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Prysmian fechará fábrica na região

Unidade de Santo André será transferida para Sorocaba em dois anos

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
07/04/2017 | 07:13
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A Prysmian, fabricante italiana de cabos para energia e telecomunicações, vai fechar sua fábrica em Santo André. O anúncio foi feito ontem aos 320 trabalhadores. Até 2019, quando completará 90 anos, a operação será transferida para Sorocaba, no Interior, onde o grupo possui outras três plantas produtivas.

O objetivo da companhia, conforme explicou o CEO da Prysmian na América do Sul, Marcello Del Brenna, com exclusividade ao Diário, é otimizar os gastos, modernizar e concentrar a produção, a fim de tornar a empresa mais competitiva. A Prysmian possui terreno próprio em Sorocaba, enquanto que em Santo André o espaço é alugado.

“Apesar de Santo André ser o lugar em que nasceu a empresa (em 1929), ocupamos terreno alugado, e tanto a fábrica quanto o prédio administrativo são propriedades da Pirelli”, afirma Del Brenna. “Então, de qualquer maneira, teríamos um termo, que seria em 2025, porque não existia a perspectiva de renovar por falta de interesse da Pirelli. Essa foi uma das motivações para sair do local”.

O CEO destaca, no entanto, que não houve problemas com a Pirelli. “A motivação é industrial e de sustentabilidade da empresa. Não estamos fugindo de Santo André, estamos concentrando nossas forças em um só lugar para ganhar competitividade e eficiência.”

A decisão foi tomada em um momento em que a Prysmian não está no topo de capacidade produtiva, justifica o executivo, ou seja, numa época em que os volumes são mais gerenciáveis do que se estivessem em período de pico econômico. Hoje, a operação está entre 30% a 40% da capacidade da fábrica.

No ano passado, as sete plantas produtivas do Grupo Prysmian no Brasil registraram faturamento em torno de R$ 1,3 bilhão. Como o balanço de 2016 será publicado nos próximos dias, o executivo não precisou a variação frente a 2015, mas afirmou que foi negativa, motivada pela redução das atividades de petróleo.

Os principais clientes da unidade da região, que responde por 15% da receita do grupo, são Petrobras, Vale, empresas de infraestrutura. “Áreas bastante impactadas pelo andamento da economia nos últimos anos”, diz. Saem da linha de produção andreense cabos de média tensão, para as indústrias do petróleo, eólica, mineração e navais.

Nos últimos três anos, a fábrica de Santo André perdeu quase 50% de sua força de trabalho. E o mesmo aconteceu em Sorocaba, mas com menos força. No entanto, ele conta que devido à demanda dos produtos fabricados por lá, as plantas já começaram a contratar. No local, são confeccionados cabos de energia e telecomunicações, fibra ótica e cabos para cabeamento estruturado.

Serão investidos R$ 150 milhões para a construção do Centro de Excelência Mundial da Prysmian em Sorocaba entre agosto de 2018 e início de 2019. O local absorverá a produção da região, que terá transferência concluída dentro de 24 meses. De acordo com Del Brenna, serão analisadas, caso a caso, as possibilidades de transferência de profissionais interessados em mudar de cidade e permanecer na companhia. “Nós não estamos fechando nada. Estamos transferindo. Então, os mesmos talentos e competências que temos hoje, precisaremos lá na frente. A motivação de ter anunciado com dois anos de antecedência é para entender as limitações e a disponibilidade de cada um deles. Vamos também entrar em contato com o empresariado de Santo André e com a Prefeitura para avaliar a possibilidade de realocação de quem tiver interesse de permanecer na cidade”, assinala.

REPERCUSSÃO - Procurada, a Pirelli afirma que “desconhece este projeto da Prysmian e até hoje não foi procurada para eventual renovação do contrato de aluguel”. A pneumática não revelou o que pretende fazer no local ocupado hoje pela Prysmian.

A fabricante de cabos foi tida, por diversas vezes, como presença garantida no parque tecnológico de Santo André pelas gestões anteriores do Paço. Del Brenna, no entanto, que está há três anos na região, disse que ouviu pela primeira vez sobre a iniciativa ontem. “Mas isso não teria mudado nada, pois a decisão da transferência tinha sido tomada.”

Questionado sobre a saída da empresa de Santo André. o prefeito Paulo Serra (PSDB) disse que o CEO lhe deu garantias de que antes de dois anos nada será feito. “Nenhuma decisão definitiva será tomada. Existe essa tendência porque área deles é própria (em Sorocaba), e para fazer investimento numa área alugada, empresarialmente a gente até entende que talvez não seja o melhor caminho. Mas nada impede de que neste período haja mudanças”.

Paulo Serra diz que o objetivo é criar ambiente favorável ao investimento “para que medidas como esta, caso se concretize, não ocorram mais”. “Se isso acontecer, podemos trazer outra empresa no lugar até com mais valor agregado. Hoje não temos ainda ambiente que atraia. Há a questão de custos, de logística. Apesar de Santo André ter posição logística invejável entre o Porto de Santos e o Rodoanel, mão de obra qualificada, universidades, isso tudo ainda não está bem integrado para proporcionar a essas grandes empresas ambiente favorável. Ao mesmo tempo, o custo do metro quadrado é elevado e a faixa salarial é uma das mais altas do Estado.”

(Colaborou Gabriel Russini) 




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