D+ Titulo Força para continuar
Há cura para as complicações trazidas pelo terror

Vítimas de qualquer tipo de trauma devem procurar apoio psicológico

Luís Felipe Soares
11/03/2018 | 07:10
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Viver em mundo com paz parece ser o ápice da ideia da sociedade mundial. As pessoas desejam passar dias de maneira tranquila, mas diferenças de diversos tipos, incluindo sociais, religiosas e psiquiátricas, são capazes de gerar conflitos. A convivência entre indivíduos talvez seja a parte mais difícil da rotina e os confrontos que surgem no dia a dia – seja com quem você conheça ou não – aparecem em escalas variadas, dos pequenos atos de violação até grandes eventos terroristas. O desafio de quem já passou por algum tipo de situação como essa é encontrar forças para continuar a movimentar sua vida, mas é necessário acompanhamento psicológico, resolução de traumas e compreensão de que o estresse deve ser confrontado de cabeça erguida.

A data de hoje serve para manter na lembrança o quão doloroso pode ser um acontecimento negativamente marcante com o Dia Internacional das Vítimas do Terrorismo, instituído em 2004 em homenagem às mais de 190 mortes e cerca de 1.900 feridos de atentados a bomba ocorridos em Madri, na Espanha, naquele ano. Em 1º de outubro, homem atirou do 32º andar de resort de Las Vegas, nos Estados Unidos, causando óbito de 58 pessoas e ferindo mais de 500 participantes de festival de música no maior caso do tipo já registrado na história norte-americana.

Enquanto as pessoas rezam para as vítimas fatais, os sobreviventes de qualquer caso lidam diariamente com as lembranças. “Essa experiência adentra uma parte do cérebro responsável pelas memórias e é avaliada por área que irá determinar o efeito da circunstância na saúde psicológica da pessoa”, explica Nadia Aparecida Bossa, docente de Neuropsicologia do curso de Psicologia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). “Se for entendido que a experiência gera muita angústia, o cérebro fará com que ocorra espécie de amnésia. Você tem lembranças claras da situação até certo ponto e parece que há um apagão. O caso fica guardado em espaço bem fechado na mente”, diz a professora, atentando para o fato de que detalhes podem ser o gatilho para mal-estar, disparo nas batidas do coração ou pavor repentino.

É importante que as vítimas tenham consciência que existe necessidade de o caso ser discutido. Sinais como ansiedade, cansaço, agressividade, estado de alerta e mau funcionamento de certos órgãos podem indicar estresse pós-traumático. Os cuidados são específicos para cada pessoal e a ajuda da psicologia é essencial, uma vez que a liberdade total desse caos interno é capaz de existir entre tanto terror.

Victoria Robledo Pavliuk Silva, 17 anos, mora na cidade de Parkland, nos Estados Unidos desde dezembro de 2016, quando deixou São Paulo com a família. Em 14 de fevereiro, o que prometia ser apenas mais um dia na Escola Secundária Marjory Stoneman Douglas se tornou pesadelo quando atirador invadiu o local e assassinou 17 pessoas. “Sempre achei muito triste (esse tipo de caso), mas nunca imaginei que aconteceria na minha escola”, comenta, revelando que estava dentro do colégio quando começou a ouvir os disparos e chorava muito durante o drama. “Vamos tentando ajudar um ao outro, falando coisas de apoio para tentar amenizar a dor de cada um. Me acalmei com ajuda dos pais, amigos e psicólogos, sempre incentivando a seguir a viver.” 




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