Setecidades Titulo Saúde
Mais Médicos traz
poucas melhorias ao ABC

Pacientes da rede municipal relatam que o tempo de
espera para ainda é alto; programa completou um ano

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
03/09/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Há exato um ano, médicos – a maioria estrangeiros – ingressavam nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do Grande ABC, por meio do Programa Mais Médicos, do governo federal, criado com o intuito de levar mais profissionais para regiões que sofriam deficit em seus quadros. Em seis cidades (exceto São Caetano) 145 clínicos passaram a integrar as equipes. Porém, para a população, pouca coisa mudou e a espera para conseguir atendimento ainda é alta.

“Não mudou nada. As consultas continuam demorando para serem marcadas”, disse a dona de casa Aline Silva, 30 anos, usuária do posto localizado no bairro Feital, em Mauá. O município recebeu a maior parte dos médicos da região: 47, distribuídos em 19 UBSs.

Em São Bernardo, segunda cidade com maior número de clínicos do programa (35, divididos em 22 unidades), a frustração é a mesma. “Sou diabético, ou seja, mais suscetível a desenvolver problemas de coração e, demorei três meses para fazer um eletrocardiograma. Ao pegar o resultado do exame, mais uma longa espera para passar com o médico”, falou o vigilante Rinaldo José da Silva, 51, atendido pela UBS da Vila São Pedro.

A jovem Joyce Sousa Pereira, 19, aguarda, há oito meses um retorno para o filho de 4 anos fazer cirurgia de circuncisão. “Minha mãe espera um ano e dois meses para fazer uma endoscopia. Continua a mesma demora de sempre.”

Em Santo André, onde há 23 profissionais do Mais Médicos, a dona de casa Andreia Barbosa, 32, foi ontem à UBS Jardim Santo André, mas voltou para casa sem êxito. “Tentei marcar para passar minha filha no pediatra, mas não tinha vaga. No mês passado, eu já havia tentado a consulta e também não consegui.”

Uma paciente de 56 anos que foi ontem à UBS do Jardim Inamar, em Diadema, também faz críticas. Lá, está um dos dez clínicos que vieram para o município. “Aqui não fez diferença. Já tentei três vezes passar com o clínico-geral para pedir encaminhamento para o ortopedista.”

Gestora elogia clínicos estrangeiros

Apesar das críticas dos pacientes da região, a gestora da Atenção Básica de Mauá, Iacy Millone, elogia o desempenho dos profissionais estrangeiros que participam do Programa Mais Médicos na cidade. O município recebeu 47 clínicos, todos nascidos em Cuba. Os atendentes integram a ESF (Estratégia de Saúde da Família).

Entre os principais elogios feitos aos estrangeiros está o modo como lidam com os pacientes. “Eles têm muita paciência, ouvem as pessoas. As consultas costumam ser mais longas. Isso dá mais segurança”, comenta. Por outro lado, Iacy avalia que os médicos brasileiros que atuam na cidade não deixam a desejar na qualidade do atendimento. “Não são muito diferentes dos que já tínhamos aqui. Muitos, inclusive, estão com a gente desde 2000, quando fizemos o primeiro concurso da ESF.”

A gestora reconhece que, inicialmente, a diferença de idioma foi a principal dificuldade enfrentada pelos cubanos. “Mas isso foi superado em pouco tempo. Mesmo porque, o espanhol e o português não são línguas tão diferentes. Todos eles já tinham participado de missões internacionais anteriores, o que facilitou muito esse processo.”

Atualmente, Mauá conta com 83 equipes da ESF. Para universalizar o atendimento, seriam necessárias em torno de 100.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;