Economia Titulo Dia das crianças
Indústria de brinquedos cresce, apesar da crise

Fabricantes da região esperam alta de até 20%, por
causa do dólar, que torna competitivo item nacional

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/10/2015 | 07:15
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André Henriques/DGABC


A valorização do dólar, que chegou, nos últimos dias, à marca de R$ 4, trouxe ânimo novo às indústrias de brinquedos, mesmo com a crise econômica que assola o País. Empresas do ramo instaladas na região já calculam crescimento de até 20% nas vendas para o Dia das Crianças deste ano em comparação com 2014 por causa da taxa cambial, que gerou mais competitividade aos fabricantes nacionais frente aos produtos importados.

É mais até do que prevê a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), que projeta alta de 12% nas vendas neste ano, por causa da expectativa de aumento de participação do produto nacional do mercado.

A melhora dos resultados é esperada apesar da alta na inflação, que encarece o custo de vida, reduz o poder do consumo da população e exige mudanças no foco de algumas empresas do ramo. Pesquisa de intenção de compras para o Dia das Crianças realizada pela Universidade Metodista de São Paulo mostra que o tíquete médio (valor gasto por produto) da região ficará em R$ 153,40 neste ano, 12% menos que em 2014, por causa da crise.

A Gulliver, de São Caetano, prevê o incremento de 20% nas vendas para a data, que é a principal para a atividade. A empresa também ampliou o quadro de funcionários diretos, de 80 para 100, nos últimos dois meses. Para o diretor de marketing da companhia, Luís Rodrigo Lavin, a mudança do patamar do câmbio, que em janeiro estava em R$ 2,60 e se valorizou mais de 50% de lá para cá, começou a afetar positivamente o segmento. “Muitos brinquedos já tinham sido importados com outro valor de dólar, mas daqui para frente o mercado vai cair para os itens de fora e 2016 promete ser até melhor”, disse.

Segundo ele, grandes redes do comércio que tinham departamento de importação direta estão reestruturando seu mix de produtos, e devem ampliar bastante a participação dos brinquedos nacionais nas lojas neste fim de ano. “Estamos preparando produtos exclusivos para essas redes”, afirmou.

MAIS BARATO - O dólar alto inibe principalmente a entrada de produtos de baixo valor agregado, que tem margens de lucro menores, assinala Kleber Tadeu Vieira, encarregado da área financeira da pequena Artoys, de Santo André, que existe há 17 anos (foi fundada com o nome de Royoplast e, no ano passado, mudou), tem 13 empregados diretos e faz carrinhos, motos e outros itens de plástico para o segmento popular – com preços na faixa de R$ 1,50 a R$ 10 no atacado. Ele projeta volume de vendas também ligeiramente acima (2%) das de 2014. Segundo Vieira, a conjuntura favorece a produção local e, por isso, a empresa se prepara para reforçar a linha de produtos.

A Gulliver, por sua vez, redirecionou neste ano seu foco para produtos abaixo de R$ 100, como itens de linha pré-escolar (cadeira de blocos, casinha e carrinho com peças de encaixar e que ensinam cores e formas), que têm preços sugeridos ao varejo entre R$ 39,90 e R$ 79,90.

Outra aposta da fabricante, que deve chegar às lojas neste fim de ano, é o relançamento do Forte Apache, que já está no mercado há 50 anos. Esse produto custa ao consumidor na faixa de R$ 120 a R$ 140. “Um similar (importado de outras marcas) chega a R$ 350”, destacou.

Na nova estratégia da empresa, os licenciamentos de personagens perderam espaço, por causa do alto custo. Lavin cita que desenhos da Disney chegam a ter 15% de royalties, o que é elevado, em tempos de crise e de margens apertadas, que não superam 10%. “Apostamos mais na linha educativa.”

TABULEIROS - Outra empresa da região que também aposta em produtos voltados a educação é a Ludens Spirit, de Santo André, que faz jogos de tabuleiro para atender desde crianças em idade pré-escolar até adultos.

Apesar da crise da economia do País, as vendas para o Dia das Crianças também surpreenderam positivamente (o percentual de crescimento não foi divulgado) a fabricante, que existe há 10 anos, tem quadro de 15 funcionários e fabrica produtos com preços que vão de R$ 30 a R$ 99.

Além do foco educacional, seus jogos também têm atraído muitos colecionadores. Outro diferencial é o atendimento a empresas de treinamento e clínicas. A Ludens aposta também nas vendas on-line e se prepara para ampliar a linha de jogos para oferecer mais opções aos clientes.
 




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