Economia Titulo Metalúrgicos
Acordo é rejeitado por funcionários da Mercedes

Proposta previa redução de carga horária e de salários, além de possibilidade de readmissões

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
04/07/2015 | 07:07
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Nario Barbosa 29/5/2015


Funcionários da fábrica de São Bernardo da Mercedes-Benz rejeitaram a proposta de acordo que previa redução de 20% na jornada de trabalho e de 10% nos salários. A votação ocorreu na quinta-feira, mas o resultado só foi divulgado ontem. Cerca de 7.600 funcionários participaram da consulta, sendo que 73,8% recusaram a oferta patronal. A produção na unidade está suspensa até o dia 10.

O principal objetivo do acordo era solucionar a situação de aproximadamente 300 colaboradores que estavam em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) e foram dispensados no início do mês passado. Motivados pela queda nas vendas de ônibus e caminhões, os cortes atingiram 500 pessoas, mas cerca de 200 aderiram a PDV (Programa de Demissões Voluntárias) e deixaram a empresa.

A proposta previa estabilidade de emprego até junho do ano que vem, além de abertura de mais um PDV, destinado a aposentados na ativa e a funcionários que possuem doenças laborais. Para cada adesão, um dos 300 demitidos seria readmitido. A montadora possui excedente estimado em 2.000 empregados.

“Essa foi a proposta possível após as rodadas de negociação. Além de contemplar o excedente interno, atendia aos trabalhadores demitidos”, comenta o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Ângelo Máximo Pinho, o Max, que é funcionário da Mercedes. A partir de agora, novas reuniões deverão ser feitas para tentar chegar a um acordo. Em nota, a montadora diz que “terá de buscar outras alternativas” para solucionar o problema de excesso de mão de obra na fábrica. A empresa não respondeu se pretende abrir outro PDV.

Mesmo diante da rejeição da proposta, os trabalhadores demitidos decidiram encerrar o acampamento montado em praça localizada no bairro Pauliceia, em São Bernardo, e que durava quase um mês. Segundo Max, nos próximos dias serão feitas reuniões com o grupo para definição de novas estratégias de mobilização.

A direção do sindicato aguarda que o governo federal anuncie a criação do PPE (Plano de Proteção ao Emprego), que permite a redução temporária da carga horária em até 30% durante momentos de crise econômica, e, consequentemente, diminuição dos salários. Entretanto, metade do valor cortado seria coberto com verba do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O pacote ainda está em tramitação no Planalto.

GENERAL MOTORS - Está programado para quinta-feira o retorno de 819 funcionários da fábrica da GM em São Caetano que estão em lay-off desde novembro. Entretanto, de acordo com o vice-presidente do sindicato dos metalúrgicos da cidade, Francisco Nunes, a empresa ainda não confirmou se esses empregados irão, de fato, voltar ao trabalho. A única garantia é de que, em caso de demissão, será pago valor referente a seis salários.

Grande número de suspensos segue se queixando de descontos indevidos ou de que não receberam o pagamento, apesar de não terem superado o percentual máximo de 25% de ausência nos cursos de qualificação.

CAMPANHA SALARIAL - A FEM (Federação Estadual dos Metalúrgicos) entregou ontem a pauta de reivindicações da categoria à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e ao Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores).

As negociações entre sindicalistas e patrões deverão ocorrer entre julho e agosto e afetarão cerca de 205 mil trabalhadores de regiões do Estado cujo sindicato é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores). No Grande ABC, são 60 mil pessoas, aproximadamente. Não estão incluídos na campanha salarial os funcionários de montadoras, pois, nesses casos, os acordos são feitos diretamente com as empresas.

O presidente da FEM, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, reconhece que as negociações deste ano deverão ser difíceis, em razão do momento de retração econômica e da queda na produção industrial. “As empresas já estão dizendo que a situação está difícil. A expectativa é de que o processo de negociação seja mais demorado do que em anos anteriores”, comenta. A data-base da categoria é em 1º de setembro. “O nosso objetivo é apresentar alguma proposta para votação dos trabalhadores até a primeira quinzena de setembro, mas não sei se será possível.” 




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