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Polícia acredita que morte de professora foi premeditada
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
07/08/2006 | 07:43
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A morte da professora Maria Expedita Silva, 44 anos, foi premeditada. Essa é uma conclusão prévia da polícia baseada nos indícios de que o assassino ou assassinos não deixaram quaisquer marcas nos objetos da casa da vítima, no Jardim Primavera, em Mauá. Apenas as digitais da professora foram encontradas em um copo de licor, segundo perícia técnica feita no local do crime. Como não há sinais de que a casa tenha sido invadida – portão e porta estavam encostados quando o corpo foi encontrado na sexta-feira à noite –, suspeita-se que o autor do crime seja conhecido da professora. Talões de cheque e cartões bancários não foram roubados. Apenas o celular dela desapareceu.

Maria Expedita foi encontrada degolada com um cinto, em cima de sua cama. A professora estava com as mãos presas para trás, atadas com fita adesiva, mordaça na boca e os olhos vendados com fita microporo. Ela estava seminua, com sinais de agressão sexual. Divorciada há 18 anos, Maria Expedita morava sozinha. Na sexta-feira, ela completaria 45 anos e como ninguém da família havia conseguido falar com ela por telefone, uma prima foi até sua casa. Foi quando a encontrou morta. A polícia acredita que ela tenha sido morta na manhã de sexta-feira. Dois suspeitos são um ex-namorado e um ex-inspetor de uma das escolas onde dava aula.

De acordo com o irmão da vítima, José Givaldo Silva, 39 anos, policiais perguntaram se ela estava com problemas financeiros. “Encontraram extratos bancários com vários saques nos últimos dias, mas não informaram os valores.”

A indignação marcou o sepultamento da professora sábado pela manhã, no cemitério Parque Vale dos Pinheirais, no Jardim Primavera. “Ela era um amor de pessoa. Era rígida apenas quanto à disciplina dos alunos em sala de aula. Ninguém tinha motivos para agir de forma tão cruel”, disse a estudante C.B.G, 14.

A vice-diretora da EE Jardim Canadá, Elisabete Timóteo, uma das escolas que Maria Expedita dava aula de Português e Inglês, disse não acreditar que um ex-funcionário (inspetor de alunos) – afastado há pouco mais de um ano acusado de assediar uma garota e por agredir a professora com um tapa no rosto – esteja envolvido no caso. “Dizem que ele teria beijado a estudante à força. Na época correu o boato de estupro, mas nada foi provado porque a mãe da menina não quis que fosse feito exame de corpo de delito. A agressão à professora não tem a ver com a acusação de assédio à estudante. Foi apenas um desentendimento.”

Alunos e professores ouvidos sábado pelo Diário negaram que a professora estivesse sofrendo ameaças de um ex-namorado, filho da diretora da EE Jardim Canadá, descontente com o fim do relacionamento havia pouco mais de três meses e o início de um romance da vítima com outro rapaz.

“Era difícil vê-la nervosa. Era amiga dos alunos. Nos tornamos amigas. Ela ia em casa e eu na dela. Mas nunca comentou nada. Era reservada, não falava da vida particular”, disse a aluna P.E.N., 15. “Nos conhecíamos há 15 anos e há 5 lecionávamos na mesma escola e ela nunca comentou nada”, garantiu a professora Nira Cruz, 40. Tanto colegas de trabalho como alunos disseram que ela tinha personalidade forte e que não temia expressar suas opiniões e dizer o que pensava.

O irmão José Givaldo e toda a família eram contra o romance dela com o rapaz porque, segundo ele, o rapaz “estava envolvido com drogas.” A diretora, segundo familiares e professores, não compareceu ao velório.

No início da noite de sábado, o ex-namorado da vítima (polícia não revela o nome e que tem pouco mais de 20 anos) se apresentou no 1º DP de Mauá com um advogado e negou o crime. O IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André (atende também Mauá) não informou se o rapaz fez exame de corpo de delito. A Secretaria de Segurança Pública disse que ainda não há novidade sobre o caso.

A vítima teria sido vista pela última vez por volta das 22h30 de quinta-feira ao deixar a Escola Estadual Carlos Drumond, na Vila Magini, onde trabalhava como coordenadora pedagógica à noite. Na última quarta-feira, Maria Expedita tinha começado a trabalhar como coordenadora pedagógica no Colégio Método, também em Mauá. “Foi o primeiro e último dia de trabalho dela nessa escola. Era muito esforçada e exercia a profissão com amor”, recorda-se a irmã, Maria Zenilda Silva de Souza, 43.

Professores vão se reunir nesta segunda-feira com os alunos na escola do Jardim Canadá, a partir das 7h, para fazer uma homenagem a Maria Expedita e, em seguida, a turma será dispensada. “Não há clima”, resumiu o professor José Silva Souza.




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