"Sem duvida é um alento (o aumento na ocupação entre o terceiro e o quarto trimestre). Mas não teve redução na taxa de desocupação porque aumentou a população pressionando o mercado. Essa pressão é ruim? Não, porque essas pessoas estão percebendo um mercado melhor", apontou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A força de trabalho cresceu 0,7%, 747 mil pessoas a mais. Já a população inativa encolheu 0,2%, 98 mil pessoas a menos fora da força de trabalho. "Sinal que a população está saindo do desalento", avaliou Azeredo. "É muito cedo para dizer que é um sinal positivo. A grande interrogação é esse se processo vai se consolidar ou não", completou.
Segundo o pesquisador, o mercado de trabalho está respondendo de forma positiva a um movimento sazonal de geração de vagas temporárias, evitando um aumento maior na taxa de desemprego. Mas o movimento ainda se concentra na informalidade. Houve redução no contingente de pessoas ocupadas no setor privado com carteira assinada (-104 mil), ao passo que aumentou o total de empregados sem carteira no setor privado (+248 mil) e trabalhadores por conta própria (+274 mil).
"Comércio, alojamento e alimentação, a parte de transporte, hospedagem... São grupamentos que mais se movimentaram positivamente", contou Azeredo.
O comércio, que costuma contratar funcionários temporários no fim do ano, ganhou 559 mil ocupados na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre do ano, um avanço de 3,3% no total de vagas. No entanto, ainda dispensou 75 mil empregados no trimestre encerrado em dezembro ante o mesmo período do ano anterior, queda de 0,4% na ocupação no setor.
Na avaliação do coordenador do IBGE, a exposição do País no exterior durante a Olimpíada atraiu mais turistas e criou vagas no comércio e serviços."A entrada de turistas no Brasil está maior. Houve a exposição do Brasil, então trouxe mais turistas. Você tem quadro maior e melhor de alojamento, mais pessoas utilizando comércio, mais pessoas contratadas nos hotéis, mais pessoas nas lojas", justificou Azeredo.
O setor de alojamento e alimentação contratou mais 145 mil pessoas na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2016, enquanto a atividade de transportes criou 110 mil vagas.
"Mas a tendência é que a desocupação venha a subir a partir de março de 2017", ressaltou o coordenador do IBGE, lembrando o fim da alta temporada no País, quando tradicionalmente há dispensa de funcionários temporários.
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