A partir de março, cerca de 31 mil meninas entre 10 e 11 anos deverão ser imunizadas gratuitamente no Grande ABC contra o HPV (papilomavírus humano), relacionado a praticamente 100% dos casos de câncer de colo de útero, segundo a Abptgic (Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia). O anúncio foi feito pelo Ministério da Saúde no dia 1º.

A 27ª vacina oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde) beneficiará apenas essa faixa etária porque, de acordo com o Ministério da Saúde, a imunização é mais eficaz em pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual e, portanto, não tiveram contato com o vírus, já que a contaminação pelo HPV é uma DST (doença sexualmente transmissível).

“É uma conquista inestimável. A incidência de câncer de colo de útero é muito alta no Brasil, embora seja uma doença prevenível e evitável. Ficamos muito felizes com a iniciativa porque mostra que as campanhas ajudaram a conscientizar gestores públicos”, avalia o presidente da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo) Regional ABC e professor de Ginecologia e Obstetrícia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Fernando Sansone.

Embora daqui a alguns anos a vacinação aponte queda nos índices de casos de câncer de colo de útero, ela não é a única forma de prevenção. “A imunização deve ser somada a outros métodos preventivos. É fundamental que a mulher continue fazendo o exame de papanicolau periodicamente e utilize preservativo durante as relações sexuais”, alerta Sansone.

No Estado, a expectativa é imunizar 80% do público-alvo formado por cerca de 650 mil pré-adolescentes; já no Brasil, são 3,3 milhões de meninas entre 10 e 11 anos. Serão investidos R$ 360,7 milhões na compra de 12 milhões de doses.

A vacina disponível na rede pública é quadrivalente e previne contra quatro tipos de vírus do HPV (6, 11, 16 e 18), em um universo que envolve mais de 100. “Os vírus 6 e 11 provocam verrugas genitais e o 16 e 18 são os responsáveis pelos maiores índices de câncer de colo de útero”, explica a ginecologista e diretora da Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Caetano, Eliete Sanches de Almeida.

A proteção será feita em três doses, aplicadas com autorização dos pais e responsáveis das pré-adolescentes. Após a primeira vacina, a segunda deverá ocorrer em dois meses e a terceira, em seis meses a partir da primeira dose. Para atingir mais rapidamente o público-alvo e ampliar a adesão à vacina, a estratégia do Ministério da Saúde é imunizar tanto nos postos de Saúde quanto nas escolas.

Vacinação é importante em todas as idades

Estudos mundiais revelam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento da vida. Por isso, especialistas aconselham que independentemente da idade, as mulheres devem ser vacinadas contra o vírus. "Caso a paciente já tenha tido contato com um tipo de HPV, ela deve tomar a vacina para prevenir outros”, recomenda o presidente da Sogia-BR (Sociedade Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência), José Alcione Macedo Almeida.

“Mulheres na casa dos 40 anos estão se separando e se relacionando com outras pessoas e é muito importante que também se previnam”, acrescenta Eliete Sanches de Almeida. Em laboratórios particulares, as três doses obrigatórias para imunização total variam de R$ 800 a R$ 1.000.