Política Titulo Editorial
Nó difícil de desatar
Do Diário do Grande ABC
19/10/2017 | 12:41
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O nó viário que os motoristas enfrentam diariamente nas principais vias das sete cidades do Grande ABC não é provocado apenas por uma frota gigantesca de 1,8 milhão de veículos – sem contar os de fora que circulam por aqui –, em que pese, obviamente, nem todos estarem nas ruas ao mesmo tempo. E também não é apenas pela falta de investimento em obras e programas de mobilidade urbana que se perde horas no trânsito.

Agrava o caos viário o fato de que nada menos do que 662 mil veículos – ou 36% de toda a frota regional; na Capital o índice é de 35% – que rodam pelas ruas da região têm mais de 20 anos de uso, o que aumenta o risco de panes que impactam diretamente nas condições do tráfego. Para se ter ideia do problema, especialista aponta que um veículo quebrado em uma avenida por onde passam 1.800 veículos por hora pode ter como resultado um congestionamento de cinco quilômetros caso o guincho demore 30 minutos para fazer o socorro.

A situação pode até vir a piorar nos próximos anos, no rastro da crise econômica que afugenta os consumidores dos financiamentos de longo prazo para adquirir um veículo novo, segundo a ótica do especialista. Sobretudo porque, avalia, o próprio governo criou mecanismos que incentivam manter um carro antigo, caso da isenção no pagamento de IPVA para quem possua veículo com mais de 20 anos de fabricação. Talvez esteja aí uma explicação para os índices do Grande ABC, região industrialmente forte, mas que foi assolada pela abertura econômica do início dos anos 1990 e que viu milhares de empregos serem ceifados e empresas, fechadas.

A boa notícia, pelo menos em termos de possibilidade de geração de empregos na cadeia automotiva, a principal propulsora da economia regional, está relacionada ao otimismo do novo presidente e CEO da Volkswagen no Brasil e na América do Sul, o argentino Pablo Di Si. Segundo ele, a venda de veículos deve aumentar cerca de 40% em quatro ou cinco anos, o que pode gerar postos de trabalho e esquentar a economia. Do outro lado, porém, é preciso criar mecanismos para incentivar motoristas a se livrarem dos veículos antigos, sob pena de o caos viário aumentar com mais carros nas ruas. 




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