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Terça-Feira, 23 de Abril de 2024

Educação sob ataque de conservadores
Do Diário do Grande ABC
21/11/2018 | 12:31
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Artigo

Que as coisas não andam bem para a Educação brasileira não é propriamente uma novidade. O que espanta são as ideias nascidas e alimentadas pelos setores conservadores da sociedade brasileira, que enxergam na doutrinação o mal a ser combatido.

Andar para trás é possível, recuar no processo civilizatório também. É o que se pretende com a discussão sobre o doutrinarismo nas escolas brasileiras.

Quando se fala em escola sem partido parte-se do pressuposto de que as escolas têm partido. Ou, de outra forma, grupo gigantesco de professores no Brasil, intensamente conectados em suas ações como educadores, realizam doutrinação esquerdista que visa fazer a cabeça de nossos alunos para o comunismo e adoção do homossexualismo.

O que é mais incrível é saber que estas teses colam. Como isso é possível? Elas fazem parte de um todo político maior e mais complexo, onde se desenvolve a ideia de um mal que orbita pelas esquinas na sociedade, escuras e despovoadas, onde o inimigo interno espreita as fragilidades dos mais jovens e incute em suas cabeças ideias malignas e obscenas.

Na década de 1950, em plena Guerra Fria, isso seria até normal, nos anos da ditadura militar (1964 a 1985) seria objeto de anúncio presidencial em cadeia nacional. No século 21 é, definitivamente, ideia sem fundamento e descabida.

Mas a receita é simples: ao invés de discutir investimentos em Educação, melhoria das condições de trabalho e salário dos docentes, acesso à internet nas escolas, melhorias na infraestrutura, dentre outras necessidades, apontamos o dedo (agora está na moda) para os professores e elegemos sua capacidade em gerar gays e comunistas como o grande mal a ser combatido.

Na verdade, essas propostas servem de escudo contra a exposição das verdadeiras fragilidades de nosso sistema educacional. Ao eleger o professor como o responsável pelos problemas da Educação, tornamos opacas as verdadeiras causas da crise da Educação nacional.

Ao longo do tempo o efeito será falta maior ainda de profissionais trabalhando com Educação, uma vez que os problemas que estes enfrentam em seu cotidiano de trabalho serão acrescidos pela falta de liberdade de cátedra.

Estamos diante de visão obscurantista e retrógrada da escola, do ensino e dos estudantes. Somente muito medo, misturado ao desconhecimento, sustenta a crença desse poder incomensurável dos professores.

Ricardo Alvarez é professor da Fundação Santo André.

Palavra do leitor

Figura histórica
No dia 14 de novembro de 1920, falecia na França, para onde foi banida de seu país, a princesa Isabel de Orleans e Bragança. Os golpistas de 15 de novembro de 1889, machistas, preconceituosos e oportunistas, não suportariam serem governados por uma mulher. ‘Crimes’ lhe imputados: ser mulher e católica praticante (já que os golpistas cultuavam a religião humanista ou positivista); ter-se casado com um estrangeiro (francês) e abolido a escravidão (ofensa suprema aos fazendeiros escravagistas); defender o voto feminino e a participação ativa da mulher na política; e outros. Sua nobreza ímpar de caráter e retidão de conduta, exemplar aos nossos governantes, avulta, indelével, quando em sua manifestação, ao referir-se à possibilidade, mais do que previsível e garantida por seus inimigos gratuitos, de perder o trono para a República, disse: “Se a abolição da escravatura é a causa da República, não me arrependo e considero valer a pena perder o trono por ela (a abolição dos escravos)”. Que louvável exemplo de grandeza para nossos políticos e administradores de hoje. E a República, para gáudio e satisfação dos golpistas, foi implantada, um ano e pouco após a Lei Áurea. Cabe, então, lembrar-se de Isabel, homenageando-a.
José Mario Casa
São Bernardo

Racismo
Toda a minha solidariedade ao leitor Vinícius Fortini (Palavra do Leitor, ontem) pela triste experiência vivenciada ao participar de processo seletivo em loja do Shopping Metrópole. É lamentável constatar que tais práticas não constituem exceções; ao contrário, elas ocorrem cotidianamente com muitas pessoas negras em busca por uma vaga no mercado de trabalho, mesmo estando aptas para exercer a função. Ironicamente, nada mais democrático do que o racismo, pois ele está em toda parte: no mercado de trabalho, nas escolas e nas ruas. No entanto, é de fundamental importância que práticas racistas sejam denunciadas, a exemplo do que fez Vinícius Fortini, pois a sociedade precisa saber que ela ainda está longe de ser uma democracia racial, apesar de muitos se negarem a enxergar.
Neusa Maria Pereira Borges
São Bernardo

Consórcio
Leio no nosso Diário que, após a saída de Diadema, as prefeituras de Rio Grande da Serra e São Caetano encaminham o desligamento do Consórcio. Em plena crise econômica, os prefeitos devem administrar bem seus recursos financeiros, sempre na prevalência das suas prioridades. Além disso, o Consórcio, que foi criado basicamente para dar uma solução para o problema regional do lixo, deixa a desejar. Mais recentemente colocou na sua pauta a descentralização da distribuição dos remédios de alto custo, uma tarefa que a princípio não parece difícil, já que todos os municípios têm equipamentos e estrutura de Saúde próprios, mas isso também ainda não aconteceu. Com a saída de três municípios, o Consórcio então teria a abrangência de sua atuação bem diminuída, e seu orçamento de R$ 38 milhões diminuído proporcionalmente para cerca de R$ 16 milhões. Como em qualquer atividade, uma diminuição de receitas tem que implicar de imediato numa diminuição proporcional das despesas. Numa visita ao Portal de Transparência do Consorcio, fica evidente o espaço para a redução de despesas, em especial na estrutura organizacional.
Evaristo de Carvalho Neto
Santo André

Agulha no palheiro
Mais um indicado para o ministério de Bolsonaro aparece no noticiário em situação constrangedora. A bola da vez é a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que, segundo o noticiário, teria mantido parceria com a JBS. Cá entre nós, nenhuma novidade, até porque, nesse meio promíscuo onde orbitam, será muito difícil conseguir auxiliares isentos, íntegros e de conduta moral ilibada. Quem viver, verá.
Maria Elisa Santos
Capital
 




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