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Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024

Dois passos à frente, um atrás
Do Diário do Grande ABC
14/02/2018 | 15:16
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Artigo

O Brasil discute, nos mais variados fóruns, a importância e os efeitos das ações afirmativas. São muitos os estudos que revelam ganhos que políticas inclusivas proporcionam à sociedade, não somente ao contemplado com uma vaga com base nas leis de cotas étnico-raciais ou para pessoas com deficiências. O mesmo se dá em relação aos que concorrem com base na reserva mínima de vagas para egressos da escola pública. Na soma, as cotas geraram efeitos democratizantes e o registro de desempenho de cotistas tem revelado outro aspecto do acerto dessas políticas. Cotistas praticamente não colaboraram com os números de evasão nos últimos cinco anos e obtiveram em muitos cursos desempenho igual ou superior aos demais.

Essas constatações dizem respeito à presença de cotistas nas universidades federais brasileiras. Essas instituições testemunham que esse universo institucional também acertou quando optou, quase majoritariamente, pelo Enem como porta de entrada para seus cursos. Essa situação, porém, tem particularidades no âmbito da USP (Universidade de São Paulo) que causam perplexidade. Em 2015, a USP admitiu em suas normas regimentais a adesão ao Enem, facultando a cada curso estabelecer critérios de pontuação para cada área e, no mesmo processo, aderiu ao princípio das ações afirmativas, tornando o dispositivo das cotas também componente de seus processos seletivos.

Todavia, a adesão ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada) revelou detalhes da dinâmica ‘uspiana’ que indicam necessidade de rever algumas estratégias, sob pena de fazer com que a força democratizante do Enem seja esvaziada e se torne, na prática, outra expressão de elitismo a somar-se àqueles que têm sido historicamente reconhecidos na instituição. Neste ano, estudantes que tentaram vagas nos cursos da USP via Sisu, principalmente pelas cotas de escola pública e raciais, não esperavam que a indicação das notas mínimas do Enem estivesse em patamar tão elevado que inviabilizasse o acesso aos cursos mais disputados. Dentre esses, alguns permaneceram com vagas ociosas, uma vez que a nota de corte de determinadas áreas impediu o acesso mesmo de candidatos com pontuação promissora.

Portanto, corre-se o risco de promover adesão artificial ao Enem no que diz respeito aos cursos mais procurados, fazendo com que em termos concretos a instituição ostente adesão às políticas de democratização do acesso, mas, paradoxalmente, colabore para que os cursos mais elitizados permaneçam tal como estavam. Enem e cotas são mais do que boas notícias, são conquistas. Conquistas devem ser tratadas com muito zelo, atenção e avaliação permanente para que, no âmbito das decisões colegiadas, não sejam esvaziadas.

Gilberto Alvarez é diretor do Cursinho da Poli e presidente da Fundação PoliSaber.

Palavra do leitor

Fim do acolhimento
Excelente o Artigo escrito neste Diário pelo empresário e vereador Mauro Miaguti sobre a realidade da adoção no Brasil (Opinião, ontem). Trabalhei na área de formação profissional de uma multinacional, onde eram dadas oportunidades a menores institucionalizados, e muitos se deram bem, tornaram-se excelentes profissionais, mas outros acabavam parando no meio do caminho. Infelizmente, desses, ou não tínhamos mais notícias ou as informações que nos chegavam não eram as melhores. O grande problema é a forma abrupta com que são desligados do acolhimento e mandados para o mundo para andar com as próprias pernas. Acho que deveria existir período de transição entre o fim do acolhimento e o encaminhamento desses jovens para o mercado de trabalho. Não sei, na prática, como isso poderia ser resolvido, mas acredito que algumas discussões sobre o tema poderiam ser iniciadas.
José Clovis Boaro
Santo André

Cotas para ministros
A imprensa noticia que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) têm direito a mais de R$ 51 mil ao ano para passagens aéreas. No entender do STF, ‘os ministros podem despachar eletronicamente de qualquer lugar do País’. Agora ficou escancarado que um ministro que pede vistas de um processo que já tem maioria formada está apenas procrastinando a publicação do acórdão. Com a palavra o ministro Dias Toffoli para se pronunciar sobre o processo que dormita em seu computador.
Claudio Juchem
Capital

