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A buzina e suas funções
Rodolfo de Souza
26/04/2018 | 07:00
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Todo indivíduo, ao tirar sua habilitação, aprende que a buzina é equipamento instalado no veículo com a finalidade de alertar alguém de sua presença no pedaço. Seja este condutor de outro veículo ou pedestre distraído que, nos dias de hoje, tem toda a sua atenção voltada para a tela do celular, esquecendo-se de que automóveis existem e de que as ruas foram concebidas exclusivamente para eles.

Sabe-se que a buzina serve ainda para avisar uma pessoa da sua chegada num endereço previamente combinado; que deve ser acionada dentro do túnel, contrariando o aviso da placa que pede para não buzinar; também para empurrar o sujeito da frente quando este se recusa a soltar o freio de mão e você está atrasado para o trabalho; para o entregador de pizza avisar que é chegada a hora de forrar o estômago... Ah! Motos são equipadas com buzinas indestrutíveis, à prova até de motoqueiros apressados e nervosos.

Buzina também é indispensável quando o semáforo abre e o nervozinho detrás a aciona antes que o que vai à frente sequer tenha tempo de colocar a primeira e arrancar.

Aprende rápido também o novato do sexo masculino que o instrumento pode perfeitamente ser usado para exaltar a beleza da garota que anda pela calçada, mas que não lhe dá a menor atenção por causa do fone de ouvido, outro componente do aparelho celular que não lhe permite ouvir buzina e motor quando o carro se aproxima. Não é capaz, inclusive, de perceber o olhar faminto de quem vai ao volante.

Qual torcedor de futebol, então, não adora deixar rouca a buzina do seu possante quando seu time do coração ergue a taça do campeonato? É mais do que pretexto também para a pessoa que busca o sossego, nessas horas, tapar os ouvidos, expressar todo o seu desalento, e rogar uma praga nos homens que inventaram a buzina e o futebol.

Definitivamente não pensou em tanta utilidade para a buzina o inventor, que só pensava na segurança de condutor e pedestre. Velhos tempos! 

Mas os avanços foram tantos, desde que se criou essa máquina fenomenal chamada, a princípio, de automóvel, que as feras do asfalto passaram a utilizar a sua perícia para dirigir mais rápido do que o necessário, estacionar em local proibido, avançar o sinal fechado e ainda usar a buzina para impedir de entrar na sua frente um carro que já entrou, ou ainda dissuadir da ideia de cruzar a rua antes dele, alguém que já a cruzou. Ué!!

Talvez um psiquiatra saiba explicar, desde que não seja um desses malucos, claro. Afinal, um sujeito toma, de forma brusca a sua frente, impedindo a sua passagem. E você, que dirige, se vê repentinamente obrigado a frear. Pronto, o tempo e o incidente passaram, logo, de nada adianta acionar nervosamente a buzina, tendo em vista que a navalhada já foi executada com destreza pelo outro e o fato está consumado. Assim, o som produzido pelo seu ódio pessoal e momentâneo contra aquele não tem o poder de reverter a situação, por mais que você deseje pegá-lo pelos colarinhos e trazê-lo de volta, na marra. Um palavrão dito compassadamente e com ótima dicção, este também só fará doer os ouvidos de quem, eventualmente, o acompanhe.

Ilude-se, pois, o motorista estressado que imagina outras funções para a buzina, senão a de alertar para que algo seja evitado, não evitar que ocorra um fato acontecido.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. 

É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: sourodolfosou@gmail.com




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