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Brasil verdadeiro, Brasil virtual

No Brasil virtual, mostrado no horário gratuito, Dilma elogia muito o programa de Saúde do presidente Lula

Por Carlos Brickmann
01/09/2010 | 00:00
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No Brasil virtual, mostrado no horário gratuito, Dilma elogia muito o programa de Saúde do presidente Lula (que ele, aliás, já disse que estava "quase perfeito"). Dilma mostrou um ótimo hospital infantil, referência internacional.

No Brasil real, uma garotinha de dois anos, Milena, caiu do sexto andar. E não estava numa região remota, num dos grotões do fundo do sertão: estava em Brasília, a Capital, lugar onde Dilma trabalha. No hospital público a que foi levada - o Hospital de Base, aquele que, lembram?, atendeu Tancredo Neves - os dois aparelhos de tomografia estavam com defeito. Não havia disponibilidade em nenhum outro hospital público. Ela foi levada, de ambulância particular, a um hospital particular, para fazer o exame. Felizmente, foi só uma perna quebrada.

Agora sabemos por que, no Brasil real, Dilma se trata em hospital particular.

No Brasil virtual, o do horário eleitoral, Serra visitou uma favela, foi muito bem recebido, apresentou suas promessas. No Brasil real, a favela era falsa: apenas um cenário, para que o candidato não precisasse entrar nesses lugares.

No Brasil virtual, Dilma e Serra são contra a corrupção. No Brasil real, Dilma está aliada a Collor, afastado da Presidência depois dos casos da Fiat Elba e de PC Farias. Serra está aliado a Joaquim Roriz, que renunciou ao Senado para não ser cassado pela acusação de desvio de verbas do BRB, o banco brasiliense.

Brasil virtual: Dilma e Serra se dizem experientes. Brasil real: Dilma finge crer que o PMDB a apoia sem exigências. E Serra finge crer que Aécio o apoia.

AGORA, VAI!
O problema da moradia para as populações carentes acaba de chegar ao fim: o presidente Lula, num encontro com favelados da Zona Sul do Rio e o governador Sérgio Cabral, propôs que o nome "favela" seja banido das cidades brasileiras. De agora em diante, sugere, "que tudo seja bairro". Beleza! Fome, por exemplo, desaparece e passa a ser chamada de "dieta". Esgoto a céu aberto se transforma em "água corrente sendo despoluída pela exposição ao Sol". Barraco vira "casa construída com material heterodoxo". Mudou o nome. Só ficou o fato.

RODA VIVA
E, por falar em entrevista, Marília Gabriela, com Augusto Nunes e Paulo Moreira Leite, foi um espetáculo à parte na estreia do novo formato de Roda Viva, da Rede Cultura. O entrevistado, Eike Batista, é um empresário obcecado em se tornar o homem mais rico do mundo. Marília Gabriela soube deixá-lo à vontade, contando coisas que nenhum empresário costuma contar em público - por exemplo, que contribui para as campanhas dos principais candidatos porque não gosta de ter problemas pela frente.

LENDAS URBANAS
A propósito, Heródoto Barbeiro continua na Cultura, Gabriel Priolli continua na Cultura. Nenhum dos dois foi demitido (o que vive sendo espalhado na Internet pelos adversários de Serra). Da mesma forma, Alexandre Garcia continua na Globo, Arnaldo Jabor continua na Globo. Nenhum dos dois foi demitido (o que vive sendo espalhado na Internet pelos adversários de Dilma). E o livro O Chefe, do jornalista Ivo Patarra, de denúncia do Governo Lula, não foi proibido: está na Internet há anos, para leitura gratuita, e acaba de ser editado em papel.

DILMA X LULA
Na entrevista ao Jornal da Globo, Dilma disse que Lula participou da negociação que levou Cuba a libertar alguns presos políticos. Apresentou-o como "responsável pela soltura". Lula, no momento em que o acordo foi anunciado, declarou que não estava a par das negociações da Igreja com os cubanos. Quem fala a verdade?

O PAPEL DE CADA UM
A empresa de que Dilma Rousseff foi sócia em Porto Alegre, para vender produtos vindos do Panamá, e que durou pouco menos de dois anos, chamava-se Pão e Circo. Os outros sócios, imagina-se, cuidavam da parte do Pão.




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