criar novos núcleos na cidade. O Parque das Américas, por exemplo, é um dos interessados. “O local para abrigar os jovens inclusive já temos.”

Estreante no trabalho de educação do jovens, Débora Diogo, 41 anos, de Santo André, é quem conduz o curso. “A experiência está sendo maravilhosa. O curso, além de informática, dá noções de cidadania”, disse, entusiasmada.

Ana Paula Oliveira Espírito Santo, 22 anos, que auxilia Débora, moradora na Pedreira, o primeiro bairro da cidade, com apenas uma única escola estadual, de madeira, vai mais além: “Vamos dar auto-estima, o povo daqui precisa.”




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