Setecidades Titulo Alimentação escolar
Merenda especial atende 2.400 alunos na região

Refeição para estudantes com restrição alimentar é
oferecida mediante indicação; serviço é obrigatório

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
03/01/2015 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Desde que a pequena Maria Fernanda Lima Lopes, 11 anos, descobriu ser intolerante a alimentos com corantes, em 2012, passou a receber merenda especial na escola. A estudante é uma das 2.397 crianças matriculadas nas unidades de Ensino Fundamental 1 (até o 5º ano) das redes municipais de Santo André, São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires que dispõem de dieta específica anualmente. As demais prefeituras da região também oferecem refeição diferenciada, mas não informaram o número de crianças que necessitam do serviço.

Diferente dos colegas da Emeief Mariângela Fuzetto, na Vila Junqueira, em Santo André, a aluna do 5º ano do Ensino Fundamental recebe o prato principal da refeição, composto por carne com legumes, sem molho. “Às vezes eu sinto vontade de comer a comida dos colegas. Também adoro refrigerantes e salgadinhos, mas eu sei que não posso porque eu fico vermelha e passo mal”, destaca.

Para chegar à mesa do refeitório onde Maria Fernanda se alimenta ao lado dos companheiros, a refeição da aluna é elaborada por nutricionistas da Cozinha Central do município. O serviço é determinado pela Lei Federal 11.947, de 2009, que regulamenta a alimentação escolar, e feito mediante solicitação médica. Um dia antes, as profissionais responsáveis pelo atendimento individualizado providenciam a adaptação do cardápio.

“A gente tenta ao máximo fazer com que o prato do aluno com a patologia fique parecido com o do coleguinha ao lado. No caso dos diabéticos, por exemplo, substituímos os alimentos por produtos dietéticos”, observa a nutricionista e encarregada técnica de alimentação escolar da Prefeitura de Santo André, Jacqueline Martins Laranjeira Pinto.

Já nas unidades de ensino, o trabalho das merendeiras é fundamental para garantir que todas as crianças com dieta específica não tenham sua refeição trocada. Para isso, todas as cozinhas contam com tabela na qual são informados desde o nome dos alunos, patologia e a substituição indicada para os alimentos em que há intolerância. Outro cuidado diz respeito aos utensílios utilizados pelas crianças, todos de cor diferente dos demais. “Além da coloração diferenciada, os itens são higienizados separadamente e com esponja exclusiva para não comprometer a saúde”, observa a diretora da Emeief, Margarete Couto de Moraes.

A mãe da garota, a dona de casa Maria Helena da Silva Lima, 50, se diz satisfeita com o atendimento, além de aliviada em saber que a filha está sendo bem cuidada e que a escola está desempenhando seu papel. “Desde os 5 anos que descobrimos que ela tem essa alergia a vários alimentos. Ela sofre bastante porque sente falta de coisas que a criançada adora, como pizza, mas só pode comer alimentos naturais”, comenta.

Intolerância a ingredientes é problema mais comum

As intolerâncias alimentares representam a maior parte dos atendimentos realizados a crianças em idade escolar na rede municipal da região. Em São Bernardo, por exemplo, as alergias ao leite de vaca e/ou intolerância a lactose, alergias a corantes e conservantes alimentares e a alimentos como glúten/trigo, chocolate, peixes e frutos do mar, oleaginosas, ovo e frutas somam cerca de 58% dos 1.400 atendimentos. A administração têm gasto médio anual de R$ 310 mil com o serviço.

Para 2015, a rede espera aumento no número de alunos beneficiados com dietas especiais, seguindo tendência observada nos anos anteriores (em 2012 foram atendidos cerca de 600 alunos, passando para 1.200 em 2013). Com isso, a Divisão de Alimentação Escolar destaca o desenvolvimento de trabalhos científicos, com aplicação de pesquisas aos pais e familiares com dietas especiais, cujos resultados têm fornecido subsídios para avaliar o atendimento realizado nas escolas.

Em Ribeirão Pires, são atendidos 62 alunos com restrições alimentares, sendo 40 com intolerância a lactose, 15 com diabetes e quatro crianças com alergias alimentares (corantes e conservantes), dois com quadro de dislipidemia e um com obesidade. Nesses casos, a rede gasta em torno de R$ 32 mil por ano com a oferta de dieta especial.

Já em Diadema, o serviço é disponibilizado a 280 estudantes. A maior incidência é de alergia ou intolerância a lactose, o que demanda a troca por leite de soja. Ocorrem também casos de alergia a ovo e a glúten. A Prefeitura tem despesa anual de R$ 120 mil.
Os 2.397 estudantes inclusos nos programas de alimentação representam apenas 1,6% dos cerca de 145 mil alunos das redes municipais de Santo André, São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires. As demais cidades não informaram os dados sobre a demanda. 




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