Economia Titulo Crise
GM suspende segundo turno

Fábrica passará a operar só de manhã e à tarde
até março, para adequar a produção à demanda

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
06/10/2015 | 07:08
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Denis Maciel/DGABC:


A fábrica da General Motors em São Caetano vai suspender a atividade do segundo turno, fato que não ocorria desde 1981, ou seja, há 34 anos. A operação em único turno, o da manhã e tarde, que vai das 6h às 15h, vai vigorar, por enquanto, de quinta-feira, dia 8, até 7 de março de 2016 e, nesse período, mais 1.600 empregados entrarão em lay-off, instrumento legal em que os funcionários ficam em casa, recebendo valor de seus rendimentos, em parte pago pela empresa com a complementação de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), desde que façam cursos de qualificação.

Além disso, outros 756 – o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano revisou os números divulgados na semana passada, que eram de 781 – que já estavam afastados por esse mecanismo e que voltariam neste mês à fábrica, vão seguir suspensos por mais três meses, ou seja, até dezembro, com retorno em janeiro. Atualmente, trabalham na produção 4.590 empregados, de um total de 9.200 na unidade fabril.

As informações foram passadas ontem em assembleia realizada pelo sindicato no portão 4 da fábrica da montadora no município. A GM, por meio de nota, confirmou o encerramento temporário do segundo turno e a colocação do pessoal em lay-off, sem precisar a quantidade de afetados pela mudança e justificou a decisão: “A medida é necessária para adequar a produção à atual demanda do mercado brasileiro, que registra queda superior a 30% desde janeiro do ano passado.”

Em setembro, ante o mesmo mês do ano passado, as vendas totais de veículos zero-quilômetro no País tiveram queda de 34%, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

A GM não comenta números de produção, mas, segundo o sindicato, até novembro de 2014, quando ainda havia o terceiro turno, eram fabricados 56 veículos por hora. Neste ano, até setembro, com dois turnos, a empresa vinha fabricando 36 a cada 60 minutos, número que, segundo funcionários, caiu para 29 carros por hora. Considerando que a jornada de trabalho é de 7,33 horas por turno, eram até agora 14,66 horas diárias. Em outras palavras, se for mantido o ritmo atual, serão apenas 212 carros saindo da linha de montagem por dia (em um turno só), enquanto no início do ano eram 528 carros por dia e, no fim do ano passado, 821.

SURPRESA - Durante a assembleia, o presidente da entidade dos trabalhadores, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, relatou que, em 25 de setembro, a empresa havia anunciado que tinha 650 excedentes. “Naquela oportunidade já achamos o número elevado. Fomos surpreendidos na quinta-feira com o que hoje (ontem) foi oficializado, que os 650 passaram a ser 1.600”, afirmou. Ainda segundo Cidão, em um primeiro momento a companhia não queria demitir. “Conseguimos a prorrogação por três meses (do afastamento dos 756) e, para 1.600, lay-off por cinco meses.”

Em dezembro, o sindicato deve voltar a sentar para negociar com a direção da montadora, e a expectativa é de que haja melhora na situação do mercado. “Vamos ver se o governo toma alguma medida concreta ou se teremos de buscar outra alternativa”, assinalou. Cidão é contrário à adoção do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) pelo fato de essa medida reduzir os salários dos trabalhadores. Essa ferramenta prevê a diminuição da jornada e do rendimento em até 30%, com a complementação de metade da redução salarial com recursos do FAT, mas sem afastamento do local de trabalho.

LICENÇA - Os funcionários da fábrica da GM em São Caetano estarão de licença remunerada hoje, voltando ao trabalho amanhã.
 




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