Economia Titulo Emprego
Sto.André lidera cortes na indústria

Junto com empresas de Mauá, Ribeirão
Pires e Rio Grande, foi a que mais demitiu

Vinícius Claro
Especial para o Diário
22/10/2016 | 07:43
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Divulgação:


As indústrias de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra foram as que mais demitiram em setembro em todo o Estado de São Paulo. Juntas, elas cortaram 1.950 operários no mês passado, o que representa redução de 4,14% no estoque de trabalhadores. Este também foi o pior resultado para os meses de setembro desde o início da série histórica da região, em 2005, do levantamento realizado mensalmente pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) com suas diretorias regionais, com base nas informações das empresas associadas.

Dentre essas demissões, é possível destacar as 300 da Keiper, fabricante de estruturas de bancos automotivos de Mauá, que perdeu o contrato com a Volkswagen. Além disso, os 150 cortes da Marfrig, de Santo André, ao transferir suas operações para Itupeva, no Interior.

Para o empresário Emanuel Teixeira, diretor titular do Ciesp Santo André (que responde por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), a crise econômica só reforça o processo de desindustrialização da região. “Existem cidades a 100, 150 quilômetros de São Paulo que não perdem em nada para o Grande ABC. São regiões que oferecem infraestrutura e incentivo para indústrias, o que motiva uma migração de empresas. Há muita burocracia aqui, com série de regras e exigências que não oferecem impressão de receptividade aos empreendedores.”

De janeiro a setembro, as fábricas dessas quatro cidades acumulam queda de 14,59%, com 7.700 postos eliminados. O que lhes garante o segundo pior resultado estadual, atrás apenas de Cubatão (-30,81%). Em agosto, a Labortex, fabricante de artefatos de borracha especializada em peças para montadoras, fechou as portas em Santo André e dispensou 270 pessoas.

Na sequência do ranking das indústrias que mais encolheram seu efetivo em setembro está São Bernardo, com retração de 2,47%, o que significa a dispensa de 1.900 empregados. No ano, foram cortados 6.550 postos (-8,11%), sexto pior resultado no Estado.

REGIÃO - Em todo o Grande ABC, apenas em setembro, as indústrias demitiram 4.300 operários. No acumulado do ano, o saldo é negativo em 19 mil empregos, o que mostra que o ritmo de demissões continua acelerando. O número equivale a 69 cortes por dia, ou um a cada 20 minutos e 52 segundos. Até agosto, eram 62 dispensas diárias. E, até junho, 50 por dia.

O montante de cortes neste ano até setembro já supera o total de 2014 inteiro, que eliminou 20.550 postos.

O diretor titular em exercício do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, acredita que o resultado já era esperado, principalmente pelo mau resultado da indústria automobilística, que vem apresentando reduções em vendas na ordem de 20% para a linha leve (carros) e de 30% para a linha pesada (caminhões e ônibus).

“O setor é o principal gerador de emprego da região. Acredito que com as adequações recentes de Ford, Mercedes e Volkswagen (que incluem PDVs – Programas de Demissões Voluntárias), a tendência é que o ritmo de demissões comece a desacelerar.”

Apesar disso, Miaguti crava que é impossível reverter o número a curto prazo. “Ontem (quinta-feira), tivemos reunião no Ciesp onde foram apresentados indicadores, já que refletem certo otimismo do setor produtivo. A tendência é que agora reduza a queda e comece a recuperar no segundo semestre de 2017.”
 




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