Não que precisasse de mais, pois já há episódios suficientes para demonstrar que a ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) em São Bernardo é mais político que social, mas o viés partidário do grupo de invasores de terreno particular se acentua com o passar dos dias. Ontem, por exemplo, centenas de manifestantes prejudicaram o trânsito no Centro da cidade, durante o horário de pico, em ato que nada tem a ver com a legítima batalha por moradia.
É sempre assim. A bandeira da Habitação que os integrantes do movimento carregam não passa de pretexto. Fazer política acaba sendo o real objetivo da turma comandada por Guilherme Boulos, o bem-nascido ativista que sequer se preocupa em disfarçar o desejo de concorrer à Presidência da República – ele já dá entrevistas, com absoluta desenvoltura, apresentando-se como pré-candidato. A bola da vez, utilizada desavergonhadamente como plataforma de campanha, é a batalha contra a reforma da Previdência do governo Michel Temer (MDB).
Depois de invadir terreno particular em São Bernardo e conseguir costurar com o Ministério Público acordo altamente benéfico aos seus interesses, permitindo que prossiga a ocupação até abril, a turma de Boulos não faz outra coisa a não ser tentar desestabilizar os governos federal, como no ato de ontem, o estadual e o municipal, comandado por Orlando Morando, representante do PSDB que a esquerda persegue com especial predileção, talvez por ser a única força política, hoje, capaz de lhe fazer frente na corrida presidencial.
É evidente que nenhuma alma sensata se coloca contra a luta popular por teto decente, mas não se pode condescender com a ilegalidade e o desrespeito praticados pelo MTST no Grande ABC. O movimento desrespeita, de forma contumaz, a determinação da Justiça de não realizar atos que prejudiquem o dia a dia dos cidadãos. Fizeram em janeiro e, como não receberam nenhuma punição, repetiram o feito ontem. Quem sabe o que virá? Ainda mais com a aproximação das eleições gerais de outubro.