O recorde de vendas de veículos novos em julho não deixa de ser grata surpresa. Quando o mercado já esperava por vendas médias mensais de 250 mil unidades no segundo semestre, a comercialização de 302.427 unidades de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus superou as expectativas.

O crescimento foi de 6% sobre julho de 2009 - que já havia sido o melhor de todos os tempos com o emplacamento de 285.415 unidades. A alta foi de 15,08% ante junho.

Vários cenários se configuram a partir desses dados. O primeiro é a possível volta ao ritmo acelerado até o fim do ano, com a indústria utilizando quase toda a capacidade instalada. Isso garante a continuidade de investimentos, mas gera estresse na cadeia - o que, para muitos analistas, não é ideal. Outro dado importante é que o setor pode já ter superado a fase dos benefícios fiscais - recurso que impulsionou as vendas em 2009 e no primeiro trimestre de 2010. Se agosto mostrar a mesma força, a indústria terá vitalidade para continuar na rota de crescimento pelos próximos anos.

Com isso, o Brasil, que ameaçou ocupar o posto de quarto maior mercado mundial, à frente da Alemanha, no primeiro semestre, pode consolidar a posição agora no segundo semestre se o mercado continuar na toada do mês anterior.

A importância disso é o mercado continuar ainda mais atraente para competidores de todas as partes do mundo. Nessa onda, o consumidor só tem a ganhar, já que a tendência é o acirramento da concorrência entre montadoras, que vão brigar por cada centímetro do mercado, aumentando as promoções, descontos e condições de pagamento.

O Salão do Automóvel de São Paulo, previsto para outubro, injetará ainda mais ânimo, pois todas as marcas preparam novidades para a ocasião. Novas empresas, como a chinesa JAC, farão do evento sua plataforma de lançamento.

ACUMULADO
No acumulado do ano, a indústria exibe números vigorosos. Nos sete primeiros meses, já foram vendidas 1.882.122 unidades - 146.9191 veículos a mais que as 1.735.203 unidades comercializadas no mesmo período do ano passado. O aumento é de 8,4%.

Nos últimos 12 meses, o mercado já ultrapassa 3,2 milhões de veículos comercializados. Se o segundo semestre continuar mostrando força, a previsão de 3,4 milhões de unidades feitas pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) deverá se confirmar.

Um dado que tem virado referência no setor é a média de venda diária. Esta também melhorou em julho em relação ao mês anterior. Saltou de 12.409 unidades para 13.747, representando aumento de 11%.

"Não deixam de ser dados representativos", afirmou o consultor da ADK para o setor automobilístico, Paulo Roberto Garbossa. "Mas vamos ver se as vendas conseguem manter a tendência de alta daqui pra frente", disse.

O presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sergio Reze, disse acreditar em tendência de alta, mas frisou que julho costuma ser um mês atípico. Além disso, há renovação de estoque por parte de grandes frotistas, que compraram das montadoras.

Prova disso é que o Chevrolet Celta, um dos carros mais utilizados por locadoras, pulou da quarta para a terceira posição no ranking da Fenabrave entre os modelos mais vendidos no mercado brasileiro.

"Em julho, ainda tivemos efeito da Copa do Mundo e o feriado do dia 9 em São Paulo, mas mesmo assim o mercado evoluiu, mostrando que a tendência é de crescimento", afirmou Reze, destacando ainda queda nas taxas de financiamento e as diversas promoções realizadas.

DUAS RODAS E CAMINHÕES
O segmento de duas rodas, que apresentou dificuldades devido a uma análise de crédito mais criteriosa por parte dos bancos, também está se recuperando, com alta de 7, 66% no acumulado do ano. Comparando julho com junho, o segmento cresceu 6,69%, saltando de 138.644 unidades para 147.916.

Caminhões também vêm em ritmo de forte crescimento em relação ao ano passado. Só em julho, foram comercializados 85.568 contra 55.520 no mesmo período de 2009, alta de 54,12%. De junho para julho, o segmento teve aumento de 13,05%. Foram negociadas 14.688 unidades em julho, ante 12.992 no mês anterior.