O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), pediu publicamente à população para pressionar os vereadores a aprovar o projeto de lei que autoriza o Executivo a financiar R$ 323,4 milhões e que completa 20 dias de trâmite na segunda-feira, quando será analisado pelo plenário. A cobrança ocorreu durante a entrega de 120 unidades habitacionais no Jardim Silvina. O prefeito afirmou que "13 vereadores ligados ao grupo do ex-prefeito (William Dib, PSDB)" são os responsáveis por impedir que a Prefeitura faça investimentos como o que estava entregando.

O financiamento a que o prefeito se refere seria feito junto à Caixa Econômica Federal e utilizado como contrapartida em investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo o líder do governo, vereador Tião Mateus (PT), o empréstimo garantiria cerca de R$ 800 milhões para obras de combate a enchentes e construção de moradias populares.

Se a matéria não for aprovada até o dia 30, a administração perderá o prazo para vincular o financiamento e garantir os recursos federais.

Os culpados pelo atraso, segundo Marinho, são os vereadores que compõem o recém- formado bloco de centro - Otávio Manente e Marcelo Lima (PPS), Vandir Mogmon e Ivanildo Santana (PSB) e Estevão Camolesi (sem partido) - e a bancada de oposição - Admir Ferro, Hiroyuki Minami e Juarez Tudo Azul (PSBD), Ary de Oliveira, Sérgio Demarchi e Antonio Cabrera (PSB) e Tunico Vieira e Gilberto França (PMDB).

O grupo pediu tempo para analisar um parecer da própria administração sobre o projeto, o qual foi enviado na quarta-feira ao Legislativo.

"Eu tenho um projeto de R$ 104 milhões para combate a enchentes parado e mais outro de R$ 100 milhões para construção de moradias parado. Eu queira executar esses projetos, só que tem 13 vereadores que estão dificultando", discursou Marinho.

O prefeito também falou nas entrelinhas aos populares que a questão era política, pois a oposição entendia que ele estava fazendo obras demais e o resultado seria a preferência da população por ele nas eleições de 2012. "Eles acham que isso vai ficar bom para o Marinho, aí é ruim para eles. Mas na verdade, não é bom para o Marinho, é bom para o povo. Eles não tiveram competência de fazer esses projetos, mas agora pode deixar que eu faço", ressaltou.

Fazendo valer a diferença partidária, Marinho aproveitou para cobrar o governador eleito, Geraldo Alckmin. "Do mesmo jeito que cobro o governo federal vou cobrar o governador. O Estado precisa investir dignamente em São Bernardo, são recursos pesados e importantes para a cidade."

Oposição classifica atitude de petista como ‘prematura'

Para a oposição, a atitude do prefeito, Luiz Marinho, de culpar 13 vereadores, ligados ao ex-prefeito William Dib (PSDB) por atraso de investimentos é "prematura", pois nenhum parlamentar declarou que rejeitaria a medida. Os vereadores afirmam que estão cumprindo seu papel de fiscalizadores do Executivo.

O vereador Antonio Cabrera (PSB) avalia que o prefeito se pronunciou na oportunidade errada. "Nós estamos interessados em aprovar o projeto, mas queremos fazer as análises corretas", declarou. O principal argumento da oposição é sobre o endividamento da cidade e como a Caixa Econômica Federal poderá receber as parcelas mensais. "A Caixa poderá pegar o dinheiro direto do tesouro", disse o vereador Admir Ferro (PSDB)

"Não tem nada a ver com o ex-prefeito. O Marinho tem que sempre achar um culpado por um governo inoperante igual ao dele. Nunca vi uma Câmara tão vazia de projetos como nos últimos meses. Aí chega o fim do ano e ele manda um projeto sem tempo de fazer análise. Se ele tivesse encaminhado há 90 dias já teria resposta. A Câmara é a casa do povo e o povo sempre será bem recebido. Mas a pressão não muda nossa análise", pontuou o tucano.