País da teoria
Estamos sendo comandados por teóricos neste País. Tem presidente que não preside, governadores que não governam, ministros que não ministram, a não ser em causa própria. E quando deliberam sobre a criminalidade, é sempre em favor dos ‘direitos humanos de bandidos’. Assim fica difícil!
Luís Fernando Amaral Santos
Laguna (SC)

Injusta Justiça
Lula administrou por oito anos a Nação e a nossa Justiça não o flagrou em atos ilícitos, fazendo coisas erradas. Agora, depois de tudo o que passamos, não vejo a Justiça sendo inteligente, insistindo em punir ex-presidente da República por conta de indícios ou suposições, após administrar País corrupto como o Brasil. Até mesmo porque, se for para investigar a fundo e punir todos os políticos por ‘indícios’ de roubos ou corrupção, vão ver vestígios de muitas coisas erradas e poucos deles sobrarão. E aí? Vão punir todos ou só querem castigar o ex-presidente Lula? Será só para confirmar aquele velho ditado que prega que ‘a Justiça tarda, mas não falha’? Algo que não é verdade, porque, se for contra pobres, não tarda e vão para a cadeia. Já os ricos pagam com dinheiro, não o que roubaram, mas bem menos que isso e após muito tempo. Que Justiça é essa? Se querem provar que a Justiça é justa com todos, primeiro baixem decreto para mandar para a cadeia quem for pego fazendo coisa errada. Aí, sim, a Nação ficará orgulhosa da nossa Justiça.
Gildauro Alves da Silva
Mauá

Experiência ruim
Precisar de serviço público já nos gera apreensão, porém ainda criamos a expectativa de atendimento ao menos razoável, uma vez que temos ciência do quanto pagamos de impostos. Não foi o caso da minha experiência na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Central, em Santo André. Ao levar minha mãe a síntese da constatação é a de que pronto atendimento está somente no nome. Claramente faltam profissionais e recursos para bom atendimento. A meu ver um grande desrespeito, principalmente aos mais debilitados. Triste deparar-me com essa experiência.
Artur Gimenes
Santo André

Tarifa
Em relação à justificativa do prefeito de São Bernardo em autorizar o aumento da tarifa de transporte por conta do custo operacional, há de se afirmar que não é responsabilidade da gestão transferir para a população usuária custo financeiro da empresa. Cabe, sim, cobrar o cumprimento do contrato de concessão, o que não acontece. Por exemplo, sobre a devassa feita na SBCTrans, com os cobradores sendo ‘jogados’ na rua, sequer o governo se posicionou. Tal atitude gerou maus serviços, com os motoristas passando a executar as duas funções. Aí o governo tucano lava as mãos, como sempre! Não tem compromisso social.
Gércio Vidal
São Bernardo

Inútil
Faz um ano e meio (aniversário é em agosto) do impeachment de Dilma Rousseff, condenada por crime de responsabilidade, e nada se tem a comemorar. A Nação parou, estagnou. Não teve o que foi prometido pelos apoiadores do impeachment, qual seja, retomada da confiança e do crescimento, estabilidade política e outras coisas importantes para que o País pudesse retomar o bom caminho. Prova de que as acusações foram focadas em crimes inexistentes na segunda gestão dela, haja vista que, depois, muitos – senadores, inclusive – que votaram a favor do impedimento confessaram que não houve crime nenhum. Há de se questionar a validade do ato. E o que se esperava que melhorasse, na verdade só piorou. E não se tem esperança de dias melhores. Pelo contrário. Parece que ‘os apoiadores’ se juntaram para impor suas vontades e desmandos. O povo virou mero espectador, sem voz, sem futuro, do qual são subtraídas todos os dias a força e a vontade de lutar. A cada dia tem-se mais a impressão de que tudo não passou realmente de golpe. E é de causar espanto ver que tem certos missivistas que ainda não enxergaram isso e não recuam. É preciso, nas próximas eleições, dar fim a todos os apoiadores do golpe.
Elaide Pereira
Rio Grande da Serra 




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