Candidata a vice-presidente da República pelo PSB, Marina Silva exaltou período de aprendizado nos últimos dez meses de convívio ao lado de Eduardo Campos, presidenciável da sigla que morreu ontem. Segundo Marina, Eduardo até os últimos segundos de vida “estava cheio de alegria, sonhos e compromissos”. Visivelmente abalada, ela concedeu entrevista coletiva na prefeitura de Santos, no fim da tarde de ontem.

Sem fazer menção ao futuro político da chapa, a ex-senadora comentou brevemente sobre a “tragédia” e falou sobre convergência de ideais com Eduardo. “Aprendi a respeitá-lo, admirá-lo e a confiar nas suas atitudes e nos seus ideais de vida. Foram dez meses de intensa convivência e, como eu disse, começamos a fiar juntos principalmente a esperança de mundo melhor, de mundo mais justo”, comentou.

Marina citou Deus para consolar familiares de Eduardo e das outras seis vítimas. “Sei que os brasileiros estão compartilhando (luto e tristeza) com cada um de nós e principalmente com sua família”. A ex-senadora foi convidada pelo presidenciável a aproveitar o voo do Rio de Janeiro para Santos na manhã de ontem, mas por questões de agenda voltou a São Paulo para gravar propagandas eleitorais.

A aliança entre Eduardo e Marina foi formalizada em outubro, com a filiação da candidata a vice no PSB. A ex-senadora, que ficou em terceiro lugar no pleito de 2010 à Presidência da República (à época no PV), engrossou as fileiras socialistas depois de ter a legalização de seu partido, a Rede Sustentabilidade, negada pela Justiça Eleitoral.

Coordenador da campanha de Eduardo e Marina e secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira deixou a prefeitura de Santos ontem aos prantos. Muito emocionado com a morte de seu líder, o socialista leu pausadamente a nota de pesar da coligação Unidos pelo Brasil e não conseguiu conceder entrevista à imprensa.

A deputada federal Luiza Erundina (PSB) lamentou a perda do projeto político de “mudança”. “Eduardo vinha fazendo agenda densa pelo País inteiro, com muito entusiasmo e a militância muito envolvida na campanha. Havia clima para cima. De repente isso... É como se abrisse um vazio, um abismo nesse momento em que estávamos construindo esse projeto.”

Coligação tem 9 dias para apresentar nome

A coligação Unidos pelo Brasil (formada por PSB, PPS, PPL, PHS, PRP, PSL e Rede Sustentabilidade) tem nove dias para apresentar substituto de Eduardo Campos na disputa pela Presidência da República. O prazo é estabelecido pela legislação eleitoral em caso de morte, renúncia ou declaração de inelegibilidade após a data limite para registro de candidaturas.

O período deve servir para reflexão e reorganização do planejamento para a eleição de outubro. Integrantes da coligação evitaram fazer qualquer comentário sobre o futuro da chapa. A deputada federal Luiza Erundina (PSB-São Paulo), no entanto, avaliou que a definição deverá ser “consenso” discutido de forma coletiva. “Nem tenho cabeça para isso, não pode ser decisão nem opinião individual. Temos de sentar, refletir e ver o que a realidade pede. Tem de ser decisão de consenso e vamos ser capazes de fazer isso”, declarou a ex-prefeita de São Paulo.

Na condição de candidata a vice-presidente, Marina Silva (PSB-Rede) é o principal nome para encabeçar a chapa. Em 2010, ela disputou eleição para presidente pelo PV e terminou na terceira posição, conquistando quase 20 milhões de votos. Ao fim do processo eleitoral, a ex-senadora se desfiliou da sigla e passou a trabalhar na construção da Rede Sustentabilidade. Sem conseguir viabilizar o partido para o pleito deste ano, se alinhou a Eduardo.