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Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024

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Na Assembleia
‘Polarização contamina clima na casa’, diz Carla Morando
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
06/12/2019 | 07:00
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Deputada estadual em seu primeiro mandato e líder do PSDB na Assembleia Legislativa em uma das legislaturas mais tumultuadas da história, Carla Morando avalia que o clima de polarização no País, entre os adeptos do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) e os aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contaminou o ambiente de um Legislativo que costumava ser de tranquilidade. O ápice do conflito aconteceu na noite de quarta-feira, quando o deputado estadual Arthur Mamãe Falei (ex-DEM) e parte da bancada petista quase trocaram socos após críticas na tribuna. “Hoje temos dois extremos na Assembleia. Há a extrema-direita, representada pelo PSL e Novo, e a extrema-esquerda, com PT e Psol. Isso acirrou muito mais essa briga na Assembleia”, considerou a tucana, em visita à sede do Diário. Carla admitiu ter sofrido preconceito dentro da casa, impulsionado por ser mulher de um político – é casada há 12 anos com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) –, mas declarou que conseguiu reverter machismo dentro da Assembleia com postura e trabalho. Ela elogiou o governador João Doria (PSDB), disse que daqui a dois anos o povo sentirá os efeitos positivos de seu governo, e detalhou projetos de sua autoria.

Como a senhora avalia todo o ocorrido na sessão de quarta-feira à noite?

Foi fato lamentável, com muita agressão, sem necessidade. Todo mundo está ali para defender o que acredita e o que acha que tem de ser feito. Isso é a democracia. Ter opinião divergente da do outro não significa que as coisas precisam ser de maneira agressiva. Infelizmente o PT tomou postura extremamente agressiva. Teve a fala do deputado Arthur Mamãe Falei (sem partido), que também foi bastante agressiva. Os ânimos todos se exaltaram. Mas tudo foi muito ruim. As coisas foram bastante complicadas.

Todo episódio partiu durante votação do projeto da reforma da Previdência estadual. Como a senhora analisa a proposta?

É de extrema importância, algo que já foi aprovado no governo federal. Sabemos de países que não trabalharam esse tema e que quebraram, como a Grécia. Não queremos que isso aconteça. Precisamos de reforma da Previdência. Não é justo termos orçamento de R$ 250 bilhões, sendo que R$ 50 bilhões vão aos municípios, R$ 94 bilhões vão para atender 1,4 milhão de funcionários públicos e o restante, de R$ 100 bilhões, para atender os demais 44 milhões de paulistas. Não é culpa dos trabalhadores, mas precisamos acertar um pouquinho a Previdência. Não dá para sanar toda a Previdência, mas ajustar um pouco. Precisamos aprovar para trazer qualidade de vida para todo cidadão do Estado.

Como ficou o clima na Assembleia após o ocorrido?

Está pesado, infelizmente. Pelo que temos visto, os deputados do PT e Psol têm incitado a violência e pedido que os trabalhadores venham à Assembleia, impeçam a gente de entrar, nos agridam. Há muito extremo. Independentemente do tipo de projeto, sempre a coisa tem ido para o extremo. Não é assim que temos de tratar. Precisamos de consenso, ajuste.

Como tem sido a experiência de ser deputada, a despeito desse ambiente mais conturbado desta legislatura?

Muito produtiva a experiência como deputada. Tenho aprendido muito. Tenho estudado muito, de passo em passo vou melhorando. Temos uma bancada do PSDB tranquila, conversamos e chegamos a conclusões, sempre buscando consenso. Ninguém é obrigado a votar fechado. O PSDB é partido democrático. Tem sido trabalho muito legal, intenso, porque há reuniões, com muitos deveres e compromissos. Vou todo os dias à Assembleia, entro de manhã sem hora para sair. Tenho gostado do que tenho feito, da minha evolução. Estou muito feliz.

Quais tarefas a senhora mais tem gostado de fazer como líder do PSDB na casa?

Participar da articulação política no plenário foi o que consegui fazer destaque maior. Tentar levar aos deputados informação dos motivos do projeto. Muitas vezes o projeto entra na casa e os deputados não têm informação sobre o projeto ou têm entendimento errado. E minha função é detalhar, conversar. Muitas vezes a pessoa entende que aquele projeto é necessário. É algo que tenho buscado fazer bastante. Entendimento entre os deputados, não só da base, é conversar.

