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Genoino renuncia ao mandato de deputado

Por ter declinado primeiro convite, vice-prefeito de Mauá, Helcio Silva, não foi convocado para vaga

Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
04/12/2013 | 07:00
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Na intenção de reduzir o desgaste para o PT das prisões no Mensalão, o deputado José Genoino (PT-SP) renunciou ao mandato para escapar de um processo de cassação na Câmara. A decisão foi tomada após consulta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente da legenda, Rui Falcão, e anunciada no meio da reunião da mesa diretora quando já havia votos para abrir o procedimento disciplinar. Genoino, assim, escapa da cassação e volta a receber uma aposentadoria de R$ 20 mil que tinha pelos mandatos anteriores.

A notícia da renúncia caiu como uma bomba em Mauá. O vice-prefeito e primeiro suplente do PT na Câmara dos Deputados, Helcio Silva (PT), achou que seria convidado novamente para assumir a cadeira e começou a consultar pessoas do seu grupo sobre a vantagem de se mudar para Brasília. Porém, o mauaense não foi chamado porque ele já havia declinado o convite em outubro, quando Genoino tirou licença médica. Na ocasião, Helcio alegou impedimento pessoal para ficar no Paço. Renato Simões (PT) fica com a vaga deixada pelo ex-deputado petista.

A possibilidade da renúncia foi levantada pelos petistas após a constatação de um quadro negativo para a reunião da mesa. Contados como possíveis aliados, os deputados Maurício Quintella Lessa (PR-AL) e Simão Sessim (PP-RJ) sinalizaram que não poderiam acompanhar a estratégia do PT de impedir a instalação do processo enquanto Genoino estivesse de licença médica, o que ocorrerá no mínimo até 25 de fevereiro.

Num debate prévio no gabinete do vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), os deputados do partido conversaram com Genoino e ouviram dele a intenção de deixar o cargo para evitar constrangimentos. Todos criticaram a postura do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que, na visão deles, fez campanha para a abertura do processo. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Décio Lima (PT-SC) sugeriu que poderia protelar o caso e adiar o fim do processo. Avaliou-se, porém, que uma longa exposição desgastaria o partido e o próprio Genoino, devido a seus problemas de saúde.

Líder do PT e irmão de Genoino, José Guimarães (CE) disse que entrou na reunião da mesa durante a votação para entregar o documento a André Vargas, sinalizando que a renúncia foi decidida na hora final. Quando três deputados já tinham votado pela abertura do processo, Vargas, apoiado apenas por Antonio Carlos Biffi (PT-MS), interrompeu e questionou o presidente da Câmara se ele também se posicionaria a favor do procedimento. Ao receber a confirmação, Vargas sacou a carta de renúncia. Na carta de renúncia, Genoino destaca seus 25 anos na Casa, os 45 anos de vida pública e afirma que faz agora uma “breve pausa nessa luta”. Diz que seu processo de cassação foi transformado em “espetáculo” e reiterou sua inocência. “Não pratiquei nenhum crime, não dei azo a quaisquer condutas, em toda minha vida pública ou privada, que tivesse o condão de atentar contra a ética e o decoro parlamentar”, diz trecho.




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