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Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024

Viva o feriado!
Rodolfo de Souza
19/10/2017 | 07:00
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Parece que poucos países no mundo desfrutam de tantos feriados como o Brasil. Aos olhos de uma determinada camada da sociedade, a que dá as cartas, talvez denote exagero tanta comemoração, que por certo acaba por tirar do trabalhador o afã para o trabalho, sina para a qual fora criado, afinal de contas.
É possível até que sejamos motivo de inveja para as populações do mundo, pouco ou nada habituadas ao descanso prolongado, feriadão que superlota as rodovias apinhadas de gente que não perde a oportunidade de se refestelar em outros terreiros.
O feriado é, pois, cultural aqui em Pátria de meu Deus. Desde o início do ano é preocupação das pessoas tomar nas mãos o novo calendário só para botar nele o dedo frenético e contar os dias em que poderão deixar o batente de lado e se entregar à exaustiva tarefa de ficar à toa. Se o estrangeiro não sabe o que é isso, pobre dele que um dia desdenhou da Pátria Tupinambá e guiou sua cegonha para outra direção.
Pois é, aqui nós temos Carnaval que, em algumas partes do País, tem início semana antes e término semana depois da data oficial. É festa que não acaba mais, sempre regada de muito suor e cerveja.
Aqui em território verde-amarelo é assim, tem Sexta-Feira Santa, que de triste não tem nada, embora esteja aí para lembrar a morte do Cristo. Mas por que aborrecimento se o que vem depois é a ressurreição? Tratemos logo de cair na farra! – grita a rapaziada.
Muita festa também se faz, por causa da execução do mártir que jamais imaginou o quanto o povo que ainda viria a nascer apreciaria a sua causa. Até porque, sem ela esta data não passaria de um corriqueiro e funesto dia de trabalho.
No Dia do Trabalho, aliás, quase ninguém trabalha.
Festança no arraiá arrasta multidões para as ruas semanas e mais semanas, e o forró dá o tom das comemorações em regiões mais quentes e arretadas do País.
No dia da Pátria, então, quando há feriado prolongado, o povo se enche de um civismo tocante e parte logo para a praia.
Mas na celebração de Aparecida os romeiros seguem o seu ritual à risca, isso sim, embora os demais só pensem mesmo em desfrutar do merecido feriado, claro. Muitos até nem sabem a que santo é dedicado o dia. O que importa mesmo é celebrar a folga!
E, por tocar neste assunto, é sempre bom lembrar que os mortos também têm lá o seu dia, embora sem utilidade prática para eles, alminhas para quem o feriado é eterno.
Afinal, o apego dessa gente brasileira por um feriadozinho é tão grande que dedicaram um dia santo até para o augusto golpe de Estado que inaugurou a prática da coisa em sua querida Pátria idolatrada. Imagine! Poucos, inclusive, sabem o nome do marechal que se declarou o primeiro presidente da República recém-instaurada. Só sabem que é feriado. É o que basta. Mesmo porque, o brasileiro tanto se habituou aos golpes que nem sente mais o seu peso nos ombros. Tornou-se banal!
E o dia da consciência, comemoração nova que só veio para acrescentar, heim?! Diga-se de passagem, é bom parar por aqui e nem mencionar os feriados municipais. Pode pegar mal.
De qualquer forma, viva o feriado!
E que venha o próximo! 




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