Economia Titulo Desaceleração
Crédito está em
queda na região

Volume de recursos emprestados, que foi de R$ 20,4
bi, é 0,9% menor do que no mesmo período de 2013

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
29/08/2014 | 07:26
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Depois de ter crescido entre 2010 e 2012 e ficado praticamente estável no ano passado, o volume de operações de crédito no Grande ABC vem agora em retração. No primeiro quadrimestre de 2014, a média mensal dos recursos emprestados (R$ 20,393 bilhões) ficou 0,91% menor na comparação com mesmo período do ano passado. O montante é semelhante ao de setembro de 2012. Os dados constam do novo boletim do Observatório Econômico da Universidade Metodista, divulgado ontem.

Segundo o coordenador do Observatório, o professor Sandro Maskio, os números refletem, entre outros fatores, a alta inadimplência e o lento crescimento da economia, que colaboram para que as instituições financeiras encareçam o custo das operações e fiquem mais restritivas na hora de emprestar. Pesquisa da Serasa Experian aponta que o índice de inadimplência do consumidor no País cresceu 11% em julho na comparação com mesmo mês de 2013, mas há outros indicadores que mostram que o atraso nos pagamentos, embora permaneça em patamar elevado, até tem diminuído. De acordo com levantamento do BC (Banco Central), por exemplo, os atrasos para as famílias foram de 6,6% do total emprestado, 0,6% menos que há um ano.

Estudo da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção de Crédito) para o Grande ABC aponta retração de 4,6% no indicador de não pagamentos de dívidas vencidas em julho. Ao mesmo tempo, no entanto, mostra que a recuperação de crédito também caiu, 5,8%, no mesmo período, o que indica que há menos pessoas dispostas a contrair empréstimos, por causa do endividamento e dos receios de perder o emprego, em cenário de consumo retraído e de diminuição dos postos de trabalho na região.

A perspectiva de baixo crescimento da economia também ajuda a fazer os juros subirem, segundo o professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato. “Os bancos precificam o risco”, disse. A taxa média do crédito para as famílias chegou a 43,2% ao ano ou 3,04% ao mês, maior patamar desde 2011, de acordo com o BC.

Ao mesmo tempo, as instituições financeiras ampliaram as restrições para aprovação de crédito, por exemplo, na compra de veículos. Maskio cita que, se em 2010, a cada dez fichas de interessados em financiar, sete eram aprovadas, agora esse número caiu para três. Além disso, o endividamento médio das famílias brasileiras está elevado. Em março, correspondia a 45,3% da renda anual, e o grau do comprometimento mensal do rendimento com pagamento do valor emprestado mais os juros chegava a 21,3%, conforme o Banco Central.

Além da atividade econômica mais lenta, o cenário de inflação alta e de queda da massa salarial (a renda média multiplicada pelo total de pessoas empregadas), também contribui para a retração do crédito. Dados da pesquisa do Seade/Dieese divulgada na quarta-feira mostram que se reduziu em junho, em 7,1%, a massa de rendimentos do pessoal ocupado no Grande ABC na comparação com igual mês de 2013. Essa retração se explica pela perda de postos de trabalho na indústria, que paga salários maiores. E, nos últimos 12 meses, o setor fechou 10 mil vagas. Isso significa menos dinheiro em circulação para o consumo. “A massa de renda é o que dinamiza o comércio”, assinala Maskio.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;