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Movimentos feministas ganham força no Grande ABC
Por Daniel Tossato
Do Diário OnLine
25/11/2015 | 16:36
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Denis Maciel/DGABC:


O dia 25 de novembro é lembrado pela Campanha Mundial de Combate à Violência Contra as Mulheres, que se estende até o dia 10 de dezembro, quando se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

É visível o aumento dos debates que envolvem mulheres e sobre seu papel na sociedade nos últimos anos. Elas lutam contra os estigmas causados por uma sociedade opressora e machista, na qual dificilmente colhem benefícios.

Na semana passada, uma campanha nas redes sociais chamou a atenção. Com a hashtag #meuprimeiroassedio, mulheres de todo o País dividiram seus estarrecedores relatos de quando passaram por seus primeiros abusos, físicos ou emocionais.

Atrizes, apresentadoras, políticas, estudantes, donas de casa, funcionárias públicas, publicitárias. Mulheres de todas as classes sociais, raças e credos, sofreram algum tipo de assédio durante algum período da vida.

Segundo as participantes do grupo Feminismo de Quintal, que se encontram na casa da assistente pedagógica Elly Chagas, 37 anos, campanhas como a do #meuprimeiroassedio ajudam a revelar histórias que as mulheres não tiveram coragem ou ficaram com vergonha de expor em algum momento. Todas as participantes do grupo relataram terem sofrido assédios durante a infância. “Muitas vezes, a mulher acaba escondendo o acontecimento, pois teme sair como culpada. Isso acontece muito”, explicou Ana Mesquita, 37, uma das participantes do grupo.

Além de trocarem experiências de vida, as integrantes do Feminismo de Quintal, de Santo André, praticam a sororidade e trabalham o empoderamento feminino. “Sororidade é uma palavra utilizada para descrever um encontro de mulheres. Pode-se dizer que é o feminino de fraternidade”, contou Elly.

Tratando-se como “manas”, fica explícita a sinergia de pensamentos, fazendo parecer que realmente são irmãs. Dividindo um copo de cerveja ou de suco, as reuniões do grupo tomam um ar de descontração, mas sem deixar as pautas feministas de lado. “Somos a maioria nas universidades, mas ocupamos menos os cargos de chefia e ganhamos salários mais baixos que os homens”, lembra Ana. “Os encontros de mulheres precisam existir. Nós precisamos debater o que se passa, o que nos incomoda. Uma das intenções é mudarmos a próxima geração, a começar por nossos filhos”, emenda Lígia Helena, enquanto acaricia o filho que dorme em seu colo.

Todas as integrantes dos grupos são categóricas ao afirmarem que o machismo é um problema enraizado na sociedade. “Não aceito mais patriarcalismo ou algo semelhante”, arremata Elly.

Feminista, professora e aposentada 

Outra mulher que participa ativamente dos debates feministas e do empoderamento da mulher é Josefina Gonçalves, 62. A professora aposentada é fundadora do Coletivo Alumiá, de Mauá, e desde 2002, junto de outras mulheres, tenta lutar contra as opressões da sociedade. “Somos 12 mulheres e queremos sempre atrair mais integrantes para que possam somar”.

Josefina explica que as conquistas do grupo ainda são pequenas, mas importantes. “Conseguimos trazer a Defensoria Pública para Mauá. Assim, uma mulher que é vítima de violência mas que não tem condições de pagar algum advogado, pode utilizar os trabalhos do órgão”, relatou.

A professora lembra que sempre teve atuação pró-feminista, desde os 12 ou 13 anos, e mesmo estudando para ser freira, começou a participar dos movimentos clandestinos que existiam na época. “Cheguei a ficar presa por pouco mais de um mês e foi horrível”, recordou enxugando as lágrimas. “Mas nem isso me tirou a vontade e o objetivo de lutar por uma sociedade mais justa.”

Josefina também acredita que a internet e campanhas como #meuprimeiroassedio ajudam mulheres que têm medo de relatar suas péssimas experiências. “É preciso ter cuidado ao utilizar a internet e as redes sociais, mas entendo plenamente que são ferramentas essenciais para a disseminação de conteúdo feminista”, explicou.

Porém, Josefina lembra que dentro do feminismo também há problemas, como o caso da mulher negra, que em alguns momentos, é deixada de lado nas discussões. “Já há um debate do próprio movimento feminista para que esse problema seja resolvido. Conscientização é a palavra.”

A professora esteve presente na Marcha das Mulheres Negras em Brasília, que ocorreu nesta semana, e apesar da confusão que envolveu a atividade, ela relata que tudo ocorreu dentro do planejado. “A presidenta nos recebeu e acolheu nossas pautas e reivindicações. Este era o objetivo da marcha”, disse. 




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