Cultura & Lazer Titulo Sucessor de Suassuna
Zuenir é imortal

Jornalista toma posse nesta sexta-feira da
cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras

Por Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
06/03/2015 | 08:26
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Divulgação


Um quarto de século se passou desde que a cadeira de número 32 da ABL (Academia Brasileira de Letras) foi ocupada por seu último imortal. Ariano Suassuna era o nome dele. Em seu discurso de posse confessou ter jogado fora o primeiro texto que preparou porque não queria ser acometido pela emoção. “Ele penetrava de tal modo nas zonas de sombra da minha vida que eu não teria coragem para resistir à sua leitura.” A mesma preocupação com enunciado também tem tirado o sono de seu sucessor, o jornalista e escritor Zuenir Ventura.

É que hoje, vestido com seu ‘fardão’ – qualificado pela neta Alice, 5 anos, como ‘fashion’ –, às 21h, ele toma posse da honrada cadeira e dá início à sua imortalidade. “Estou muito nervoso”, confessa. Debruçado na obra do antecessor, ficou dias preparando seu texto. “É um momento muito importante da minha vida. Mesmo aos 83 anos tenho a sensação de uma nova etapa. Estou como se fosse fazer exame oral.”

Mineiro de Além Paraíba, Zuenir diz que, ao contrário de Suassuna, nunca havia vislumbrado tal nomeação. “Sou filho de um pintor de parede, a minha primeira atividade foi como pintor, estudei com dificuldades e nunca pensei que fosse entrar para Academia. Estou honrado, mas é uma responsabilidade. Ariano, assim como Machado de Assis, é insubstituível. Vou suceder humildemente ele, de quem sempre fui um grande admirador.”

Conta que em uma de suas últimas entrevistas, dada ao jornalista Gerson Camarotti, Suassuna (que morreu em julho do ano passado) defendeu sua eleição para a Academia. “Por terrível ironia do destino vou para cadeira dele.” Zuenir diz que depois do anúncio de sua eleição, no fim do ano, tem sido parado nas ruas para ser parabenizado.

Confessa que não sabia que a instituição tinha tamanha popularidade. Sua teoria é de que isso acontece porque ela tem aberto espaço para a sociedade com seminários, debates e eventos semanais. “Tem um programa que acho lindo que é a visita de alunos das escolas públicas. Eles vão onde o Machado de Assis sentava. Espero contribuir nesse projeto da Academia de interação com a sociedade. Criticava-se antes que ela era elitista. Hoje é uma casa aberta.”

O escritor, que se formou em letras neolatinas, atualmente é cronista da revista Época e do jornal O Globo. Em 2010, foi eleito ‘o jornalista do ano’ pela Associação dos Correspondentes Estrangeiros. Entre inúmeros prêmios, recebeu, em 1989, o Jabuti (categoria reportagem) por 1968 – O Ano Que Não Terminou.

Embora seja orgulhoso deste livro – foram mais de 400 mil exemplares vendidos –, ele destaca também duas outras obras de sua autoria: Cidade Partida e Chico Mendes – Crime e Castigo. “(Livro) É igual filho, não dá para saber o preferido.” Algum lançamento em vista? “Por enquanto estou preparando só o meu discurso, não faço outra coisa a não ser ler e reler Ariano Suassuna.” Absolutamente compreensível.  




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