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Não se precipitem, torcedores ramalhinos
Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
21/11/2019 | 20:51
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Li e ouvi muitas críticas sobre a contratação do executivo de futebol Edgard Montemor Filho para compor a diretoria do Santo André. Os 15 anos de serviços prestados ao São Bernardo FC são o principal motivo para que torcedores andreenses o vejam como persona non grata, afinal, seria rival, que torceu por outro time da região. Oras, mas era de se esperar posição diferente? Qual o erro em se defender o clube ao qual trabalha? Não preciso advogar em defesa, mas acredito que sejam demasiadamente precipitadas tais opiniões. Óbvio que não dá para omitir que haja forte ligação entre o diretor e o Tigre, em vínculo que extrapola o futebol, afinal, seu pai ainda preside o clube são-bernardense e é um dos fundadores. Ou seja, há evidente conexão familiar. Mas trata-se de profissional do futebol e posso dizer com propriedade, sendo alguém que o conhece há 12 anos: o Santo André fez grande negócio. E fiz questão de externar isso ao presidente Sidney Riquetto na terça-feira – e ele, bastante emotivo, desabafou com relação aos críticos que mais uma vez preferiram assumir o papel de atacantes ao invés de blindarem peça que chega para somar.

Neste período em que Edgard foi dirigente do São Bernardo FC, o clube foi da Segunda Divisão (quarto nível do futebol paulista) para a elite (disputando seis vezes a A-1), conquistou um título da Série A-2 e uma Copa Paulista, se classificou duas vezes para a Copa do Brasil e uma para o Brasileiro da Série D. E tudo isso não foi alcançado apenas como mais um funcionário. Pelo contrário. Sempre foi figura presente em treinos e jogos, constantemente em contato com comissão técnica, ativo na contratação de jogadores. Enfim, conhecedor de cada detalhe do Tigre. Não havia uma pergunta que não soubesse responder. Aliás, apenas uma, sobre a escalação para a próxima partida. Também pudera: tal resposta quem tem de dar é o treinador. Mas sempre fez questão de exaltar o fato de ter perdido apenas ‘uns cinco’ jogos na história aurinegra, exclusivamente por problemas particulares.

Não são poucas as pessoas que têm gratidão pelo dirigente ou então admirem-no pela função. O técnico português Sérgio Vieira, por exemplo, não escondia a admiração que desenvolveu por Edgard nos tempos em que esteve no São Bernardo FC, exaltando justamente o envolvimento, o conhecimento, o fato de ser profissional que estudou e se capacitou para estar ali. Outro treinador, Sérgio Soares, também rasgou elogios ao dirigente. “O Santo André contratou excelente profissional, pessoa de capacidade extrema para a função, transparente, vai agregar muito à parte diretiva. Conhece o mercado e pode contribuir muito neste momento em que o clube retorna à Série A-1”, afirmou o professor, que foi além. “É pessoa ímpar, ser humano sempre aberto a ajudar as pessoas, atletas, funcionários. Profissional atualizadíssimo e posso dizer que fez excelente aquisição mesmo sendo pessoa que vem do rival. Entendo a preocupação ou insatisfação do torcedor, porque tem identidade com o São Bernardo, mas é profissional”, complementou.

Respondam-me, ramalhinos. Quando este mesmo Sérgio Soares foi para o São Bernardo, vocês deixaram de apoiá-lo? A gratidão por ele ou outros ex-jogadores que foram vencedores pelo Santo André e depois vestiram a camisa do Tigre, como Da Guia e Dirceu, diminuiu? E aqueles que fizeram o caminho inverso e também tinham grande ligação com o time vizinho, como Raul (2011) e Bady (2012), não mereciam apoio? Não quero acusar ninguém de ter memória curta, mas destes críticos ferrenhos algum se lembra de Henan? Aquele que salvou o Ramalhão de fadado rebaixamento no Paulistão de 2017 com dois gols em Osasco contra o Audax, os quais não tenho dúvida de que, quem estava no José Liberatti ou acompanhando pelo rádio, gritaram como loucos em comemoração. Pois, então, pasmem: ele já era ídolo da torcida são-bernadense. Isso fez dele profissional pior?

Se me permitem, vou mais longe, entrar em outra rivalidade, com outro vizinho, o São Caetano. Um dos gols mais importantes da história andreense foi marcado por atleta que estava emprestado pelo Azulão e é indiscutivelmente ídolo no Anacleto Campanella. Ou estou mentido com relação a Adãozinho, que converteu folclórico e inesquecível pênalti em 2001 que levou o Ramalhão de volta à elite estadual? Os críticos viraram de costas ou torceram contra no momento da cobrança? Ou então não celebraram quando a bola balançou a rede e a promoção foi decretada? Duvido que a resposta seja afirmativa. Aliás, outros casos de ícones ramalhinos que ‘pularam o muro’ e nem por isso apagaram suas histórias de sucesso foram Dedimar e Ramalho, que atuaram com a camisa são-caetanense. Portanto, caros torcedores, tenham paciência. Deixem o executivo trabalhar. Não tenho dúvida de que tem condições de fazer tanto pelo Santo André quanto fez pelo São Bernardo FC. Toda a sorte do mundo, Edgard.

SEGREDO GUARDADO A SETE CHAVES
O São Bernardo FC anunciaria nesta quarta-feira o local de seu novo centro de treinamento, um dos frutos da parceria com a Magnum. Porém, isso não aconteceu. Pior, como o espaço – que não fica no Grande ABC ou Capital, mas em cidade próxima – ainda não está pronto, o Tigre só passará a utilizá-lo em janeiro. Até lá, a pré-temporada vai ser realizada no CT do Atlético Sorocaba, no Interior. Por lá é que o técnico Marcelo Veiga iniciará os trabalhos com os atletas, a maioria já contratada, mas ainda não anunciada porque está em atividade nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro. 




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