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Região ganha centro
para terapia de
doenças intestinais

FMABC inaugura na terça-feira projeto pioneiro que busca humanizar o tratamento

Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
11/08/2013 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


 Pacientes da região que sofrem de doenças intestinais inflamatórias contam a partir de agora com o primeiro Cetap (Centro de Excelência em Terapia de Alta Complexidade), destinado exclusivamente ao tratamento de doença de Crohn e retocolite ulcerativa.

O espaço, que será inaugurado na terça-feira, é uma iniciativa da disciplina de Gastroenterologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e chega para completar o atendimento junto ao Núcleo de Doenças Inflamatórias, implementado em 2012 pela instituição. A cerimônia será realizada às 19h30, no Anfiteatro David Uip, no próprio campus universitário.

Embora as duas doenças sejam crônicas e acometam o intestino, elas possuem características próprias. A doença de Crohn pode atingir qualquer local do aparelho digestivo, mais comumente o intestino grosso e o delgado. Já a retocolite ulcerativa afeta apenas o intestino grosso. Consideradas relativamente frequentes, o diagnóstico ainda é difícil. Por não existir cura, os tratamentos devem ser realizados pelo resto da vida e feitos conforme a gravidade da doença, por via oral ou infusões intravenosas. Se não houver controle adequado, o problema poderá causar perfurações de intestino, sangramentos intensos e até levar à morte.

O Cetap é direcionado justamente a pessoas que necessitem de terapia biológica, isto é, aplicação de medicamentos diretamente na veia. “Existem vários locais onde as infusões podem ser feitas, mas normalmente ocorrem em clínicas oncológicas, onde se realizam sessões de quimioterapia. Não existe um espaço específico para pacientes com doenças inflamatórias”, explica o professor titular de Gastroenterologia da FMABC, Wilson Roberto Catapani.

De acordo com o especialista, o centro foi pensado para oferecer atendimento multidisciplinar, com equipe composta por gastroenterologista, psicólogo, nutricionista e enfermeiro. “Antigamente as infusões eram feitas no centro oncológico e os pacientes reclamavam porque ficavam deprimidos de ver as pessoas com câncer”, explica a enfermeira e supervisora do centro, Patrícia Theosotto Vaz.

Com aplicações que possuem duração média de duas horas, o local procura humanizar o acolhimento, colocando à disposição dos pacientes livros, revistas e filmes. É uma forma de tornar o tratamento menos desagradável.

O Cetap está aberto gratuitamente a qualquer pessoa que tenha sido diagnosticada com doença de Crohn e retocolite ulcerativa ou que tenha suspeita de inflamação intestinal. Interessados devem entrar em contato pelo telefone 4993-5416.

Atualmente o Núcleo de Doenças Inflamatórias possui cerca de 400 pacientes. Desse total, de 80 a 100 pessoas realizam tratamento com medicação intravenosa.

CAUSA

Segundo Catapani, ainda não se sabe a origem das doenças, mas pesquisas revelam que fatores genéticos aceleram o desenvolvimento de ambas. Problemas psicológicos e estresse ajudam a aumentar o aparecimento de sintomas. A estimativa é que as enfermidades atinjam uma a cada 3.000 pessoas.

Neste ano, o Gediib (Grupo de Estudos sobre Doenças Inflamatórias Intestinais do Brasil) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia lançaram a campanha Seu Intestino Mudou?, cujo objetivo é tratar das doenças o quanto antes para evitar complicações.

Diagnóstico exige adaptações no dia a dia

Pacientes que descobrem ter doença de Crohn ou retocolite ulcerativa dizem que a vida muda após o diagnóstico por conta de uma série de hábitos que precisam ser deixados para trás e outros que devem ser incorporados ao dia a dia.

A secretária Maria Aparecida Alves de Melo, 38 anos, precisou de anos para aceitar a doença de Crohn, diagnosticada em 2002. “Tive que reaprender a viver. Deixei de comer coisas como feijão, grãos, frios e embutidos. Tenho que conviver com o envelhecimento precoce e as dores na articulação. No começo achava que ia morrer”, desabafa.

Também diagnosticado com doença de Crohn, o comerciante Luiz Carlos Pereira, 55, hoje leva com tranquilidade o problema com o qual convive desde 2005. “A gente tem que se acostumar com as mudanças da vida”, afirma.

Em relação ao centro de terapia, ambos aprovaram o projeto. “Me sinto muito bem aqui, é importante ter um lugar tranquilo para tratamento”, destaca Maria Aparecida.

Para Luiz, que iniciou terapia intravenosa há pouco tempo, a iniciativa é excelente. “O atendimento aqui é muito bom, estão de parabéns”, elogia.




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