Em outras legislaturas, o ambiente da Assembleia era mais pacífico. Desta vez, há muito conflito. O quanto a polarização do País contribui para esse clima na casa?

Hoje temos dois extremos na Assembleia. Há a extrema direita, representada pelo PSL e Novo, e a extrema esquerda, com PT e Psol. Isso acirrou muito mais essa briga na Assembleia. O PSDB ficou mais isolado neste tumulto. É briga muito grande entre os que defendem o (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) e (o presidente Jair) Bolsonaro (ex-PSL). Polarizou muito, contaminou o ambiente da casa. Criou-se ambiente raivoso. Não só pelo Psol e do PT, mas entraram elementos novos que são bastante exaltados, com o Arthur Mamãe Falei. A Mônica (Seixas, Psol) é tranquila, mas fala bastante, com discurso agressivo muitas vezes. A Isa Penna (Psol), que faz algumas exposições bastante polêmicas, que não são de acordo com o ambiente. Esse tipo de coisa acirra. Do lado da direita, eles vão defender o Bolsonaro com unhas e dentes. Da esquerda, o Lula. Um quer falar mais que o outro.

E no papel de líder do partido do governador João Doria, como a senhora fica?

Fico quieta, olhando, só observando (risos). A briga polarizou e temos atuação no meio, sem estar no foco deles. Eles atacam bastante o governador, mas o próprio PSL, PT e Psol se incumbem de dissipar isso, se atacam, vira uma disputa pessoal entre eles. Passamos ilesos. Conseguimos conversar com as bancadas da direita e da esquerda, nos damos bem com todos, tentando apaziguar.

A senhora sentiu machismo quando assumiu o cargo?

No começo do mandato eu sofri, sim, preconceito, ainda mais por ser mulher de político (do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, PSDB). Pessoal olhava para mim e pensava que eu não sabia de nada, que estava lá pelo Orlando. Mas não expunham, como fez o (deputado estadual) Luiz Fernando (PT, de São Bernardo). Mas eu percebi. Depois de algum tempo, principalmente depois da minha resposta à agressão do Luiz Fernando (em maio, o petista declarou que Carla só havia vencido a eleição graças ao marido), a coisa mudou no dia seguinte. Viram que eu sou boazinha, mas não é para cutucar. Depois disso, entenderam que não é para pôr o pé porque vou para cima. Sou da paz, não crio confusão, atrito, sempre procuro apaziguar, porém, não pode mexer comigo. Se não tiver ataque, não vou atacar, vou me defender. Depois disso as coisas melhoraram. Eles viram que participo de articulação, tento fazer a união, aí muita coisa mudou.

Como é a relação com o governador Doria?

Muito boa. O governador é um workaholic, dos extremos que já conheci. Ele trabalha incansavelmente. Tem feito articulações para trazer investimentos, geração de empregos para o Estado. Vai trazer diferença. Muitas pessoas não conseguem ver ainda, porque a política tem disso, você faz algo hoje, mas só aparece daqui dois a três anos. Tenho certeza que trabalho com um homem honesto, trabalhador. Tenho certeza que é um governador que daqui a dois anos todo mundo vai gostar.

O que é possível projetar do seu mandato para 2020? Há leis de sua autoria que pretende impulsionar na casa?

Tenho o projeto do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores). Como carros emplacados em outros Estados fazem serviço no nosso? Se você presta serviço em um lugar, você deve recolher imposto neste local. Os carros alugados ou de frota são emplacados fora do nosso Estado, recolhem impostos lá, mas utilizam as vias aqui. E São Paulo fica responsável pela manutenção de vias que esses carros possam ter estragado. O meu projeto é para que carros de frota e de aluguel que prestam serviço no nosso Estado recolham aqui o IPVA. O outro é autorizar a doação do armamento em desuso, mas em bom estado, da Polícia MIlitar, para outros departamentos do Estado ou prefeituras. Sigo também trabalhando no social. Destinei metade das emendas impositivas para o social, atendendo entidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá, no Interior, onde eu tive voto. Também batalhei para a Carreta da Mamografia. Eu pedi para o Grande ABC inteiro. Eu trabalhava em projetos sobre o câncer de mama. Sei da importância de se fazer o exame. Pedi foi o aumento de carretas, eram quatro para o Estado, hoje temos oito. A carreta está em Diadema, com demanda grande. Passamos por Mauá e Ribeirão Pires, com 800 atendimentos. 




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