O "salto" ocorre somente nesse caso. Os dois dígitos foram obtidos na segunda-feira, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou a venda da Eletrobrás, e se mantiveram com a divulgação de que a Casa da Moeda e o aeroporto de Congonhas estão na lista do que será oferecido à iniciativa privada.
Na avaliação de auxiliares de Temer, as privatizações podem dissipar as desconfianças do mercado sobre os rumos da economia e, de quebra, reaproximar o discurso do governo da sociedade, principalmente da classe média. Desde as delações da JBS, que vieram à tona em maio, levantamentos indicam a deterioração da imagem do presidente.
Foi por isso que os dados obtidos nas redes sociais após o anúncio do plano animaram o Planalto e a cúpula do PMDB. Agora, até mesmo uma pesquisa qualitativa da Fundação Perseu Abramo, braço acadêmico do PT, está sendo lembrada por interlocutores de Temer para mostrar que a população quer um Estado mais enxuto.
Feita entre novembro de 2016 e janeiro deste ano na periferia de São Paulo, a consulta revelou que ex-eleitores do PT veem o Estado como "inimigo" responsável por se apropriar do dinheiro dos impostos e fornecer serviços de baixa qualidade.
Para o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral), o pacote não tem apenas objetivo fiscal. "É evidente que, do ponto de vista econômico e social, deveríamos ter um programa para enfrentar o desafio do emprego e da renda, além de melhorar a infraestrutura", argumentou ele.
Racha
A base aliada do governo, porém, já começou a criticar a proposta. As resistências aparecem cada vez mais fortes no Congresso, mas, em conversas reservadas, muitos políticos observam que a queixa tem como pano de fundo o medo de alguns colegas de perder cargos em estatais com gordos orçamentos, como a Eletrobrás.
"Eu tenho zero de cargo", afirmou o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, que é contra a venda da Eletrobrás. Questionado sobre o domínio do grupo do ex-presidente José Sarney (PMDB) - integrado por ele - na distribuição de diretorias do sistema elétrico, Lobão disse que isso "é uma falácia". E completou: "Nada é particularmente do Sarney nem meu".
Adepto da máxima "quanto menos Estado, melhor", o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), afirmou que a Lava Jato jogou luz sobre a corrupção nas estatais. "Historicamente, essas empresas têm servido de instrumento para financiar projetos político-partidários dos governos de plantão", disse. Efraim lançou até um desafio aos colegas contrários às privatizações: "Se hoje as telefônicas pertencessem ao Estado, será que o serviço prestado seria melhor?" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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