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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Memória
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Memória
Industrialização ferida. Tem cura, doutor?

Grande ABC vai perdendo marcas importantes da sua história. Ocorre verdadeira metamorfose econômica no velho subúrbio. A exceção resiste. E a saudade também

Ademir Medici
06/01/2020 | 07:00
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 “A Caldeiraria São Caetano (Memória, 30 de dezembro) transferiu-se para o distrito industrial de Mococa, no Interior de São Paulo.”

Cf. Luiz Romano, de São Caetano, que tinha e tem amigos na indústria.

Nota – E a Resana, citada na mesma matéria e que tinha fábrica em São Bernardo, presentemente encontra-se em Mogi das Cruzes.

Caldeiraria São Caetano Indústrias Mecânicas, Resana S/A Indústrias Químicas, ontem integrantes diretas do parque industrial do Grande ABC, hoje escrevendo história em outras plagas. No que a região errou?

O tergal, o nycron, substituiu a casimira e fez furor na propaganda brasileira dos anos 1960: “Senta, levanta, e não amassa”. E o que falar da camisa “volta ao mundo”, que também não amassava?

Afetada com a inesperada concorrência, o Lanifício Kowarick, que produzia casimira de exportação, encerrou atividades como uma das três mais antigas fábricas de Santo André, ao lado da Tecelagem Ipiranguinha, ontem focalizada em Memória, e da Fábrica de Cadeiras e Móveis Streiff.

Mais ou menos como a fábrica de geladeiras dos Pezzolo, cujo produto funcionava à base de blocos de gelos que eram levados ao cliente até em carroças. Com a expansão elétrica, novos aparelhos incorporaram-se à área da refrigeração, e a fábrica andreense não resistiu.

Já a Rhodia andreense, que inventou a fibra sintética, mexendo com o mercado de tecidos, também deixou de produzir o tergal, no início do terceiro milênio – o tergal, que viveu a experiência de ser engolido por novas tecnologias deste País tropical e quente.

DESINDUSTRIALIZAÇÃO
Ficam os registros históricos. Recorremos a números da revista Visão, ano de 1958, que traz propaganda de várias indústrias de ponta do nascente Grande ABC – e lá se vão 61 para 62 anos. No caso da Kowarick, o que era moda virou saudade.

Temos mais dois casos, a Mercedes-Benz do Brasil, com gigantesco parque industrial na Vila Pauliceia, em São Bernardo, e a Brasilit, de São Caetano.

A Ford abandonou o bairro Taboão, mas a vizinha Mercedes ali está – mesmo com unidades em outros pontos do País (Campinas e Iracemápolis, em São Paulo; e Juiz de Fora, em Minas Gerais); a Brasilit seguiu o exemplo da Resana e da Caldeiraria São Caetano. Brasilit, quantos empregos industriais gerou no Vale do Tamanduateí!

A Brasilit foi fundada em 1937. Em 1984, ainda em atividade na Vila Prosperidade, foi visitada por nós. Gravamos depoimentos de vários funcionários da ativa.

Hoje, pertencente a um conglomerado multinacional, a fábrica segue o seu rumo, com unidades em Belém do Pará, Recife (Pernambuco), Capivari (Interior de São Paulo), Seropédica (Rio de Janeiro), Esteio (Rio Grande do Sul).

Os centros de distribuição mais importantes da Brasilit estão em Porto Velho (Rondônia), Manaus (Amazonas) e Ibiporã (Paraná).

Repetimos: Grande ABC velho de guerra, onde você errou? Por que os passos dos antigos empreendedores (industriais e políticos) não foram seguidos? A modernidade tem muito a aprender com a história.

REVISTA VISÃO
Também esta desapareceu. Circulou entre 1952 e 1993. Foi pioneira em várias frentes. Seu anuário, Quem é Quem na Economia Brasileira, fez história.

Hoje temos a revista Visão portuguesa, nada a ver com a brasileira, só o nome. A Visão de Portugal foi lançada no mesmo ano em que a Visão do Brasil chegou ao fim.

No Brasil, o título “Visão” permanece vivo, com várias revistas, entre as quais: Visão Agro (desde 2003 no mercado), Visão Saúde (lançada em 2016), Visão Brasil (cujo número mais recente é de dezembro de 2019), Visão Socioambiental, Visão Jurídica, Visão Agrícola, Visão Agro e Revista Visão (que circula na Serra Catarinense).

Diário há 30 anos...
Sábado, 6 de janeiro de 1990 ano 32, edição 7269
Manchete – São Caetano embarga pontes da Dersa
A pedido da Prefeitura, a 5ª Vara Cível de São Caetano embargou as obras da estatal em dois pontilhões no km 13 da Via Anchieta, sobre o Ribeirão dos Couros.
O prefeito Luiz Tortorello alegou que as obras agravarão o risco de enchentes em São Caetano, pois aumentarão a vazão de água para o Córrego dos Meninos, na divisa com São Paulo.
Automóveis – Montadoras registram queda na produção e exportação em 1989.
Futebol – EC Santo André estreia na Taça São Paulo de Futebol Júnior com vitória de 3 a 2 sobre o Tiradentes de Brasília.
Atletismo – Clodoaldo Lopes do Carmo, do clube Funilense de Campinas, vence a Prova de Reis em São Caetano.

Em 6 de janeiro de ...
1880 – Chuvas provocam a queda de barreiras na Serra do Mar, prejudicando o tráfego de trens da Estrada de Ferro São Paulo Railway.
1915 – A I Guerra. Da manchete do Estadão: “O avanço lento dos aliados na Bélgica”.
1920 – Lei municipal determina o fechamento nos domingos, ao meio-dia, das confeitarias, sorveterias, leiterias e botequins.
1940 – O presidente Getúlio Vargas vem a São Paulo. Visita as obras do Estádio do Pacaembu, a retificação do Rio Tietê, o Hospital das Clínicas e o Instituto Butantã.
A II Guerra. Do noticiário do Estadão: encerram-se em Veneza as conversações ítalo-húngaras.
Ressurge o EC Vinte de Setembro, de São Bernardo, na Linha Jurubatuba, hoje bairro Assunção.

Hoje
Dia dos Santos Reis
André Corsino (1301-1373)

Municípios brasileiros
Celebram aniversários em 6 de janeiro:
Em São Paulo, Dirce Reis e Morro Agudo
No Espírito Santo, Alegre
No Rio de Janeiro, Angra dos Reis
Em Santa Catarina, Criciúma
Em Pernambuco, Inajá e Sirinhaém
Em Goiás, Itapuranga
No Pará, Vigia
Fonte: IBGE




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